A Região Metropolitana de Belém é um aglomerado urbano marcado pelo trânsito intenso - e também pela presença de muitos buracos nas pistas. Motoristas sabem: é quase impossível percorrer algum grande corredor viário da Grande Belém sem encontrá-los. E a convivência com crateras nas vizinhanças menos disputadas pelos carros também é algo comum, há muito tempo, na capital e nos demais municípios da zona metropolitana.
Parte desse problema vem do desgaste natural devido ao peso de veículos, parte pela falta de manutenção preventiva. O clima afeta, com chuva e sol em intensidades irregulares. Há ainda os problemas de encanamento, de materiais usados na pavimentação e até erros de execução da obra. Muitos são os motivos para um buraco abrir e começar a causar transtornos e riscos a motoristas, ciclistas, motociclistas e até mesmo a pedestres. E esteticamente, as crateras também não ajudam em nada a cidade. Financeiramente, podem gerar gastos inesperados a quem caiu numa "armadilha" do asfalto e danificou o veículo.
A rodovia Mário Covas é uma importante via, pois conecta outros grandes corredores entre Belém e Ananindeua. É uma rota de veículos pesados, rota de ônibus, rota de ciclistas entre os vários residenciais do entorno. E é uma via cheia de falhas, indo da capital até o município vizinho. À noite, alguns trechos ficam escuros e se torna difícil ver buracos antigos ou novos.
"Quem trafega pela Mário Covas com frequência sabe que é uma pista complicada. São muitas curvas, pontos estreitos, à noite fica escuro e parece que alguns buracos mais antigos só receberam remendos temporários. Sempre abrem outra vez e até maiores. É uma pista de certa velocidade e buracos são um perigo", pondera o motorista Elson Batista, que trabalha em uma empresa de logística e costuma passar pela rodovia.
"Quem trafega pela Mário Covas com frequência sabe que é uma pista complicada. São muitas curvas, pontos estreitos. À noite, fica escuro e buracos mais antigos, que só receberam remendos temporários, sempre abrem outra vez, e até maiores. É uma pista de certa velocidade. São um perigo", critica o motorista Elson Batista
Na passagem Hortinha, entre as travessas Angustura e Barão do Triunfo, os moradores precisaram sinalizar o buraco com um sofá. Uma medida desesperada, apesar do tom jocoso, para chamar a atenção de um problema antigo.
"Já são pelo menos uns três ou quatro meses assim. E ainda tem as valas que já danificaram vários carros. Se bem que não é só aqui. Belém toda está assim e precisamos de uma solução", diz Johnantan Dias Brito, morador da área.
Outras vias possuem problemas crônicos com buracos. A rodovia dos Trabalhadores, próximo ao shopping center, teve uma falha abrindo cada dia mais. Agora é um buraco grande, capaz de causar danos sérios a qualquer veículo.
No cruzamento da travessa Angustura com a avenida Duque de Caxias, antes e depois do semáforo, há buracos que abrem com frequência, são fechados e abrem outra vez. Na passagem Dois de Junho, que conecta a Augusto Montenegro com o retorno da BR-316 para o Entroncamento (por dentro das feiras e supermercados da área), a pista está repleta de falhas devido ao peso de veículos para uma via não projetada para fluxo intenso de cargas.
"Já são pelo menos uns três ou quatro meses assim. E ainda tem as valas que já danificaram vários carros. Se bem que não é só aqui. Belém toda está assim e precisamos de uma solução", diz Johnantan Dias Brito, morador da passagem Hortinha
Sesan mapeou 433 pontos que exigem recuperação do asfalto em Belém
A redação integrada de O Liberal procurou a Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan), responsável pelos trabalhos na maior área urbana entre as administrações municipais da Grande Belém, para debater esses problemas, e saber que tipo de providências podem ser tomadas pelo poder público municipal para enfrentar os desafios dos buracos e crateras da capital e da RMB.
Com exclusividade, a Sesan esclareceu que, desde o início da atual gestão de Belém, o Departamento de Obras Viárias (Deov) já identificou e mapeou 433 pontos críticos em ruas com buracos na capital. É um número surpreendente: se um buraco fosse tapado por dia, a partir de hoje, o poder municipal levaria um ano, dois meses, uma semana e mais 24 horas, em termos aproximados, para resolver essa demanda da população.
Frente a esse desafio, a Prefeitura de Belém diz que parte destes pontos já estão passando por manutenção, e o restante consta no cronograma de serviços do município, com um prazo de até 90 dias para recuperação. "O cronograma da Sesan parte do Tapanã até a Cidade Velha, cobrindo vários bairros como a Pedreira, Marco, Condor e Cremação, que eram os bairros em pior situação quando assumimos", detalha a secretária titular da Secretaria Municipal de Saneamento, Ivanise Gasparin.
"Vale ressaltar que esse quantitativo informado é variável, de acordo com o fluxo de veículos e volume de chuvas nas vias, podendo elevar esse número diariamente", lembra a secretária de saneamento. Para dar conta desse desafio, a Sesan lembra que ampliou para oito o número de equipes que fazem as ações de tapa-buracos na capital. Na gestação passada, elas eram apenas três.
A Sesan já trabalha na elaboração de um programa de ações para a cidade nos próximos quatro anos. "O programa contará com drenagem, pavimentação, revitalização, tapa-buraco e obras especiais (pontes e estivas de madeira). O planejamento estratégico do programa será concluído em até 30 dias", planeja a administração municipal
Com relação a projetos a longo prazo, a Sesan adiantou que já trabalha na elaboração de um programa de ações para a cidade nos próximos quatro anos. "O programa contará com drenagem, pavimentação, revitalização, tapa-buraco e obras especiais (pontes e estivas de madeira). O planejamento estratégico do programa será concluído em até 30 dias", planeja a administração municipal.
Sobre os locais apontados pela reportagem, a Sesan garantiu que a situação da passagem Hortinha, da passagem Dois de Junho e da rodovia dos Trabalhadores já estão programadas para reparos. A situação da Angustura terá uma análise técnica no local, diz a prefeitura.
Setran diz que Mário Covas está em manutenção
Em resposta encaminhada a O Liberal sobre a manutenção da rodovia Mário Covas, a Secretaria de Estado de Transportes (Setran) disse à redação que está, desde a última quarta-feira (5), mantendo com três equipes de manutenção e conservação em toda a extensão da via.
"Os trabalhos ocorrem em toda a extensão da rodovia, que tem mais de sete quilômetros, compreendendo a interseção com a BR-316 até a avenida Augusto Montenegro. Estão sendo feitos serviços de remendo profundo, tapa-buraco e limpeza lateral da pista", detalhou a Setran.
Entenda por que o asfalto é um desafio na Amazônia
"Estudos mostram que um dos principais inimigos da pavimentação é a água", esclarece Antônio Pegado, diretor do Departamento de Obras Viárias (Deov) da Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan). "Quando ela se movimenta no interior do pavimento e alcança a base, essa água satura as camadas adjacentes, principalmente se estas camadas forem de material impermeável e a situação só piora quando as laterais do pavimento estão bloqueadas, evitando o escoamento da água", ressalta Antônio Pegado.
"Um dos principais inimigos da pavimentação é a água", esclarece Antônio Pegado, diretor do Departamento de Obras Viárias da Sesan. "Quando ela se movimenta no interior do pavimento e alcança a base, essa água satura as camadas adjacentes, e a situação só piora, evitando o escoamento da água"
Assim, para ser estável numa condição de umidade, a pavimentação, explica a Sesan, precisa ser estruturada para isso desde o início da construção. "Quando isso não é feito, basta um período de intensas chuvas, somado a elevadas cargas de tráfego, para aparecerem os buracos que trazem transtornos a toda a população".