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Abrigo, exames e cirurgias: ídolo do Remo ajuda população e se declara: 'Belém é tudo na minha vida'

O ex-jogador Agnaldo de Jesus trabalha voluntariamente há 20 anos e sonha em montar uma associação para ajudar ex-jogadores

Fábio Will / O Liberal

A frase “não é só futebol” mais uma vez fez sentido com um ícone do futebol paraense. Sergipano de nascimento, paraense e morador de Belém de coração, o ex-jogador e ídolo do Remo Agnaldo de Jesus, realiza em Belém as retirada de certidões, RG e outros documentos, além de serviços de saúde, como exames, ressonância, tomografia, além de cirurgia, tudo isso de forma gratuita e com ajuda de amigos.

Agnaldo de Jesus, de 54 anos, chegou a Belém em 1992 para jogar no Remo. Atuou no clube em uma década mágica, lembrada até hoje como “década de ouro”, pelos títulos estaduais conquistados, jogos na Europa e disputas na Série A do Brasileiro. Passou também no Paysandu e marcou sua passagem com mais um título. Mas foi no Remo, em que iniciou a prática de doar parte do seu tempo e dinheiro para ajudar os mais necessitados.

Agnaldo, companheiros e funcionários do Remo sofriam com salários atrasados, eram três quatro meses de atraso, porém, nesse período, o ‘bicho’, premiação dada por partida, rendia altos valores e que livravam as dificuldades enfrentadas principalmente pelos funcionários que fazem o dia a dia do clube.

“O que me motivou a fazer essas ações sociais foram meus pais, que possuem corações enormes e o meu irmão, Adilson de Jesus. Sou Sergipano e eu e meu irmão tivemos uma criação em abundancia, de poder ajudar sempre o próximo. Mas isso me contagiou mais quando era atleta do Remo, quando estavam o Japonês, Eliezer (funcionários que trabalham até hoje no clube), e nessa época não tínhamos salários altos, mas tínhamos o famoso ‘bicho’, e tirávamos 10% de cada prêmio, dávamos para os porteiros, faxineiras, cozinheiras, as meninas da lavanderia. Eu também todo mês dava uma cesta básica para os 18 funcionários do clube, já que estávamos sempre com três, quatro meses de salários atrasados”, disse.

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A retribuição vem com sorrisos, saúde, amizade e carinho com Seu Boneco nas ruas, mas também chega em forma de alimento e um bilhete de agradecimento.

“Já fui retribuído com muitos gestos de carinho e amor. Como as pessoas sabem que o meu vínculo é a amizade, que não envolvo dinheiro em troca, um dia desses uma pessoa de Americano localidade próxima de Castanhal (PA), ela chegou com farinha, uma galinha caipira e deixou na porta de casa e foi em bora. Só deixou um bilhete dizendo para eu aceitar, em retribuição a tudo que fiz pelos pais dela. A única coisa que peço é que essas pessoas coloquem o meu nome em seus ciclos de orações, para que eu consiga ajudar cada vez mais”, contou.

Com 30 anos vivendo em Belém, Agnaldo se considera paraense e daqueles “enjoados”, como costuma falar, tanto que ganhou um apelido de sua esposa, que é a cara de um dos principais cartões portais da cidade. O ex-jogador citou a importância de Belém em sua vida e falou de como é o convívio fora da capital paraense e a forma como a população trata os mais carentes.

“Belém é tudo na minha vida. Minha única filha é paraense, já estou casado há 18 anos com uma paraense e aprendi a amar Belém de uma maneira incondicional. Já tive propostas para sair de Belém e não fui, isso tudo me contagiou. Minha esposa me chama de “Urubu do Ve-o-Peso”. Hoje só visito Sergipe (SE), mas nada mexe mais com o meu coração que Belém. Aqui a pessoa pede um prato de comida e ela recebe, em outros locais chamam a polícia ou batem o portão na sua cara, falo isso pois conheço, já morei em outros lugares, aqui o povo é acolhedor e é aqui que vou morrer”, finalizou.

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