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Preamar da Criatividade reúne empreendedores negros em edição especial

A escolha da temática para a feira foi feita em alusão ao mês dedicado a Consciência Negra.

Laís Santana

A Praça da Fonte e o Píer das Onze Janelas receberam, neste domingo (7), mais uma edição do Preamar da Criatividade. Dessa vez o evento foi voltada ao empreendedorismo negro, reunindo 12 estandes de gastronomia, moda e artesanato, além de uma programação musical no final do dia. A ação é uma iniciativa do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult).

A escolha da temática foi feita em alusão ao mês dedicado a Consciência Negra. “Esta edição do Preamar da Criatividade está associada à programação do Preamar da Consciência Negra, realizada neste mês, com o objetivo de fortalecer o debate e acima de tudo a valorização da arte e cultura negra, garantindo um processo de valorização dessa linda ancestralidade que forma o povo da Amazônia”, explica Bruno Chagas, secretário de Cultura em exercício. 

“A Secult espera, com mais esta edição, que a população possa conhecer o que vem sendo produzido pelos nossos artesãos e artistas, ter mais uma opção de lazer e acima de tudo valorizar o trabalho de nossos empreendedores e empreendedoras da economia criativa”, pontuou Chagas. 

Um dos estandes da feira foi ocupado pelos produtos da Cerâmica Família Sant’ana. Para a empreendedora Maynara Sant’ana o espaço é fundamental para o fortalecer laços e fomentar a economia do movimento negro. “É muito importante e sintomático que dentro do calendário da Secretaria de Cultura exista um momento que fale somente sobre a empregabilidade e esse movimento que existe das pessoas negras enquanto empreendedores. Quando você faz um evento em que você convida somente empreendedores negros para participar você está entendendo subjetivamente que a gente precisa ter esse espaço de fomento, de fortalecimento, porque é um histórico que existe, foram mais de 300 anos de escravidão, existem marcas profundas dentro da nossa sociedade por isso”, afirma. 

O coletivo Pretas Paridas da Amazônia também esteve presente na feira com produtos de vestuário e acessórios fabricados por cerca de nove mulheres. Maria Luíza Nunes, membro do coletivo, ressalta a necessidade de ampliação de espaço para empreendedores negros ao longo de todo o ano. 

“O que nos diferencia é que trazemos para a nossa produção as nossas memórias ancestrais, aprendidas pelas nossas mais velhas, isso nos faz refletir sobre o fazer, e ajuda a compreender que nós temos um público, por isso a importância desse espaço. E quando se reúne vários artistas e artesãos negros para expor sua produção nós também aproveitamos para dizer que a gente existe de janeiro a dezembro, de janeiro a dezembro nós estamos na luta”, pontua. 

Na gastronomia, os visitantes da feira tiveram a oportunidade de experimentar o acarajé da Juci D’oyá. “Esse evento é muito importante para nós. O acarajé é uma comida ancestral que tem todo um significado para nós povos tradicionais de matrizes africanas e povo negro porque representa nossa ligação mais fina com os nossos ancestrais. Esse alimento nos fortalece e fortalece a nossa luta, o tabuleiro é um espaço de resistência e um forma de demonstrar que a nossa ancestralidade é viva entre nós não só em novembro. Nós precisamos desses eventos para mostrar para a sociedade a nossa cultura”, ressalta. 

Os visitantes tiveram ainda a oportunidade de acessar gratuitamente os museus do Centro Histórico de Belém, durante a ação do “Domingo da Gratuidade”, promovida pela secretaria no primeiro domingo de cada mês.

Belém