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Mesmo com mutirão, 136 mil podem perder Bolsa Família a partir de hoje em Belém

Só 20% dos 170 mil beneficiários da capital fizeram acompanhamento de saúde até véspera do fim do prazo

Victor Furtado

Muitas pessoas estão em risco de perder o benefício do Bolsa Família. Em Belém, mais de 170 mil beneficiários precisam fazer, até as 19h de hoje, o acompanhamento de saúde. É um processo semestral e obrigatório para gestantes, crianças menores de sete anos e mães de 14 a 44 anos. Se não for feito, o pagamento do programa pode ser suspenso ou bloqueado. E mesmo com um mutirão de atendimento, em horário estendido, o número de pessoas que procurou o serviço, que pode ser feito na unidade de saúde mais próxima, ainda é muito distante do total. É necessário levar o cartão do programa, comprovante de residência e histórico de vacinação das crianças ou gestantes.

Lourrane Martins, assessora técnica do programa Bolsa Família na área da Saúde, reforça que às vésperas do final do prazo, só 20% do público total havia feito o acompanhamento obrigatório. Na manhã desta sexta-feira, no início do mutirão, a movimentação em busca da regularização aumentou. Mas ainda, visualmente, a sensação dos servidores nas unidades de saúde é que falta muita gente. A prefeitura adiou o prazo final três vezes. Pela necessidade de inserir os dados dos beneficiários no sistema, não há como prorrogar novamente.

"Estamos esperando que o movimento melhore agora à tarde, mas estamos preocupados com a suspensão ou bloqueio dos benefícios. Nas unidades de saúde sempre procuramos chamar os usuários beneficiários para o acompanhamento. E pela Caixa, os usuários só recebem a comunicação de que precisam fazer o serviço quando estão quase para perder o benefício. Acredito que seja mesmo falta de informação das pessoas", analisa Lourrane.

A nutricionista Vanessa Garcia, que atende na unidade de saúde da Cremação, explica que o acompanhamento de saúde é mais que um processo obrigatório simples. É um atendimento completo, com várias orientações nutricionais, peso e altura (da mãe e da criança), análise das vacinas, suplementações de vitaminas e minerais. Com o período de chuvas e potenciais riscos com o mosquito Aedes aegypti, as beneficiárias que estão fazendo o acompanhamento estão recebendo repelentes e orientações no combate ao inseto e prevenção de doenças.

Adriene Silva Souza, de 33 anos, e o filho Fábio, de dois anos, conseguiram fazer o acompanhamento a tempo. A consulta estava marcada para antes do prazo final. Ela havia ido à unidade da Cremação para remarcar apenas a consulta e descobriu que precisava fazer o serviço naquele momento ou perderia o benefício. Foi atendida na hora. "O programa me ajuda muito. Não estou trabalhando formalmente e tenho outros dois filhos, uma menina de 13 e um menino de 15. Eu me viro", conta.

O público-alvo do do programa são famílias em situação de pobreza (renda mensal entre R$ 89,01 e R$ 178 por pessoa) ou extrema pobreza (renda mensal até R$ 89 por pessoa). As famílias pobres participam do programa se tiverem na composição gestantes e crianças ou adolescentes entre 0 e 17 anos. Para se candidatar, é necessário que a família esteja inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, com seus dados atualizados há menos de 2 anos.

Há duas modalidades de pagamento do benefício. Um é o básico, no valor de R$ 89. O outro é o variável, para famílias com gestantes, nutrizes (mulheres em fase de amamentação) e adolescentes de 0 a 15. Nestes casos, as famílias podem acumular até cinco benefícios de R$ 41, num total de R$ 205.

Belém