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Ser mãe com Lúpus: conheça a história de um milagre da vida

No Dia Mundial do Lúpus, conheça a história de Jéssica Tayná, que desafiou diagnósticos e limitações para viver a maternidade

Danilo Alves | Especial para O Liberal

O dia 10 de maio marca o Dia Mundial do Lúpus e traz à tona a realidade de quem convive com uma doença autoimune crônica, muitas vezes invisível e mal compreendida pela sociedade. Entre relatos de superação, a história de Jéssica Tayná, 30, se destaca como exemplo de resistência e esperança.  A técnica em eletrotécnica foi diagnosticada ainda na infância e passou mais de duas décadas lidando com diferentes sintomas e diagnósticos até, finalmente, receber a confirmação de lúpus sistêmico. Em 2025, contrariando todas as expectativas médicas, ela deu à luz seu primeiro filho, Juan Diego. A chegada do bebê foi celebrada como um milagre da vida e da medicina.

“Começou com uma mancha, pensaram que era pano branco. Depois vieram outras lesões e os médicos falaram em hanseníase. Só em Marituba consegui o diagnóstico certo: lúpus. Desde então, comecei o tratamento com cloroquina e tive que evitar o sol, o que foi muito difícil. Sentia muitas dores nos braços e nas pernas, e a imunidade sempre baixa”, lembrou.

Jéssica contou que, devido aos medicamentos que usava, os médicos a alertaram sobre a dificuldade de engravidar. A surpresa veio ano passado, poucos meses após o diagnóstico oficial de lúpus sistêmico, quando descobriu que estava grávida. “Eu já tinha me acostumado com a ideia de não ser mãe. Quando o médico me contou, ele ficou tão surpreso quanto eu. A gravidez foi tranquila, sem grandes sintomas, mas exigiu acompanhamento constante".

Por afetar múltiplos órgãos, o lúpus sistêmico requer atenção redobrada durante a gestação. “O meu rim chegou a ser afetado. Por isso, todo o cuidado foi necessário. Tomei vitaminas, segui tudo o que me pediram. O Ruan nasceu saudável, mesmo tendo perdido peso no início, porque meu leite não supria todos os nutrientes. O apoio do meu reumatologista foi essencial".

Doença sistêmica e silenciosa

O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença inflamatória de origem autoimune, que ocorre quando o sistema imunológico ataca tecidos e órgãos saudáveis. “É uma condição autoimune causada por uma quebra da tolerância imunológica, fazendo com que o sistema de defesa ataque o próprio corpo como se fosse uma ameaça externa. É multifatorial, ou seja, envolve diversas alterações no sistema imunológico, o que dificulta o desenvolvimento de uma cura definitiva”, explica o reumatologista Kristopherson Lustosa.

Há dois tipos principais de lúpus: o cutâneo, que provoca lesões avermelhadas na pele, especialmente nas áreas expostas ao sol, e o sistêmico, que pode afetar órgãos internos como rins, coração, pulmões e cérebro.

A exposição ao sol é extremamente prejudicial para pessoas com lúpus, pois os raios ultravioleta podem agravar crises. “A fotossensibilidade é um dos sintomas mais comuns e pode se manifestar com vermelhidão, inchaço e lesões. Em alguns casos, poucos minutos de exposição já causam reações”, alertou o médico.

Rotina com cuidados contínuos

Além do uso constante de protetor solar, outros cuidados incluem a adesão rigorosa ao tratamento, alimentação saudável e prática regular de atividades físicas. “A interrupção dos medicamentos pode reativar a doença e causar danos aos órgãos. Por isso, o acompanhamento com profissional capacitado é indispensável”, reforçou o reumatologista.

O lúpus afeta principalmente mulheres em idade fértil. De acordo com dados do Ministério da Saúde, entre 2000 e 2019 foram registrados mais de 24 mil óbitos por lúpus no Brasil, sendo 90% deles em mulheres.

Hoje, com Ruan nos braços, Jéssica Tayná celebra a maternidade e o milagre da vida: “Foi difícil, mas deu tudo certo. Meu filho é minha bênção. Quero que minha história mostre para outras mulheres com lúpus que, com cuidado e apoio, é possível viver plenamente”.

Belém