Internado, advogado participa de audiência no hospital após juiz negar adiamento
O advogado participou da audiência, mesmo hospitalizado, com o uso de oxigênio e medicações constantes
O advogado criminalista Flávio Grossi precisou participar de uma audiência virtual da cama de um hospital, nesta quarta-feira (11), após o juiz José Álvaro Machado Marques, da 4ª Auditoria da Justiça Militar do Estado de São Paulo, negar o pedido de adiamento, mesmo após o advogado apresentar declaração médica indicando seu estado clínico.
A petição urgente informando o estado de saúde do advogado foi apresentada na segunda-feira (9). Flávio teve de ser internado por conta de graves lesões pulmonares, com suspeita de infecção pelo novo coronavírus. No entanto, o juiz indeferiu o pedido porque as intimações de audiências virtuais demandariam "diversos esforços", considerando as "metas estabelecidas pelo CNJ para o Julgamento dos feitos".
Flávio afirmou que, por se tratar de um processo muito grave, não poderia deixar seus clientes sem representação em audiência de interrogatório do réu. O advogado disse, ainda, que segue internado, aguardando alta hospitalar.
Entenda o caso
O advogado figura como assistente de acusação em processo que envolve ação da Polícia Militar em um bloco de carnaval. São quatro crimes imputados a um sargento da PM, e Flávio representa duas vítimas no processo.
Após audiências presenciais serem adiadas, devido à pandemia da covid-19, o encontro virtual foi agendado para a quarta-feira, com o fim de ouvir a testemunha e interrogar o réu.
Próximo à data da audiência, Flávio foi internado e apresentou a petição urgente informando ao juiz que tem asma severa. Também que, após exame, constatou graves lesões em ambos os pulmões e teve de ser internado imediatamente sem previsão de alta.
"Após urgentes exames laboratoriais e de imagem, a equipe médica constatou a existência de graves lesões em ambos pulmões do Peticionário, que podem indicar infecção pelo Sars-CoV-2 (chamado corononavírus), causador da Covid-19. Tendo em vista que sou portador de asma severa, a conduta médica mais adequada foi a internação imediata, sem previsão de alta (doc. 01). (...) Muito embora a audiência aprazada seja virtual, parece-me pouco profissional e desrespeitoso com todos os presentes a participação do ato em quarto de hospital, fazendo uso de aparelhos e medicações que atrapalham a fala e raciocínio. Além, as vítimas habilitadas como Assistentes de Acusação podem se ver prejudicadas", dizia um trecho da petição.
No entanto, a resposta do juiz, enviada por e-mail, foi que de que a audiência seria mantida.
O advogado informou, em seguida, que participaria a audiência, mesmo hospitalizado, com o uso de oxigênio e medicações constantes. Flávio lamentou que "percalços inerentes ao trabalho sejam mais importantes que a saúde deste causídico".
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