Unidades de pré-processamento são alternativa para o problema do lixo na RMB, diz especialista
Com a proximidade do prazo de fechamento do aterro sanitário de Marituba, aumenta a discussão em torno de qual será a solução para a destinação de detritos
O dia 31 de agosto é a data-limite para o encerramento das atividades do aterro sanitário de Marituba, que recebe diariamente 1,5 mil toneladas de detritos descartados por Belém e Ananindeua, além do município-sede. Com a proximidade do prazo, aumenta a discussão em torno de qual será a solução para o problema do lixo na Região Metropolitana de Belém, principalmente levando-se em conta que, a pouco mais de um mês do fechamento do aterro, nenhuma das três prefeituras apresentou uma alternativa para a destinação dos resíduos.
Para especialistas, diante do cenário atual, não há uma solução imediata, mas existem alternativas que podem minimizar o problema. De acordo com o engenheiro sanitarista da Universidade Federal do Pará (UFPA), Neyson Mendonça, especialista em resíduos sólidos, uma opção seria a instalação de unidades de pré-processamento do lixo na Grande Belém. “Essas unidades seriam capazes de pré-processar o lixo, ou seja, segregar ele em frações, de orgânico e sólido, para valorizar e dar utilidade a esse resíduo”, explica.
Na sugestão apresentada por Neyson, as unidades de pré-processamento iriam funcionar em conjunto com os aterros, mas estes teriam uma redução drástica na quantidade de lixo recebido, o que iria aumentar a vida útil desses espaços. Segundo a estimativa do especialista, o volume diário, que hoje é de 1,5 mil toneladas, iria para 600 toneladas, uma diminuição de cerca de 60%. “Nesse modelo, o aterro receberia os rejeitos, ou seja, materiais de baixa resistência que não podem ser aproveitados”, acrescenta.
“O aterro de Marituba está fechando porque não há pré-processamento do lixo, isso causa a diminuição da vida útil da área. O projeto, que hoje tem uma duração de 8, 10 anos, poderia ser estendido para 50, que na minha opinião seria o ideal”, enfatiza Mendonça.
Um estudo realizado pela UFPA detalha a execução prática dessas unidades de pré-processamento do lixo, modelo que já é aplicado em outros estados, como São Paulo. A análise aponta que Belém, de acordo com a quantidade de detritos produzida, precisaria de duas áreas, enquanto Ananindeua e Marituba deveriam instalar uma cada. A alternativa também seria benéfica para o meio ambiente, pois reduz a produção de líquidos e gases tóxicos. O projeto teria o envolvimento de 5 mil profissionais, trazendo geração de emprego e renda.
“Estamos às vésperas do maior evento ambiental do mundo, a COP 30, que ocorrerá em Belém, e não temos soluções para os resíduos na capital. Os governos deveriam estar trabalhando junto ao setor acadêmico em busca da melhor solução”, conclui Neyson Mendonça.