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Paraense participa de expedição sobre meio ambiente na Antártida

Priscilla Santos é a única amazônida convidada para a viagem

Ádria Azevedo e Even Oliveira | Especial para O Liberal

Desde a manhã desta segunda-feira (20), a advogada paraense Priscilla Santos está na Antártida, para uma expedição científica que permitirá a 109 mulheres, de 25 países, testemunhar os impactos da mudança climática no continente. A ideia é que, a partir da experiência, as participantes possam fomentar soluções para a emergência climática, em seus países de origem.

Organizada pela Homeward Bound, iniciativa global de liderança transformacional para mulheres, a expedição vai durar 20 dias e envolve atividades como habilidades de comunicação, organização de campanhas, aprendizados em como trabalhar com pessoas de diferentes culturas e formações profissionais, desenvolvimento de estratégias, reconhecer o tipo de liderança exercido e refletir sobre como usar as habilidades para influenciar pessoas e na tomada de decisões sobre políticas públicas. Além disso, as participantes também são treinadas sobre estratégias para lidar com a ansiedade climática.

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“Uma viagem pela Antártica é uma experiência única, que nos provoca à ação urgente e a pensar na nossa responsabilidade de contribuir com medidas inovadoras para um futuro mais sustentável. Tanto a Amazônia quanto a Antártida são ecossistemas extremamente vulneráveis e essenciais para a conservação da nossa vida na Terra”, afirma a paraense.

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“Com uma Conferência das Partes da Convenção de Clima (COP) a hospedar em Belém em 2025, temos muito trabalho pela frente para mostrar que lideranças Amazônidas tem consciência da necessidade de ações concretas para aumentar nossas chances de evitar impactos ainda maiores e competência para implementá-las com a urgência necessária”, complementa a ativista.

Priscilla pondera que os problemas vivenciados atualmente, como as mudanças climáticas, são sistêmicos, complexos e requerem pessoas com diferentes formações e abordagens multidisciplinares para encontrar soluções efetivas e urgentes.

“As mulheres selecionadas atuam em diferentes áreas, incluindo ecossistemas marinhos, espaciais, florestas, meteorologia, bioengenharia, química, etc. As áreas de conhecimento são bem variadas, e justamente por isso somos obrigadas a pensar em formas não óbvias de colaboração em torno de um objetivo comum, de como melhor comunicar ciência de uma maneira mais acessível para o público em geral”, conta mais detalhadamente sobre quem participa e qual a relevância de cada uma para a expedição.

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A ativista afirma que ainda há muito treinamento e aprendizado pela frente, e um deles é que as mudanças climáticas e a capacidade de previsão de qualquer problema estão se deteriorando. “As condições de tempo que enfrentamos aqui foram totalmente diferentes do esperado, e até o experiente capitão do navio ficou surpreso. Tivemos diversas vezes nosso itinerário alterado pelas condições meteorológicas e, também, pela gripe aviária, que tem afetado a fauna local em algumas ilhas”, descreve.

Para ela, a sensação de caminhar em uma paisagem dominada por tons de branco foi inspiradora. No entanto, alerta para a proteção. 

“Ao mesmo tempo que é inspirador, senti um grande senso de urgência de contribuir com a proteção desse lugar. A Antártida é um ecossistema com pouca ação humana direta. Não há pessoas vivendo permanentemente na Antártida, mas indiretamente ela já está sendo altamente afetada pelas crescentes emissões de gases do efeito estufa (GEE). Precisamos aprender a ter interações mais positivas com o planeta, e não somente destrutivas”, aponta.

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Representatividade amazônida

Para Priscilla, a importância de ser uma das únicas brasileiras e a única representante da região amazônica, é mostrar para mulheres de outros lugares do planeta os desafios enfrentados pelas amazônidas. “Como Amazônidas estamos acostumadas que outras pessoas tomem decisões por nós. Isso precisa acabar e ter lideranças preparadas e mais vozes locais para pensar nas políticas públicas que protejam o meio ambiente”, afirma.

“Que criem oportunidades e melhores condições sociais e econômicas para as pessoas que vivem na Amazônia. Precisamos garantir que amazônidas sejam ouvidos não somente sobre o que acontece na nossa terra, mas também sobre outras questões. As vozes dos amazônidas importam, e já fomos muito silenciados historicamente”, continua.

A participante diz que a expedição não ajudará apenas a treinar as habilidades de liderança em meio a muitas incertezas que crescem no contexto da emergência climática, mas que amplia as possibilidades de colaboração com outras mulheres influentes ao redor do mundo. 

Ao visitar a Antártida, outro fator citado pela paraense relembra um dos pontos mais importantes de Belém: “Por fim, achei engraçado o fato de que o cheiro dos pinguins, me lembrou o cheiro do Ver-o-Peso”, conclui.

Ananindeua