Servidores de abrigo fazem protesto para receber vacina contra covid-19
Eles cuidam de idosos e dizem ter prioridade para receber o imunizante
Os servidores do Nosso Lar Socorro Gabriel, instituição pertencente à Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster), e que abriga idosos dependentes, parciais e totais, remanescentes da Casa do Ancião Dom Macedo Costa, realizaram um protesto na manhã desta segunda-feira (19), em Belém. Eles querem ser vacinados, pois atuam na linha de frente no enfrentamento à covid-19.
Em ofício datado de 12 de março, os servidores solicitaram a ação da 3ª promotora de Justiça de Defesa das Pessoas com Deficiência, Idosos e Acidentes de Trabalho da Capital, Elaine Carvalho Castelo Branco, do Ministério Público do Estado, para agilizar a vacinação contra a covid-19 para os funcionários dessa unidade, que é uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI).
Em 15 de março, a promotora enviou ofício para o titular da Secretaria de Estado de Saúde, Rômulo Rodovalho. Ela considerou que os residentes dessas instituições frequentemente têm mais de 80 anos, são portadores de doenças crônicas e dependentes quanto à funcionalidade, necessitando, portanto, de cuidados médicos e pessoais, realizados pelos funcionários dessas unidades.
MP já recomendou vacinação nessas unidades
A promotora Elaine Carvalho Castelo Branco também escreveu que, com base em recomendações de entidades governamentais e científicas, a Comissão Especial Covid-19, da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, recomenda que residentes e os funcionários das ILPI sejam considerados prioridades para receberem o primeiro fornecimento de vacinas contra a covid.
No ofício, a promotora Elaine Carvalho Castelo Branco escreveu o seguinte: “Nesse sentido, considerando o exposto (no documento) e a necessidade urgente, requisito: que seja realizada a vacina em todos os idosos das cinco ILPI de Belém, bem como em todos os servidores e empregados, que seja encaminhada a relação de todos os vacinados e que seja encaminhado o calendário da primeira e segunda doses”.
"Considerando a necessidade urgente, requisito que seja realizada a vacina em todos os idosos das cinco Instituição de Longa Permanência para Idosos de Belém, bem como em todos os servidores e empregados", recomendou a promotora Elaine Carvalho Castelo Branco
“Nós somos público dessa vacina prioritária. Somos trabalhadores de uma unidade de acolhimento da pessoa idosa. O próprio parecer do Ministério Público fala da obrigatoriedade da Secretaria fazer a vacina na gente, porque somos o acesso do idoso acolhido com o mundo exterior. E a gente, não estando imunizado, é fonte de transmissão desse vírus”, disse Michelle Sousa de Oliveira, assistente de Desenvolvimento Social do Nosso Lar Socorro Gabriel.
“E, como a cobertura vacinal não é de 100% de imunidade, a agente acaba colocando a vida do idoso em risco. A gente tem o parecer do Ministério Público, o Plano Nacional de Vacinação, no qual estamos inseridos. E, ainda assim, não fomos vacinados”, afirmou. No abrigo Nosso Lar Socorro Gabriel, trabalham aproximadamente 210 servidores e colaboradores.
Sespa repassou doses. Sesma diz que vacinação ainda segue
A redação integrada de O Liberal acionou, por e-mail, o governo do Estado e a Prefeitura de Belém para comentar o ato desta manhã.
Em nota encaminhada à redação, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informou que, como responsável pela distribuição da vacina, "já realizou o repasse aos municípios das doses referentes aos profissionais que trabalham em abrigos de idosos". Assim, disse a Sespa, caberia às secretarias municipais de saúde "cumprirem os planos e definirem a estratégia para atender a essa população".
A Prefeitura de Belém também se posicionou em nota. A Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) informou que "o processo de vacinação dos profissionais de saúde, que nesse caso inclui as pessoas que trabalham em abrigos de idosos, está em andamento e ainda não foi finalizado".
A Sesma ainda disse que "mesmo nos hospitais, onde 100% dos profissionais de saúde receberam a primeira dose, ainda será preciso a segunda dose da vacina Astrazenica, que tem um prazo de três meses". A secretaria afirmou que, "nos laboratórios e clínicas que atendem casos da covid-19, também ainda falta finalizar a vacinação". A Sesma afirma que aguarda a chegada de novas doses de vacina para a imunização de todos estes profissionais.