MENU

BUSCA

Jovem denuncia comerciante que disse não querer 'macumbeiro' em vaga de emprego

Depois da conversa, a garota publicou os prints nas redes sociais e o caso repercutiu

Luciana Carvalho

Uma jovem de 17 anos denunciou um ato de intolerância religiosa durante uma entrevista de emprego. O dono de uma barraca, onde ela trabalharia, questionou qual religião ela seguia, pois ele não queria contratar ‘nenhum tipo de macumbeiro’. As informações são do G1 Santos.

A adolescente iria se candidatar para trabalhar em uma barraca que vende pipocas e batata fritas. Conforme descrito no anúncio, publicado nas redes sociais, a vaga seria para trabalhar no Centro da cidade, das 16h30 às 01h, por R$ 70,00.

A estudante entrou em contato com o proprietário da barraca através de um aplicativo de mensagens. Entre as perguntas feitas por ele estavam: idade, onde mora e qual a religião, que seria um dos requisitos principais para preencher a vaga.

VEJA MAIS

Delegada garante que o Pará tem 'combate incisivo' contra o racismo e intolerância
Entenda a diferença entre injúria racial e o crime de racismo "pleno" e como denunciar crimes racistas, LGBTfóbicos e intolerantes

Intolerância religiosa: Pará teve quase 700 ataques registrados em 2022
Prática é melhor definida como "racismo religioso", por estar atrelada especialmente à matriz africana, pontua pesquisadora

Empresa indenizará ex-funcionária por obrigá-la a rezar 'pai-nosso'; valor será de R$ 10 mil
A situação foi insuportável para a funcionária da empresa de equipamentos odontológicos, ao longo de dois anos, que a colaboradora pediu demissão

“Eu estranhei a pergunta. Pensei que se referia a região e que talvez o corretor do empregador estivesse trocando as palavras. Então, perguntei se era religião e ele confirmou que sim”.

Durante a entrevista online, o homem ainda disse: ‘não quero nenhum tipo de macumbeiro na minha barraca’. A jovem ressaltou que achou a afirmação do homem um absurdo e, por este motivo, ela desistiu da vaga.

“Isso me indica o tipo de pessoa que ele é. Se para ele a religião da pessoa é mais importante do que o caráter e o profissionalismo, me recuso a trabalhar em um ambiente que não exista o respeito. Me senti indignada, pois embora a religião que ele ofendeu não seja a minha, acho que devemos ter o mínimo de respeito com o próximo, seja por religião ou opção sexual. Isso não define quem somos como profissionais”, desabafou.

O caso aconteceu em em Bertioga, no litoral de São Paulo e depois da conversa, a garota publicou os prints nas redes sociais e o caso repercutiu. Segundo ela, o dono da barraca apagou as mensagens e não se desculpou pelas palavras. “Ele não entrou em contato e eu não dei abertura para isso. Acredito que ele não deva desculpas somente para mim, pois muitos moradores [de Bertioga] entram em contato e receberam as mesmas perguntas e outras até piores”.

A jovem relatou também que, até o momento, ela não denunciou o caso para as autoridades policiais, mas pretende fazer. “Acredito que denunciar seja o melhor a se fazer, mas estou pensando a respeito, para que isso não aconteça futuramente com outras pessoas”.

(Luciana Carvalho, estagiária da Redação sob supervisão de Keila Ferreira, Coordenadora do Núcleo de Política).