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Profissional da limpeza urbana aprende a ler e escrever aos 56 anos de idade, em Belém

Iniciativa da Ciclus Amazônia, a Escola Ciclus alfabetizou trabalhadores da limpeza urbana e inspira novas trajetórias

O Liberal

Aos olhos de quem transita pelas ruas de Belém, André Gomes pode parecer apenas mais um dos muitos profssionais de limpeza urbana, mas por trás do uniforme verde, há uma história de superação e recomeço. Aos 56 anos, André aprendeu a ler e escrever , e agora sonha em fazer uma faculdade de Medicina. Já inscrito no Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA), ele deu o primeiro passo para conquistar o diploma do ensino fundamental e seguir estudando.

Na última terça-feira (29), ele subiu ao palco da formatura das primeiras turmas da Escola Ciclus, projeto educacional criado pela Ciclus Amazônia, responsável pela gestão de resíduos sólidos de Belém. É um projeto diferente. Eu já passei por várias outras empresas e não tive uma oportunidade dessa. Um projeto muito lindo que ajudou a educar este velhinho aqui. Antes desse projeto, eu era cego na parada de ônibus, um estrangeiro no meu próprio país, porque eu não sabia ler nem escrever. Agora eu sei. E sei também que, com isso, eu posso ir muito mais longe. Já me inscrevi no ENCCEJA. Estou pronto para fazer a prova em agosto e avançar ainda mais, fazer uma faculdade de Medicina, que é o meu sonho”, disse André.

Durante quatro meses, ele frequentou aulas presenciais duas vezes por semana, em turmas formadas por trabalhadores da limpeza urbana com baixa escolaridade. As aulas foram realizadas com apoio da plataforma Alicerce Educação, que forneceu metodologia pedagógica e material escolar.

A professora Anastácia Alves acompanhou de perto a evolução dos alunos. “Eu lecionava Leitura, Escrita e Matemática na Escola Ciclus e, no início da escola, nos deparamos com alunos que realmente não sabiam ler nem escrever. Então, o nosso maior desafio era esse, visto que eles já estavam numa idade não própria, como a gente diz, porque a educação começa na infância, na escolaridade, e esses alunos não concluíram na idade certa. Tivemos essa iniciativa, em parceria com a Alicerce Educação e a Escola Ciclus, para tornar esses alunos alfabetizados. Durante essa jornada de quatro meses, conseguimos obter um resultado muito positivo, trazendo esses alunos de volta para a sala de aula. Conseguimos também fazer com que eles tivessem essa oportunidade, essa chance de aprender a ler e escrever, e nós estamos muito felizes. Eu me sinto muito satisfeita por estar com esses alunos e fazer parte dessa equipe”, comentou a professora.

uma nova rotina com a alfabetização

Outra formanda, Diva Marcolina, que trabalha com varrição, também comemorou a conquista. “Foi um investimento deles na minha vida que me colocou para aprender a ler e a escrever. Hoje, eu sou muito grata. Eu conheço várias vogais. Todas as letras. Todos os números. Eu só tenho muita gratidão. Eu tenho 61 anos. Já é muita coisa, mas mesmo assim eles acreditaram em mim e eu quis aprender. Sei assinar o meu nome. Se me derem um endereço, eu consigo ler e ir direitinho. A Escola Ciclus veio para somar em muito na minha vida”, reconheceu.

Iniciativa 

A ideia do projeto surgiu logo no início da operação da Ciclus Amazônia em Belém. “Esse projeto, que nós diagnosticamos como sendo uma oportunidade de inclusão social com nossos colaboradores, começou quando iniciamos a operação em Belém, há um ano. Naquele momento, percebemos que, dentre os 2.300 funcionários que contratamos, aproximadamente 400 tinham dificuldade com a alfabetização, e queriam mudar isso”, disse o diretor-presidente da Ciclus Ambiental, Bruno Muehlbauer.

“Em função desse desafio que se apresentou para a gente, contratamos uma empresa especializada, que nos ajudou de forma didática a estruturar esse programa. Iniciamos as aulas, passamos alguns meses treinando os funcionários que queriam se alfabetizar e, graças a Deus, hoje, das 50 pessoas que iniciaram, 45 estão se formando com alfabetização em Português, Matemática, habilidades socioemocionais. É um programa que a gente considera um sucesso e, por isso, ele terá continuidade”, adiantou.

 

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