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Economia do lixo: Carnaval é época mais rentável para catadores

Balanço foi bom para cooperativas de coleta e reciclagem de lixo, que têm atuação redobrada

Vanessa Van Rooinjen

Para deixar a cidade limpa depois do Carnaval, os trabalhadores de cooperativas de coleta de lixo têm o trabalho redobrado. Esta não é uma reclamação da categoria, já que é neste período do ano que a geração de renda desses trabalhadores aumenta. Sara Reis tem 39 anos e trabalha com coleta de lixo há 26 anos. Ela afirma: "Esse evento nos dá grande rendimento aliada a nossa contribuição para preservar o meio ambiente". 

Sara representa a Associação dos Recicladores das Águas Lindas (ARAL), que faz coleta de lixo por toda a capital paraense. Ela conta que somente em fevereiro, devido ao Carnaval, foram coletados 98 toneladas de lixo. "Além do coletado externamente, esse ano fizemos parceria com vários eventos fechados e deu para render bastante. Esse ano houve um aumento de latinhas descartadas, isso é bom porque a latinha é o produto mais caro. O valor do kilo dos resíduos coletados varia de material para material", explica.

A coleta seletiva pode ser feita por qualquer pessoa, por isso, os interessados podem deixar os resíduos domésticos no centro de triagem das cooperativas ou entrar em contato pelos números disponíveis na internet. A catadora explica que todo o material coletado passa por um processo de descontaminação, triagem e trituração para que volte a ser matéria prima. Depois disso, o produto volta para o mercado", explica. Ela disse ainda que a Prefeitura de Belém sede os caminhões e o galpão para realização do trabalho.

A Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) informou que todo o material coletado durante o Carnaval, na capital paraense, foi encaminhado para três associações e cooperativas que trabalham com a coleta seletiva no município. Somente para a Associação de Catadores de Coleta Seletiva de Belém (ACCSB) foram entregues 35 quilos de alumínio e 25 quilos de garrafas pet. Outros 41 quilos de alumínio e 29 quilos de pet foram encaminhados para a Cooperativa Filhos do Sol. Além disso, 65 quilos de ferro, 27 quilos de alumínio e 10 quilos de pet foram destinados à Cooperativa Grupo Marília (Filhos do Sol).  

ÉPOCA DE OURO

A Ong Noolhar desenvolve ações de educação ambiental há 12 anos em vários estados do Norte e Nordeste, possuindo sede também em Belém. Por meio do trabalho com cooperativas de coleta de lixo, a organização não-governamental realiza projetos de coleta seletiva e transforma o lixo, descartado por muitos, em produtos que serão reutilizados. Além disso, a ONG trabalha em prol da geração de renda, principalmente envolvendo os catadores de lixo, e executa a economia solidária, economia criativa e economia sustentável. 

A coordenadora da Noolhar, Patrícia Gonçalves, afirma que é necessário que sejam desenvolvidos planos sustentáveis para o Carnaval. Para ela, é possível brincar e preservar o meio ambiente ao mesmo tempo. "Uma das alternativas para melhorar a limpeza das ruas nesse período do ano é incluir os catadores. Eles fazem a coleta seletiva, ajudam a manter o espaço limpo e aproveitam o que está na rua para reutilização. Cerca de 70% dos resíduos que estão na rua podem ser reciclados e reutilizados", argumenta.

Patrícia afirma também que no período do Carnaval é preciso que haja um trabalho de conscientização junto aos brincantes e trabalho de educação ambiental antes de começar a folia. "As pessoas precisam entender sobre o descarte correto dos resíduos e lembrar que o lixo considerado para uns é geração de renda para outros", afirma. 


 

Ananindeua