Morre o jornalista e professor Manuel Dutra aos 79 anos
Ele foi vencedor de três Prêmios Esso Região Norte e professor de gerações de jornalistas
O jornalista e professor Manuel de Sena Dutra morreu neste domingo (11/5), aos 79 anos. Ele era natural de Santarém e acumulou mais de 50 anos de jornalismo, com histórico de repórter especial no jornal O Liberal, por onde atuou por 17 anos. Além disso, foi vencedor de três Prêmios Esso Região Norte e contribuiu na formação de gerações de jornalistas. A causa da morte não foi divulgada oficialmente.
Dutra foi professor do curso de Comunicação do Instituto de Letras e Comunicação da Universidade Federal do Pará (ILC-UFPA) e também do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Cultura e Amazônia da Universidade Federal do Pará (PPGCOM-UFPA), ligados ao Instituto de Letras e Comunicação da UFPA (ILC-UFPA).
Manuel se graduou em Jornalismo em 1972 pela Universidade Católica de Pernambuco. Se especializou em Educação Ambiental pelo Núcleo de Meio Ambiente (NUMA) da UFPA, em 1995. Dois anos depois, se tornou mestre em Planejamento do Desenvolvimento pela mesma universidade. Em 2003, obteve o doutorado em Ciências Sócio-Ambientais (Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido) pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) da UFPA, com disciplinas cursadas em programa interinstitucional com a Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom) e estágio doutoral no Centro de Ciências da Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Tinha experiência na área interdisciplinar Comunicação e Meio Ambiente, com ênfase em análise do discurso e processos midiáticos.
O velório está programado para iniciar a partir das 14 horas deste domingo na Capela master A da Max Domini, que fica localizada na avenida José Bonifácio, 1550, bairro do Guamá, em Belém. O velório segue até segunda-feira (12/5), às 14h30, de onde o corpo será levado para o local onde será cremado.
VEJA MAIS
Paixão pela Amazônia e pela docência
O jornalista Paulo Roberto Ferreira conta como foi a relação dele com Dutra. “O conheci na época que fazia encarte no O Liberal, em 1976, época em que ele atuava na Rádio Rural de Santarém. Ele escrevia e fotografava maravilhosamente bem. O Manuel cobriu muito os garimpos na região do Baixo Amazonas, nos anos 80, 70 e parte dos 90. Deixou um legado sobre a história do jornalismo na Amazônia”, afirmou.
Ferreira ainda guarda na memória o último encontro que teve com Dutra. “Ele me convidou para a sala dele no dia 30 de abril de 2019. Assim que acabou a aula, ele disse a todos que aquele dia era a despedida dele. Ele tinha uma grande paixão pela docência. Era concursado e dava aula na UFPA e se aposentou. Depois fez um novo concurso e retornou a dar aula”, recordou.
O jornalista Nélio Palheta também comentou sobre a atuação de Dutra como porta-voz na amazônia. "Lembro que Dutra fazia parte de um grupo de correspondentes que formavam uma cobertura fabulosa de todos as grandes questões da Amazônia na década de 70, despontando os problemas ambientais e fundiários da região".
Nota de pesar
O Sindicato dos Jornalistas no Estado do Pará (SINJOR-PA) também lamentou a morte de Dutra, que o destacou como um dos profissionais mais destacados da área e defensor do meio ambiente e crítico ao desenvolvimento pedratório na Amazônia. “Era um maestro na arte de escrever e teve importante atuação em veículos de comunicação de Santarém e Belém, além de atuar como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo. O reconhecimento de Dutra ocorreu por premiações que incluem diversas edições do Prêmio Esso de Jornalismo da Região Norte”, disse.
“Dutra também formou dezenas de gerações, tendo relevante atuação na área docente na Universidade Federal do Pará (UFPA), na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e no Instituto Esperança de Ensino Superior (Iespes), desenvolvendo além da docência, atividades na gestão dos cursos de comunicação. Assim, nunca se afastou da docência, uma de suas grandes paixões, que também lhe rendeu prêmios pela sua brilhante produção acadêmica”, completou.
Manuel também era esposo da desembargadora do TRT-8, Maria Zuíla Lima Dutra e pai da juíza substituta do TRT-15 (Campinas), Sofia Lima Dutra. Em nota, O Tribunal Regional do Trabalho da Oitava Região (TRT-8) manifestou “seus sentimentos e solidariedade a toda família, e deseja que Deus, em sua infinita bondade, console o coração de todos os seus familiares e amigos”.
A rádio da UFPA, juntamente com a Faculdade de Comunicação (Facom) e o Instituto de Letras e Comunicação (ILC), também publicaram nas redes sociais uma nota de pesar a respeito do falecimento do jornalista. No decorrer do texto, as instituições lamentaram a perda do professor, que desempenhou por anos o papel de educador, formando gerações de jornalistas. "Como professor, formou gerações de jornalistas e comunicólogos, sempre com sabedoria e dedicação. Como jornalista, defendeu com firmeza a liberdade de expressão e os valores democráticos. Era, também, um grande defensor da natureza e das causas sociais. [...] Nos solidarizamos com a desembargadora Zuíla Dutra, sua esposa, demais familiares, seus incontáveis amigos e todos que partilharam da convivência e admiração por Manuel Dutra. Seu percurso e sua sabedoria restam conosco, sempre vivos, inspirando nosso trabalho".
A arquidiocese de Santarém também se manifestou pelo falecimento do jornalista, que fez grande feitos na área da comunicação no município. "Manuel Dutra foi diretor da Rádio Rural de Santarém e fundador do primeiro Departamento de Jornalismo da emissora. [...] Rogamos ao Deus da vida que receba o jornalista Manuel Dutra na morada celestial e conforte toda a família e amigos neste momento em que se despedem de seu ente querido".
Lamento dos amigos
Dentre os diversos amigos que o jornalista tinha, alguns expuseram suas tristezas em mensagens de despedida, como foi o caso da professora e jornalista Regina Alves, que dividiu por muitas vezes a sala de aula e os estúdios de TV com Dutra. "É uma perda muito triste, nesse momento em que a Amazônia precisa, mais do que nunca, de vozes corajosas e com toda a capacidade de se fazer ouvir, pela verdade e clareza da argumentação sólida que o Dutra sabia exercer, como jornalista, pesquisador e professor. Ele se destacava em tudo que fazia", afirmou.
A professora e jornalista, Ana Lúcia Prado, também se manisfestou nas redes sociais sobre a perda do amigo. "Ah, meu amigo, que tristeza essa tua partida. Dutra, parceiro de tantos debates, disciplinas na UFPA e inquietações com a vida. Vais fazer muita falta aqui nesse pedaço de mundo tão delicado como a Amazônia".
Rosane Steinbrenner, professora e amiga de profissão, lamentou a partida do jornalista e desejou seus pêsames à família dele. "Grande perda! Que seu legado reviva em nós. Nossos sentimentos à família e amigos/as de Dutra. Já com saudade da sabedoria e dino humor dele. Que a Encantaria o receba em festa!".
Nota do Governo do Estado
O Governo do Estado do Pará também manifestou "profundo pesar" pelo falecimento do jornalista, professor e escritor Manuel José Sena Dutra, ocorrido neste domingo (11), aos 79 anos. Manuel Dutra teve trajetória marcante na imprensa paraense, com importante atuação em veículos de comunicação de Santarém e Belém, e também como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo. Reconhecido por sua escrita refinada, senso crítico e compromisso com a defesa da Amazônia, foi agraciado com prêmios jornalísticos, entre eles diversas edições do Prêmio Esso de Jornalismo na Região Norte.
O Governo do Pará se solidariza com os familiares, amigos, colegas de profissão e alunos do professor Manuel Dutra, reconhecendo sua relevante contribuição à comunicação, à educação e à defesa da Amazônia.