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Feirantes querem que as atividades do Ver-o-Peso também seja tombadas como patrimônio histórico

A ideia é evitar que o setor de ervas e a Feira do Açaí, por exemplo, sejam remanejados para outras feiras da capital

Dilson Pimentel/O Liberal

O Complexo do Ver-o-Peso é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Mas as atividades realizadas no complexo não são tombadas. E isso preocupa os trabalhadores do local. “Tu tem o Ver-o-Peso tombado. Mas tu não tem as atividades tombadas. E é essa a nota luta”, disse o coordenador geral do Instituto Ver-o-Peso, o feirante Manoel da Silva Rendeiro, mais conhecido como Didi do Ver-o-Peso.

Ele afirmou que há um grupo de trabalhadores que se reúnem regularmente para tratar dos assuntos relacionados à feira. “Nós temos um grupo aqui...não chamo nem de grupo. Chamo de uma brigada de trabalhadores. Tem um representante em cada setor - Mercado do Peixe, Mercado de Carne, ervas, polpa, alimentação, hortifruti. E a gente se reúne uma vez por mês para debater os problemas do Ver-o-Peso, para ver se a gente consegue avançar. E uma das maiores preocupações nossas é fazer com que as atividades sejam tombadas, para que o Ver-o-Peso não venha a acabar”, afirmou.

Atualmente, há 1.150 feirantes cadastrados pela Secretaria Municipal de Economia. Mas cada um tem dois ou três pessoas trabalhando com esse feirante. Com isso, esse número sobe para quase cinco mil trabalhadores no Complexo do Ver-o-Peso, por onde transitam, em média, e desde a madrugada, 30 mil pessoas. “É uma cidade”, afirmou Didi. Ele afirmou que, se fosse feita, o tombamento preservaria as atividades existentes no Ver-o-Peso. “Porque, aí, tu não consegue tirar, do Ver-o-Peso, a erva (as erveiras), o hortifruti, a Feira do Açaí. Anos atrás, tentaram e nós fizemos uma resistência imensa para que a Feira do Açaí não fosse para o Tucunduba. Foi uma luta. Se a gente leva para o Tucunduba a Feira do Açaí, seria um caos. Tava acabado. Resistimos e a Feira do Açaí tá aí. Agora, a gente precisa tombar as atividades dos trabalhadores”, afirmou. Em 1977, foi tombado, pelo Iphan, o conjunto arquitetônico e paisagístico Ver-o-Peso e áreas adjacentes: Praça Pedro I e Boulevard Castilhos França, inclusive o Mercado de Carne e o Mercado Bolonha de Peixe.

Secon e Iphan se manifestam sobre tombamento do Complexo do Ver-o-Peso

Em nota, a Secretaria Municipal de Economia (Secon) informou “que não é de conhecimento do órgão propostas sobre o tombamento das atividades exercidas no Complexo do Ver-o-Peso e que não há estudos na secretaria sobre o tema”. A Secretaria acrescentou que não existe nenhum processo em análise sobre a transferência de qualquer setor do Ver-o-Peso para outras feiras da capital.

Em fevereiro de 2020, técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) participaram de uma reunião com um grupo de representantes dos permissionários da feira do Ver-o-Peso. Na ocasião, foi explanado como se dá o processo de registro de um bem de natureza imaterial. "Cabe ressaltar que o ato administrativo de tombamento não cabe neste caso. Até o presente momento, o Iphan-PA não recebeu solicitação para tal registro", informou o Iphan.

Belém