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Belém 408 anos: belenenses falam da relação de carinho com praças Batista Campos e da República

Áreas verdes foram idealizadas por Antônio Lemos para dar uma nova cara e sanear a cidade, no início do século XX

Ádria Azevedo | Especial para O Liberal

Antônio Lemos, quando intendente de Belém (cargo correspondente ao atual prefeito), foi responsável por várias intervenções urbanísticas, que buscavam aproximar a cidade, em estética e progresso, dos grandes centros europeus. Entre elas, estão duas praças que são cartões-postais da capital paraense: Batista Campos e da República.

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O aposentado José Olímpio é o atual presidente dessa associação. Ele explica que ela foi criada por um grupo de amigos que utilizam o espaço para o bem-estar, realizando exercícios físicos e contemplação. “Nós percebemos que, se a gente juntasse mais pessoas, teríamos condições de contribuir com o poder público para ajudar a manter a praça, para não deixar depredar, educar as pessoas. E o que temos feito desde a criação da associação”, conta Olímpio.

Ele cita algumas ações de destaque do coletivo, como a doação de madeira para reforma do mobiliário da praça e a realização do concurso da barraca de coco mais limpa. “No concurso, eram dez critérios simples, mas que ajudavam a manter a limpeza da praça. Foi interessante porque o presidente da associação dos barraqueiros disse que ia participar e falar com todos os colegas para também participarem, porque, se a praça ficasse limpa, mais pessoas iriam até ela e mais coco ele venderia”, relata. 

Said Trindade vende coco no local há 35 anos e é um dos barraqueiros mais antigos. Começou com um carrinho de mão, dormindo na praça mesmo, e hoje tem carro, apartamento nas redondezas e uma família. Inclusive, conheceu a esposa na praça. “O pai dela tinha um carro de lanche aqui perto. Foi como a conheci, estamos juntos há 22 anos e temos dois filhos. Ela trabalha aqui também. Essa praça, para mim, significa tudo. Foi ela que me deu tudo, não penso em sair daqui”, explica.

República

Originalmente, a Praça da República era apenas um descampado, chamado Largo da Campina. Após surtos de doenças contagiosas como varíola e cólera, durante o século XVIII, o local se tornou um cemitério, onde eram enterradas pessoas das camadas populares. Após a desativação do cemitério, o espaço passou a abrigar um armazém de pólvora, o que lhe rendeu o nome de Largo da Pólvora. Na época do Império, recebeu o nome de Praça D. Pedro II. 

“É interessante destacar a Praça da República como verdadeiro lugar de modernidade, quando se iniciam obras que buscam tornar esse logradouro símbolo do que a elite dominante enxergava como moderno. Assim, foram construídos o Theatro da Paz, reconhecidamente réplica do Scala de Milão, e os pavilhões em ferro fundido adquiridos em catálogos com as forjas inglesas e francesas, aliadas à outros equipamentos públicos como bancos, balizadores, calçamento em pedras portuguesas e arborização e ajardinamento. A sucessão de práticas de modernização resultou no atual conjunto paisagístico repleto de objetos arquitetônicos de estilos distintos, como o clássico estilo imperial do Theatro da Paz e o Art Nouveau do Pavilhão de Música Santa Helena Magno”, esclarece George Lima, que estuda a história da arquitetura belenense no século XX.

O nome atual da praça veio ao fim de 1889, em referência ao novo regime recém-implantado no país e substituindo o nome alusivo ao antigo imperador. O movimento de mudança de nomes, apagando os que faziam relação com a monarquia, atingiu vários outros logradouros de Belém. 

Em 1890, foi lançada a pedra fundamental do que seria a construção mais central da praça: o Monumento à República, inaugurado em 1897. Com 20 metros de altura e feito em mármore e bronze, o monumento tem como figura central, em seu topo, Marianne, personificação da República francesa

A partir deste mesmo ano, sob a gestão de Antônio Lemos, um novo projeto urbanístico foi promovido pelo intendente, definindo os traçados e boa parte das estruturas encontradas até hoje.

Atualmente, a praça é local de passeio, de feirinha aos domingos e ponto de encontro de manifestações políticas e culturais. Por sua história e beleza, por abrigar o Theatro do Paz e pela proximidade com o Ver-o-Peso, é um importante espaço turístico da cidade.

Ana Claudia Souza é agente comunitária no município de Bonito. Ela conta que, sempre que vem à capital, costuma passear na Praça da República. “Sempre que eu venho a Belém, gosto de vir na praça, tomar uma água de coco. Estava agora no comércio e lá estava muito quente. Chegando aqui, o clima muda completamente. É bem arborizado, arejado, um espaço muito agradável”, opina.

Belém Pra Ver e Sentir