Você sabe o que é 'Detox Digital'? Conheça benefícios de desligar da tecnologia
Pesquisa aponta que 77% das famílias brasileiras afirmaram que, nos últimos 12 meses, crianças e adolescentes passaram mais tempo online
Estudos desenvolvidos por uma empresa de segurança digital apontam que 77% dos pais brasileiros afirmaram que, nos últimos 12 meses, seus filhos passaram mais tempo online. A hiperconexão também se deu por conta do ensino remoto, no entanto, alguns especialistas recomendam um "Detox digital", principalmente entre crianças e adolescentes. A equipe da Redação Integrada de O Liberal foi às ruas neste feriado de Nossa Senhora da Conceição (8) para saber como os adultos estão lidando com o assunto e entrevistou uma especialista no assunto que explica as consequências do uso prolongado das telas.
A psicopedagoga e neuropsicopedagoga, Larissa Lagreca, destaca que o detox digital é importante e que a exposição prolongada às telas pode causar dependência. "O detox digital é importante, pois cada dia mais as crianças estão viciadas em telas. O uso exagerado dos aparelhos eletrônicos como tablet, celular, TV e computador, está causando problemas físicos como: obesidade e miopia, além de problemas psicológicos como depressão e ansiedade. Além das dificuldades de aprendizagem, pois a escola infelizmente não consegue competir com as telas", explica.
Crianças e adultos sofrem com o excesso de telas
Larissa afirma que não é uma condição somente das crianças, mas que adultos também estão cada vez mais dependentes deste dispositivos, devido a sensação de bem estar que se tem ao fazer algo prazeroso, como jogar, ficar rolando o feed nas redes sociais, etc. e que os pais precisam seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). "As telas liberam dopamina - hormônio do prazer - e isso faz com que as crianças e os adultos fiquem cada vez mais viciados por essa sensação. A OMS recomendou que até os 2 anos de idade a criança não tenha acesso à telas e após essa idade ela seja utilizada de forma controlada e consciente", orienta.
"Para que as crianças diminuam o uso das telas, é preciso que os pais tenham a consciência de usar também para trabalho e evitar usar quando estiver com os filhos. Para substituir as telas os pais podem oferecer materiais de pintura, artes, brinquedos e brincadeiras. É importante também que a criança tenha tempo ócio para poder brincar, se desenvolver e aprender", finaliza.
Mariana Carvalho, é assessora parlamentar e aproveitou a manhã do feriado para levar as filhas Isabella e Manuella, de 5 e 3 anos, respectivamente, à praça e aproveitou para deixar o celular de lado, passando a tarefa de registrar as fotos das filhas com o marido. "Hoje é um dia que estou fazendo meu detox. É uma forma da gente se livrar do celular, das demandas. Às vezes eu estou trabalhando, e elas me cobrando, 'sai do celular mamãe'. Então eu ensino que elas não podem passar tanto tempo na frente do celular, elas aprendem e elas mesmo cobram. Tirei o dia para brincar com elas. O celular está na bolsa. Saindo da rotina. Longe do celular e perto das filhas, tem coisa melhor?", indagou.
O uso do celular pelos pequenos deve ser monitorado pelos pais
A mãe conta que por conta da pandemia optou por tirar a Isabella da escola, por ter idosos em casa. Contratou uma professora particular e, inevitavelmente, elas também precisaram do celular para as atividades escolares, mas afirma que para a recreação observa muito o que as filhas consomem no tempo dedicado a isso. "Elas usam o aparelho, por conta do trabalho da escola. Mas tudo tem um limite. Elas não fazem uso de TikTok, não acho que seja pertinente para a idade delas. Elas sabem o que podem ou não podem ver. Ao longo do dia elas podem brincar no celular por 2 horas. Como elas são irmãs elas brincam muito juntas", comentou.
"Então, eu acho importante fazer esse Detox, pro desenvolvimento psíquico e também a interação com outras crianças. Eu percebi que por conta da pandemia elas ficaram tímidas. Eu acho importante sair de casa. Ir para as praças. Praias. Sair das telas não é só uma necessidade por conta do psicológico, mas por conta da vista", concluiu.
A pandemia aproximou as crianças das telas
Vanessa Araújo, empresária, mãe do kaleb e Lucas de 12 e 9 anos, respectivamente, diz que sempre orienta os filhos sobre os horários de uso, o que assistir. "Eles gostam de ficar muito no celular, se permitir, eles passam o dia todo. Principalmente o mais velho que já está nas redes sociais. Aumentou esse vínculo com o celular por causa da pandemia e as aulas online. Mas eu sempre busco incentivar a leitura, o estudo e brincar com brinquedos de verdade para aproveitar a infância", conta.
A autônoma revela que não consegue se desligar do celular, que é sua ferramenta de trabalho, mas que tenta exercitar a prática, principalmente, quando está com os filhos e amigos. "Muito difícil. Primeiro porque meu trabalho está todo no celular. Agenda, cliente, eu sou decoradora de eventos. E eu tenho uma equipe de corrida. Para vender inscrição, falar com os atletas. Hoje em dia o Instagram é uma ferramenta para vender. Às vezes eu tento dar uma desligada, como nesses momentos de lazer, paro para estar em família, ler livros e ver tv. É difícil e a gente tenta. Mas é complicado ficar sem celular", disse