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Cerca de 54% dos brasileiros afirmam fazer uso constante de smartphones durante o dia

Especialista fala que comportamento faz parte de uma extensão corporal que os aparelhos tecnologicos tem criado com o ser humano; uso deve ser equilibrado

Camila Azevedo

O uso dos smartphones passou a ir mais além do que apenas o acesso a redes sociais - eles são utilizados também para pagar contas, checar compromissos na agenda, ver filmes e séries. Esses aparelhos são tidos atualmente como uma extensão do corpo e cerca de 54% dos brasileiros afirma fazer uso do celular constantemente durante o dia. O número é da pesquisa “Hábitos Mobile - 2022'', realizada pela empresa de pesquisas Hibou, e revela, ainda, o quanto a democratização dos acessos possibilitou o contato com informações diversas.  Do ponto de vista psicológico, a discussão já não fala mais em vício nesses aparelhos, mas em como cuidar da saúde de um jeito que essa proposta seja positiva. Afinal, muita gente confia até mesmo a própria memória aos dispositivos e vem substituindo cada vez mais tarefas e atividades com apps na palma da mão.

Uma das coisas que o uso do celular ajudou a transformar foram as relações humanas e interações sociais. Segundo a pesquisa, o uso das redes sociais é a principal função utilizada nos smartphones para 89% das pessoas, sendo, ainda, um importante meio para gerar impacto nas ações publicitárias e aumentar o consumo dos produtos vendidos. Esse tipo de relacionamento, como analisa a psicóloga Rafaela Guedes, não se dá somente entre amigos e familiares, mas, também, em uma relação entre pessoas desconhecidas que acabam fazendo parte da rotina, como é o caso de influenciadores digitais e demais produtores de conteúdo. “É como se as pessoas estivessem em busca daquilo que está faltando para se sentirem completas. À medida que elas supõem que aquilo que o outro tem é o que lhe falta, sejam roupas, viagens, relacionamentos, o que for, ela vai querer consumir. O ser humano está sempre em busca dessa completude”, afirma.

Ter equilíbrio nas ações que envolvam o uso dos celulares é fundamental para a saúde. Não conseguir concentração no desenvolvimento de atividades laborais, dificuldades de conexão pessoal com os familiares e durante a socialização devem ser fatores observados de comportamento de uma relação que sai do campo saudável. “A gente sabe que a internet é veículo de existência: a gente conversa, compra, paga, se informa, agenda, trabalha, tudo pela internet. Esse é um ponto que a gente tem que considerar, é um vínculo existencial. Mas, a partir do momento que ele não é essencial para a tarefa que você está fazendo, mas você não consegue realizar, produzir, se concentrar porque você não está com seu smartphone, isso é um sinal de alerta”, explica Rafaela.

Um estado de desamparo e angústia pode ser encontrado quando o aparelho móvel não está presente. A psicóloga fala que a tecnologia está intimamente ligada ao nosso cotidiano, seja para o deslocamento, seja para o trabalho. “Por necessidade da nossa vida atual para socializar, também, a gente precisa da internet e o smartphone é o acesso mais rápido que a gente tem para isso, mais livre, de certa forma é parte mesmo da nossa existência. O segundo ponto é que, quando não há necessidade naquele momento pontual de fazer o uso, no trabalho, encontro com o amigos, cinema, momento com a família, mas a pessoa não está com o aparelho e sente como se tivesse perdido uma parte de si, a gente já tá numa patologia que precisa de cuidado”, pondera.

O celular como uma extensão do corpo humano no sentido de resolução de problemas e melhorias no tráfego de informações é uma realidade que chegou para facilitar o dia a dia. “Num viés de realidade social, ele é parte da nossa existência, a conexão é parte e ele é o meio mais comum de fazer uso disso. É uma necessidade da nossa vida para circular, produzir, socializar, é por isso que ele pode ser considerado uma extensão, mas, ainda nesse contexto, a gente não precisa dele 100% do tempo. Tem atividades em que o smartphone não é necessário”, finaliza a psicóloga. 

Enquete

Como você fica quando precisa se afastar do celular por muito tempo?

  • Nonato Santos, 38 anos, eletricista: “Na verdade, assim, depende do tempo. Se for de 15 a 30 minutos, para mim é normal, só não posso passar mais de 2h porque, às vezes, tem muita coisa de trabalho e vida pessoal que a gente precisa se situar, mas tirando isso é normal pra mim ficar até 40min, não sinto falta”.
  • Ariane Moraes, 24 anos, empreendedora: “Fico bastante ansiosa, eu percebo que fico agoniada, parece que tem alguma coisa faltando”.
  • Rosiane Ferreira, 46 anos, doméstica: “Fico ansiosa porque me aproxima das pessoas, da família e faço uso também pra minha missão, eu uso pra igreja”.
  • Vitor Trindade, 28 anos, advogado: “Hoje em dia eu sou mais tranquilo com relação a isso, porque a gente trabalha com celular e é até terapêutico. Eu até prefiro ficar longe, neste momento não posso porque preciso trabalhar, mas fora isso é tranquilo".
Belém