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Pais precisam estar atentos e vigilantes a comportamentos de crianças e adultos, diz psicóloga

Sobre a polêmica da cena do filme "Como se Tornar o Pior Aluno da Escola", bastante criticado na última semana por quem considera que a peça incita à pedofiilia, a psicóloga Danielle Almeida avalia que a cena é desaconselhável para crianças e adolescentes

Valéria Nascimento e Laís Santana

Observar, conversar, olhar a agenda e os cadernos da escola, checar grupos de WhatsApp e sites, saber quem são os amigos. Para a psicóloga Danielle Almeida, que trabalha há 20 anos atendendo em consultório particular, as condutas citadas não se tratam de uma ação de espionagem de pais ou responsáveis por crianças e adolescentes, se trata de se manter vigilante e mesmo ter o controle por quem ainda não tem discernimento sobre o que é certo e o que é errado. 

Sobre a polêmica da cena do filme de Danilo Gentili, bastante criticado na última semana por quem considera que a peça incita à pedofiilia, a psicóloga Danielle Almeida avalia que a cena é desaconselhável para crianças e adolescentes. 

"Antes de a gente ter o filho, a gente diz 'ah não vou dar o celular, não vou deixar ele com controle da TV, ele não vai tomar refrigerantes nem comer tekitos, mas a realidade é diferente. tudo é corrido, você precisa trabalhar, se ausenta e a criança acaba assim fazendo várias coisas que não seriam próprios da idade dela, por isso, é importante estar perto", disse a psicóloga.

Danielle Almeida recordou que um paciente adolescente de 14 anos de idade contou que enquanto jogava game no computador de casa, com outros jogadores virtuais, viu na caixinha de mensagens, a seguinte frase 'achei você interessante, vamos ao shopping'. O garoto contou isso para a psicóloga e para a mãe dele. A mãe perguntou e ele disse que bloqueou de imediato a conversa. A psicóloga ressaltou que neste caso específico, a mãe estava atenta ao filho, conversa e ele pôde compartilhar com ela o que havia recebido enquanto mensagem de um anônimo. "Mais, uma vez, por isso, é importante estar próximo"

A cena polêmica

O filme, em questão, é o "Como se Tornar o Pior Aluno da Escola". O longa-metragem foi lançado no ano de 2017, com classificação imprópria para menores de 14 anos. Desde fevereiro deste ano, o filme está na plataforma de streaming Netflix, mas no domingo passado (13) ele passou a receber críticas, especialmente por meio do Twitter. As pessoas criticam uma cena específica, quando o personagem, do ator e comediante Fábio Porchat pede a dois garotos que encerrem uma discussão o estimulando com masturbação.

"Há um ensinamento, uma forma de despertar, tudo tem seu tempo", disse ela, acrescentando, "eu sempre comento com os pais que só sabem educar os que não têm filhos porque a expectativa é uma coisa a realidade é outra", disse Danielle Almeida, para quem a cena é desaconselhável para crianças e adolescentes.

A psicóloga enfatizou ainda que a educação básica é fundamental e cabe aos pais e responsáveis por crianças e adolescentes e dá trabalho. Não se deve confundir dar liberdade com permissividade.

Liberdade e permissividade 

"Uma situação que é bem delicada é quando a criança e o adolescente começam achar prazeroso o lugar de ser um malvado, ah, sou do 'fundão, sou chamado na diretoria, é como se fosse um troféu ir para a diretoria, ser chamado a atenção, e há pais que se orgulham disso. O problema é que com o tempo você vai perdendo o controle e a criança vai se tornando agressiva inclusive com você. É preciso manter cuidado com o comportamento das crianças e claro principalmente ainda mais com o comportamento dos adultos com as crianças", frisou a terapeuta.

Sobre a cena que provocou polêmica no Brasil, nos últimos dias, a psicóloga Danielle Almeida considera que o ator Fábio Porchat é bastante popular e a cena do filme pode confundir e até despertar o entendimento das meninas e meninos sobre algo que eles ainda não têm total discernimento, mas, mais uma vez, ela afirmou que o importante é os pais estarem sempre próximos dos filhos.

Abusos e atos libidinosos 

Sobre mudanças de comportamentos que os pais e responsáveis devem observar em possíveis casos de abusos, ameaças, atos libidinosos ou de conjunção carnal, Daniele Almeida citou que a criança que sofre a agressão tende a se isolar de seus pares, se apresentar acuada e tende também a rejeitar o abusador.

"Não é que a gente tenha que ter um rastreador em todas as pessoas que entram em casa, mas você precisa ter atenção para saber se quem convive na sua casa é realmente confiável e, principalmente, estar perto de seus filhos. Há pais que quando as crianças apresentam algum tipo de rejeição a adultos ainda brigam com as crianças: 'ah, não faça isso'. É claro, que muitas vezes não se trata de um abusador, mas é preciso estar atento", orientou a psicóloga.

Ela informou ainda que as crianças podem apresentar insônia, falta ou excesso de apetite e até transtornos mentais como ansiedade, depressão e crise nervosa. "Isso porque já houve um trauma (um dano psicológico) e a criança tende a ficar muito quieta, outras, têm crises nervosas e isso de forma até agressiva". 

Como denunciar

Os crimes de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes devem ser denunciados, principalmente, aos disques-denúncia 181 e 190. Também deve-se procurar o Conselho Tutelar dos Direitos da Criança e do Adolescente mais próximo. 

Belém