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Imprudências na Augusto Montegro e Arthur Bernardes oferecem risco a pedestres e ciclistas

Somente no ano passado, mais de 1200 acidentes, muitos deles com vítimas fatais, foram registrados nessas duas importantes vias de Belém

JP Jussara

A rodovia Arthur Bernardes e a avenida Augusto Montenegro são duas importantes vias de Belém, que movimentam milhares de veículos e pessoas diariamente. E é nesse cenário que se vê a imprudência de muitos condutores: retornos irregulares de carros e motocicletas, uso da via expressa e ciclofaixas, desrespeito à sinalização, e quem mais sofre com isso são os ciclistas e pedestres. Somente no ano passado, mais de 1200 acidentes, muitos deles com vítimas fatais, foram registrados nessas duas ruas, segundo dados do Departamento de Trânsito do Estado (Detran).

Na manhã desta quarta-feira (3), em apenas alguns minutos, dezenas de motoristas foram flagrados cometendo irregularidades na avenida Augusto Montenegro. Em frente ao conjunto Natália Lins, no bairro do Mangueirão, os ciclistas precisavam a todo momento disputar espaço com as motos, que invadiam a ciclofaixa, muitas vezes em alta velocidade, para cortar caminho entre os automóveis, oferecendo riscos também aos pedestres.

"Isso acontece muito aqui, todos os dias. Eles [motoristas] não respeitam a gente, ultrapassam o sinal vermelho, fazem retorno irregular, andam em alta velocidade, e a gente precisa desviar pra evitar ser atropelado. Eu acredito que deveria ter pelo menos um guarda em cada ponto desses onde há muitos acidentes, porque muitas pessoas acabam perdendo a vida", reclamou o operador de caixa Márcio Barreto, morador do bairro do Mangueirão, enquanto tentava chegar no Parque Shopping em sua bicicleta.

Risco de atropelamento

Além do uso indevido da ciclofaixa, também eram comuns os flagrantes de motociclistas que atravessavam a avenida pela faixa de pedestres sem descer do veículo, transitando lado a lado com as pessoas. Alguns se arriscavam a cortar caminho pela pista do BRT, correndo risco de colidir com um ônibus. "Aqui tem muito acidente, muito atropelamento. Semana passada mesmo uma pessoa faleceu por conta de imprudência. Não tem nenhuma fiscalização", disse o cabeleireiro Francisco Junior, morador do conjunto Catalina.

Na rodovia Arthur Bernardes o cenário não era diferente. Por volta das 10h, os flagrantes de irregularidades eram tão comuns que muitos pareciam nem se importar em serem filmados. Próximo à Unidade de Saúde Municipal (UMS) Pratinha I, no distrito de Icoaraci, a atenção dos ciclistas tinha que ser redobrada por conta das motos que, para evitar o engarrafamento e o sinal vermelho, cortavam pela ciclofaixa.

O pedreiro Edmilson dos Santos teve que desviar de um motociclista que quase o atropelou. "Só faltam bater na gente. É moto, é carro, todos passam 'tirando fino', e a gente tem que se defender. Todo dia, toda hora eles invadem aqui a ciclofaixa e a gente precisa desviar. Tinha que ter uma fiscalização, um guarda, radar, qualquer coisa. Desse jeito não dá pra ficar", observou.

Mais de 1200 acidentes em 2020

De acordo com o Detran, em 2020 foram registrados 945 acidentes de trânsito na avenida Augusto Montenegro e 259 na rodovia Arthur Bernardes. A reportagem solicitou dados referentes a 2021, mas o órgão informou que só tinha números dos dois primeiros meses do ano. "Até fevereiro, foram contabilizados 287 acidentes na Augusto Montenegro e 43 na Arthur Bernardes", disse.

Por meio de nota, a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) informou que realiza fiscalização 24h em vários pontos da cidade para manter o trânsito com fluidez e organizado. É o caso das avenidas Arthur Bernardes e Augusto Montenegro, dois dos principais corredores fiscalizados diariamente.

"A Semob informa que na Avenida Arthur Bernardes, a ciclofaixa é o foco maior das operações dos agentes de trânsito, visando a segurança dos ciclistas. A autarquia comunica que todas as infrações flagradas são autuadas pelos agentes", concluiu a nota.

Belém