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Poluição da Baía do Guajará oferece riscos à saúde; banhos não são recomendados

Esgoto e lixo são lançados diretamente no rio - atestam pesquisas e também quem trafega diariamente pelo rio

Camila Guimarães

A Baía do Guajará é um dos principais elementos da paisagem e do ecossistema de Belém. Ao longo da orla da cidade, esse grande rio parece convidar para um mergulho. Foi o que fez um casal, protagonista de um vídeo que viralizou no fim do ano passado, nas redes sociais. Eles foram flagrados durante um banho nas águas da Baía, próximo ao Complexo do Ver-o-Peso. A cena levantou questionamentos, na internet, sobre a salubridade da prática. Um estudo feito por pesquisadores da Universidade do Estado do Pará (Uepa), da Universidade Federal Rural do Pará (Ufra) e de um centro universitário particular de Belém, aponta que as águas na Baía do Guajará oferecem uma série de riscos à saúde.


O artigo "Poluição ambiental e qualidade das águas superficiais da Baía do Guajará, Belém-PA" chegou à conclusão de que a água da Baía do Guajará sofre "uma grande influência da ação poluidora advindas de práticas portuárias, e da concentração urbana que despeja efluente in natura, principalmente de origem doméstica, sem pré-tratamento", diretamente no rio.

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Admiração que gera cuidado

Quem utiliza quase diariamente a Baía do Guajará para prática esportiva e de lazer é o canoísta Admilson Santos. Ele, que gerencia um clube de canoagem em Belém, conta que sempre se depara com a poluição do rio durante as remadas e lamenta o fato:

"Infelizmente essas águas são muito castigadas pela poluição do meio urbano de Belém. A gente percebe que a água tem uma coloração diferente por conta dos canais que jogam o esgoto diretamente no rio. Em alguns locais é possível ver entulhos, objetos de grande porte. Um fator muito preocupante também é a água com óleo diesel, das embarcações, principalmente aqui na frente de Belém, por conta dos portos. É muito comum, durante as remadas, a gente ver óleo na água, seja por conta de lavagem de embarcações, seja pelo descarte das embalagens nas águas. A água com óleo diesel fica grudada nas nossas embarcações e, quando a gente finaliza as nossas atividades, sempre temos que lavar as canoas", ele conta.

O canoísta também já presenciou pessoas tomando banho às margens da Baía do Guajará, tanto do lado de Belém, quanto do lado oposto. Ele referencia a prática à uma memória ancestral ribeirinha que não resiste às águas do rio para se refrescar. Contudo, Admilson tem consciência de que seria muito melhor se o rio não sofresse com a poluição.

Para Admilson, a prática de canoagem tem sido uma importante ferramenta para despertar a consciência ambiental dos adeptos, pois, durante as remadas, o público pode se maravilhar com o rio e as paisagens, sentindo na pele a tristeza de se deparar com a poluição. Por meio do clube, Admilson conta que já promoveu ações de limpeza e conscientização.

"Nós já fizemos remadas de conscientização, chamadas Limpeza dos Rios, aderindo a iniciativas nacionais e outras causas de grupos que também fazem esse tipo de trabalho. Sem dúvida um dos grandes benefícios que a canoagem traz, além da saúde física e emocional do praticante, é despertar a consciência ecológica do meio em que estamos inseridos, que é a água, para que a gente continue usufruindo dela da melhor maneira possível”, comenta Admilson.

Belém