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Santa Casa registra parto raro: gêmeo estava dentro da bolsa amniótica da mãe

Ao ser retirado da barriga, médicos viram que a bolsa ficou preservada com o menino Gabriel dentro, permitindo a observação dos movimentos dentro do útero

O Liberal

A Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará divulgou nesta segunda (25) um procedimento raro, registrado na última sexta-feira (11), em Belém. Segundo a Santa Casa, a equipe multidisciplinar do centro obstétrico fez um parto normal de gêmeos, mas um dos bebês estava "empelicado": ou seja, ainda na bolsa e envolto no líquido amniótico. Na grande maioria das vezes, o parto gemelar é feito por cesariana e com rompimento da bolsa. 

Os gêmeos Miguel e Gabriel são filhos da neuropsicóloga Carolline Sanches, de 29 anos, e do técnico de enfermagem Mariano Alves. Miguel nasceu às 10h55min com 2,3 quilos e 44 centímetros; Gabriel, às 10h57min, com 2,1 quilos e 42 centímetros. No caso de Gabriel, toda a bolsa ficou preservada, o que permitia observar os movimentos da criança dentro do útero. Segundo a literatura médica, o chamado parto empelicado ocorre uma vez a cada 80 mil nascimentos. 

Essa foi a primeira experiência de parto empelicado numa gestação gemelar para o médico obstetra José Fonseca, um dos responsáveis pelo procedimento. “Muitos obstetras não têm a oportunidade de presenciar o nascimento de um bebê empelicado durante a carreira. Em gêmeos, em particular, existem alguns casos relatados na literatura médica, mas são bem raros. Não tem como quantificar em palavras a emoção de participar deste momento único”, avaliou o médico, explicando que este fenômeno natural e belo não apresenta riscos.

"Embora raro, este tipo de parto não traz qualquer risco para o bebê ou para a mãe e, em muitos casos, pode até ajudar a proteger bebê de alguma infecção que a mãe possa passar”, detalha Fonseca.

“A bolsa é uma membrana fina e resistente, mas que facilmente se rompe até a hora do parto, seja pelos movimentos do bebê ou pelo manuseio da equipe para o nascimento", disse a residente em ginecologia e obstetrícia Letícia Picanço. Ela auxiliou o parto. "Foi muito emocionante ter a oportunidade de participar deste momento único e notar os movimentos que o bebê faz dentro do útero, pois ele ainda não sabe que nasceu. A gente tem um grande privilégio de poder vivenciar isso algumas vezes na Santa Casa”.

Além da emoção do nascimento, a condição rara do parto permitiu que Mariano participasse ativamente do nascimento dos filhos e rompesse a bolsa amniótica que envolvia Gabriel. O momento foi registrado em vídeo.

"Para mim, foi emocionante. Me senti duplamente abençoado primeiro por presenciar o nascimento dos meus filhos, depois, em questão do Parto empelicado. Quando o cirurgião me chamou para romper a bolsa foi um sentimento único. Já havia ouvido falar que é um acontecimento raro e no momento que rompe a bolsa, me senti mais abençoado e também um pai de muita sorte. Só tenho a agradecer a Deus e a toda equipe da Santa Casa que estive presente neste dia tão especial, vocês são 10“, contou o pai, Mariano, emocionado.

Belém