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Em Belém, homem em situação de rua vê nos animais abandonados uma companhia segura

Ele tem lapsos de memória, mas sobrevive na companhia de cães e com a solidariedade de transeuntes

Eduardo Rocha / O Liberal

Com a memória alterada em virtude de acidente sofrido há cerca de oito anos, mas com um carinho imenso com os animais, Gilson Rodrigues, de 43 anos, vive em situação de rua, na esquina das avenidas Alcindo Cacela e Conselheiro Furtado, no centro de Belém, e virou uma espécie de "depósito de bichinhos". Ele convive com animais abandonados e tem neles uma companhia segura. Pessoas deixam cachorros nas ruas e muitos deles acabam encontrando abrigo com Gilson. Acontece que tanto ele quanto os animais sobrevivem a duras penas no espaço público e necessitam de apoio.

Gilson consegue sobreviver graças à ajuda que recebe de transeuntes, que, solidarizados com a situação do homem, repassam auxílio em forma de "trocados", roupas usadas que ele consegue vender e obter renda para alimentação e outros donativos. Entre as poucas lembranças que guarda, Gilson, à frente da barraca onde vive com os cachorros, contou para a Redação Integrada de OLiberal.com, que atuou como mecânico.

Melhores amigos

Como revelou, desde 2013 Gilson sobrevive na rua e convive com todo tipo de pessoa. Sobre o fato de viver com os cachorros, ele disse: "Tem gente que me julga, tem gente que me critica, tem gente que julga e não me ajuda, tem gente que elogia...".

Ele declarou que, no momento, está com quatro cachorros, mas já teve ocasião de ter até dez cães. "Eu pego cachorro abandonado por aí, eu cuido; algumas pessoas me ajudam a castrar, devolvo para a rua, doo castrado", afirmou. "Eu acho que não estou fazendo mal para ninguém", completou.

Gilson contou que precisa fazer uma cirurgia de traqueostomia. Ele usa um aparelho na região do pescoço e não poder falar por muito tempo, sob pena de ter crise de tosse. Com cicatrizes pelo rosto e em outras partes do corpo, o homem relatou que, pelo que pouco se lembra, chegou a dar entrada no Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, em Ananindeua, após ter tomado um choque elétrico.

O homem disse que passou seis meses em coma e um ano internado. "Desde que eu retornei em mim, meu deu vontade de cuidar de um cachorro", narrou, marcando sua retomada de vida em companhia dos animais, que são, como ele mesmo diz, seus melhores amigos.

Apoio da Prefeitura

Ainda na tarde desta terça-feira (22), a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), por meio do Centro de Zoonozes, informou que um técnico será enviado para avaliar a situação dos animais e conversar com Gilson, além de levar os animais para castrar.

"E, se ele permitir, levar alguns para nossa feira de adoção. Vamos oferecer também um apoio psicológico para ele", informou a gestão municipal.

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