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Mesmo após alagamentos, lixo segue sendo despejado de maneira irregular em Belém

Cidade foi para o fundo na noite de domingo (22) mas entulhos que entopem canais continuam em toda a parte

Eduardo Laviano

Mesmo com as chuvas fortes que provocaram alagamentos nos últimos dias, ainda é alta a quantidade de lixo despejada de maneira irregular pelas ruas de Belém, especialmente próximo a canais, principais pontos de escoamento da cidade, já que 40% da superfície de Belém está abaixo do nível do mar. No bairro da Sacramenta, na travessa Mauriti com a avenida Senador Lemos, é tanto entulho que os pedestres precisam passar desviar de caminho o tempo todo. A caixa de supermercado Liane Pereira teve que esperar os carros passarem antes de seguir o caminho de casa. "Às vezes até tiram. O lixo não fica aqui muitos dias, mas não adianta nada porque sempre jogam mais e assim, com madeira no meio, pedaço de móvel. Vem o cachorro e espalha, vem o carro e espalha", lamenta ela que passa pelo mesmo trecho todos os dias. Do outro lado, na mesma esquina, as margens do Canal do Galo também são cheias de entulho. 

No bairro vizinho, os pedreirenses sofrem com alagamentos constantes entre as travessas Antônio Baena e Curuzu. O canal que passa por lá também está com lixo em ambas as margens. Quando a reportagem de O Liberal passou pelo local, um homem queimava o entulho, enchendo o local de fumaça. A situação é praticamente diária e é considerada crime ambiental pelo artigo 54 da Lei de Crimes Ambientais nº 9.605, que prevê multa e até detenção de um ano para eventos que causem poluição atmosférica. Maria Aparecida dos Santos mora nas proximidades do canal e lamenta que nem os alagamentos deixem as pessoas mais conscientes. "O pessoal da Unama fez até uma ação ano passado. Enfeitou o canal, limpou, pintou aqui tudo, encheu de planta. Logo depois já estava entupido de lixo. Vai fazer o que? Quando a chuva chegar em fevereiro aí a população vai pagar. A prefeitura não é babá de ninguém", conta ela.

A Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan), em nota, informa que mantém diariamente a coleta de lixo domiciliar nos bairros da Pedreira e Sacramenta e a coleta de entulho ocorre três vezes por semana. Porém, é necessário a colaboração da população para que reúna os resíduos na porta das casas somente no dia e horário de coleta estabelecidos. Apesar do trabalho de fiscalização e de Educação Ambiental, muitos moradores ainda insistem em depositar lixo domiciliar e entulho fora dos horários de coleta, segundo a secretaria. Caso tenha algum problema na coleta, as empresas prestadoras de serviço à Sesan são notificadas para correção e ajuste no serviço. Qualquer morador pode denunciar descarte irregular ou falha na coleta pelo telefone 156. Via de regra, as coletas são feitas no período da noite, mas as equipes acabam por identificar concentração de lixo já nas primeiras horas do dia (às 6 horas), a exemplo do que ocorre nas avenidas Pedro Miranda, Senador Lemos, Doutor Freitas e Pedro Álvares Cabral. Na avaliação do órgão, as ruas da capital e dos distritos de Belém teriam um menor impacto se muitos moradores disciplinassem o descarte do lixo e dos entulhos em via pública, sobretudo respeitando o horário de coleta. 

A Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) também lembra que desenvolve ações de Educação Ambiental por meio do trabalho de técnicos do Departamento de Resíduos Sólidos (DRES). Equipes realizam atividades em pontos críticos de descarte irregular de resíduos. Eles procuram conscientizar a população com ações voltadas aos estudantes da rede municipal de ensino, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e durante o trabalho de fiscalização, momento em que são montados jardins ecológicos com a utilização de pneus reciclados, usados como vasos. Além disso, a Sesan mantém, na capital e nos distritos, 12 cooperativas que coletam produtos como plástico, metal e madeira e até vidro, e reforça as ações de coleta seletiva com 36 ecopontos instalados em Belém e distritos como Mosqueiro e Outeiro. As ações de Educação Ambiental da Sesan são realizadas ainda por meio de orientação porta a porta. Ao final da nota, a Sesan reitera que, para que a ação tenha resultado, é necessário que a população também faça a sua parte obedecendo ao dia da coleta.

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