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Dignidade Menstrual: mulheres e meninas periféricas são as maiores vítimas da sociedade

Em uma análise da pobreza menstrual, realizada entre a Prefeitura de Belém e a UNICEF, mostrou que apenas 25% tem acesso a água e sabonete para realizar a higiene

Amanda Martins

Embora a menstruação seja um fenômeno biológico natural, ainda há muitas pessoas que menstruam que não têm o mínimo acesso a itens básicos de higiene e condições adequadas de saneamento, seja em casa ou na escola. Sem recursos, mulheres e meninas que estão vivendo em vulnerabilidade social, utilizam papel higiênico, panos e até mesmo miolo de pão para “suprir” a falta do absorvente íntimo, acentuando a pobreza menstrual existente no Brasil. 

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Segundo ela, quando se fala da “dignidade menstrual” assume-se o compromisso que cada pessoa que menstrua deve ter acesso a respeitabilidade de ter direito de ter como fazer a sua auto higiene com os produtos adequados e usar absorvente, totalmente com qualidade e respeito. 

Para que a  ideia “saia do papel”de fato, a UNICEF tem trabalhado juntamente com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), buscando quais são os grupos mais propensos a serem afetados.  

“Em Belém, nós temos ações não somente focadas na distribuição de absorventes, mas no acesso à informação focada em adolescente, porque é importante que eles tenham conhecimento do que é a pobreza menstrual e como podemos atuar em conjunto para que isso não se reverbere de forma negativa no seu processo de crescimento, desenvolvimento na escola, no seu estar e a vida como um todo”,  afirma. 

Rayanne destaca que foi na capital paraense, em uma análise da pobreza menstrual, realizada entre a Prefeitura de Belém e a UNICEF, que foram divulgados a triste realidade que a cidade se encontra. De acordo com Rayanne, mais de 80 pessoas ouvidas conhecem o seu ciclo menstrual, mas apenas 45% - na faixa etária de 10 a 19 anos, tinham acesso a alguns itens básicos que garantiam a dignidade menstrual, que eram água, sábado e papel higiênico.

“Mas só 25% tem acesso a água e sabonete. Se você olhar mais criticamente, estamos falando de pessoas da periferia, de uma população carente que não detém 100%  da garantia menstrual, que não tem acesso a banheiro adequado a absorvente", disse Rayanne.

Coletivo ajuda a combater a pobreza menstrual em mulheres da periferia de Belém

Na Região Metropolitana de Belém, o coletivo Mulheres Por Elas (MPE)  há três anos torna acessível produtos de higiene básica e combate a pobreza menstrual para mulheres e pessoas que menstruam. Originalmente, o projeto social é de Curitiba, e também pode ser encontrado em mais de sete regiões do país. 

As voluntárias arrecadam absorventes, shampoo, sabonete, escova de dente, serra de unha, camisinhas e lenços umedecidos são transformados em kits. As distribuições ocorrem durante as ações do projeto centralizados nas regiões periféricas da cidade, praças e comunidades carentes. 

De acordo com Ana Júlia Soares, uma das voluntárias, o MPE não costuma alcançar apenas moradoras da Região Metropolitana ou da capital paraense, mas sim, estar onde “exista situação de vulnerabilidade social”. A próxima ação do coletivo é dia 25 de março na Ilha de Paquetá (PA). 

image As voluntárias do MPE mostrando os kits que serão distribuídos (Cristino Martins / O Liberal)

“Os kits que destruímos são comprados através de doações que recebemos, das contribuições mensais das nossas voluntárias e arrecadação de dinheiro dos bazares semanais que fazemos”,   disse Ana Júlia.

Segundo uma das coordenadoras, Eduarda Abreu, são distribuídos cerca de 50 kits mensais, mas infelizmente, as doações não são suficientes para atender toda a população que necessita.  

“O maior objetivo do MPE é combater a pobreza menstruação levando dignidade para essas mulheres que estão em situação de vulnerabilidade. Mas o nosso maior sonho era não precisar existir, porque teriam políticas públicas que forneceriam esses utensílios que ajudaram elas na contenção da menstruação”,  finalizou Eduarda.

 

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