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Como vai ser o GPS brasileiro? Veja tudo o que se sabe até agora sobre o projeto do governo

Governo cria grupo técnico para estudar sistema nacional de geolocalização e reduzir dependência do GPS dos Estados Unidos

Hannah Franco

O Brasil pode estar dando um passo importante rumo à independência tecnológica em geolocalização. O governo federal anunciou a formação de um grupo técnico para estudar a criação de um sistema nacional de navegação por satélite, uma espécie de "GPS brasileiro", para reduzir a atual dependência do país em relação ao sistema operado pelos Estados Unidos

A medida foi oficializada em 1º de julho, com a publicação de uma resolução no Diário Oficial da União (DOU), e prevê um prazo de 180 dias, prorrogáveis por mais 180, para que o grupo entregue suas conclusões. A decisão acontece em meio a um cenário de tensão diplomática com os Estados Unidos. Veja tudo o que se sabe sobre o GPS brasileiro.

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O que é e o que faz o GPS?

O GPS é um sistema de posicionamento por satélite criado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos nos anos 1970, originalmente para fins militares. Hoje, é amplamente usado no mundo inteiro em celulares, carros, aviões, navios, drones, serviços de entrega e até no controle do trânsito urbano.

A tecnologia funciona com uma constelação de satélites que orbitam a Terra e enviam sinais para receptores, como os que estão nos celulares e sistemas de navegação. Por meio de um processo chamado triangulação, o receptor calcula sua posição exata com base na distância de pelo menos três satélites, determinando localização, velocidade e horário com alta precisão.

Por que o Brasil quer seu próprio sistema?

Atualmente, o Brasil depende quase totalmente do sistema GPS dos Estados Unidos, usado em setores como aviação, transporte, agricultura, telecomunicações e até no funcionamento de semáforos.

Nas últimas semanas, a preocupação ganhou força com o anúncio de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros pelo presidente americano Donald Trump. Nas redes sociais, internautas passaram a debater a possibilidade de o acesso ao sinal do GPS ser restringido ao Brasil — o que, mesmo improvável, acendeu o alerta sobre a falta de alternativas nacionais.

O que o grupo técnico vai fazer?

Coordenado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o grupo terá representantes de diversos órgãos estratégicos, como:

  • Ministério da Defesa
  • Gabinete de Segurança Institucional da Presidência
  • Comando da Aeronáutica
  • Agência Espacial Brasileira (AEB)
  • Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
  • Anatel
  • FINEP
  • Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil, entre outros.

As atribuições incluem:

  • Diagnosticar as vulnerabilidades do Brasil por depender de sistemas estrangeiros;
  • Avaliar rotas tecnológicas e capacidades industriais já instaladas;
  • Propor formas de fomento para o desenvolvimento nacional de um sistema próprio;
  • Estudar opções de parceria e integração com outros sistemas globais ou regionais.

Qual a diferença entre GPS e GNSS?

Apesar de popular, o termo “GPS” é frequentemente usado de forma incorreta. GPS (Global Positioning System) é o nome do sistema de navegação por satélite dos Estados Unidos, enquanto o termo técnico mais amplo é GNSS (Global Navigation Satellite System), que se refere a qualquer conjunto de satélites usado para serviços de geolocalização.

Além do GPS americano, existem outros sistemas globais já em operação, como:

  • Glonass (Rússia)
  • Galileo (União Europeia)
  • BeiDou (China)

Há ainda sistemas regionais, como o NavIC (Índia) e o QZSS (Japão). O Brasil pode utilizar essas constelações em seus dispositivos, mas ainda não possui um sistema próprio.

Quando o Brasil terá seu próprio GPS?

Ainda não há prazo definido para a criação do sistema. O grupo técnico terá como missão principal elaborar os estudos iniciais e apresentar propostas concretas para que o governo decida os próximos passos. Por ser um projeto de alta complexidade tecnológica, a implementação pode levar anos, dependendo do investimento, da cooperação internacional e da infraestrutura disponível.

Enquanto isso, o país seguirá utilizando os sistemas internacionais disponíveis.