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Centro de Valorização da Vida redobra atendimentos na virada do ano

O serviço funciona 24 horas por dia e de forma totalmente gratuita, anônima e sigilosa

Dilson Pimentel

Datas comemorativas como o Natal e Ano Novo são sinônimos de celebração e confraternização. Mas, para algumas pessoas e por motivos diversos, momentos que trazem tristeza e solidão, especialmente para quem mora sozinho ou longe da família, ou ainda para quem tem dificuldade de se integrar e compartilhar questões de foro íntimo que causam aflição e angústia. E, nesse contexto, é importante o trabalho realizado pelo Centro de Valorização da Vida (CVV).

O CVV é um serviço de apoio emocional e prevenção do suicídio que, neste ano de 2022, completou 60 anos de fundação. Todas as pessoas que trabalham na entidade são voluntárias. Atualmente, há 4.200 deles em todo o Brasil atuando em 120 postos de atendimento espalhados por quase 100 cidades no Brasil.

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No Pará há dois postos de atendimento: em Belém e Santarém. Mas ambos atendem todo o Brasil. Todos os postos estão interligados, através do telefone 188, que é um número cedido pelo Ministério da Saúde.

A pessoa que liga vai conversar com um voluntário que estiver disponível em qualquer lugar do País. Em 2022, houve cerca de 5 mil chamadas originadas do Pará.

“O CVV nunca pára seus atendimentos. A proposta é estar disponível 24 horas por dia, sete dias na semana, para quem precisar de acolhimento e de uma boa conversa”, diz Luiza Montenegro, voluntária e porta-voz do CVV em Belém.

CVV funciona de forma totalmente gratuita, anônima e sigilosa

O CVV funciona de forma totalmente gratuita, anônima e sigilosa. Quem busca pelo serviço pode ter a certeza de que vai falar com alguém que não saberá seu número de telefone e nem de onde fala, vai saber apenas o que ela quiser informar.

“É muito importante para as pessoas ter essa proteção de poder falar sem se preocupar com que o outro vai pensar, com quem vai estar do outro lado da linha. Será alguém que terá um contato muito profundo com o que ela está sentindo e com quem ela poderá dividir suas aflições sem medo de críticas e julgamentos, porque a outra pessoa não a conhece. E, a partir do momento em que ela desligar, aquilo não vai ser uma ameaça. Não vai ter ninguém para conversar com ela depois e trazer esse assunto à tona”, explica Luiza.

Balanços de fim de ano podem ser frustrantes

De acordo com Luiza Montenegro, esse período acaba sendo um momento de reflexão sobre tudo o que foi feito longo do ano que está acabando e os planos para o ano seguinte. “E esse balanço pode não ser satisfatório. Muitas vezes causda uma certa frustração e a pessoa percebe que não realizou o que havia planejado, não fez as coisas como gostaria, ou teve perdas significativas que não conseguiu superar”, detalha.

As festas de fim de ano também são um momento de confraternização e, segundo Luiza, quem não participa dessas reuniões pode acabar se sentindo isolado e desconectado. “Então pode gerar também esse sentimento de solidão, de desconexão com o outro, de não partilhar um sentimento que contamina outras pessoas em redor”, disse.

Por conta disso, os voluntários são estimulados a doar um pouco mais de seu tempo ao trabalho no CVV. “Há um estímulo para que, quem puder, doe um pouquinho mais de tempo para o atendimento de pessoas que precisam do CVV nesse período, de maneira a reduzir a espera de quem liga para os nossos postos, pois, sabemos que há um aumento da procura. Isso é incentivado dentro desse grupo de 4.200 voluntários”, afirmou.

“Quem estiver passando por algum momento nesses dias e queira conversar com alguém fique à vontade para ligar para o CVV, no telefone 188, e nossos voluntários vão estar lá, disponíveis, para conversar com você”, orienta. "A ligação é gratuita e a pessoa pode conversar pelo tempo que desejar."

CVV Belém abrirá novas vagas para voluntários em fevereiro 

Em fevereiro deste ano, o CVV abrirá novas vagas para voluntários em Belém. Os candidatos passarão por um treinamento com carga horária de aproximadamente 24 horas (durante oito semanas) e que é feito uma ou duas vezes no ano. E o primeiro de 2023 será em fevereiro.

Após o treinamento, o voluntário passa a fazer os atendimentos, escolhendo o dia da semana e o horário que lhe for mais conveniente (pela manhã, tarde ou noite). Os plantões são semanais.

O voluntário Renato Caetano de Jesus recorda de um plantão que fez na virada do ano. “Foram mais de 70 ligações em cerca de duas horas, uma coisa impressionante”, disse. “Teve muita gente que ligou para agradecer a existência do CVV, desejar um bom ano para nós, dizer que eram gratos por algum motivo. Mas, também havia muita gente ansiosa, desesperada, desesperançada. Algumas pessoas, além da sensação de isolamento, sentiam-se exiladas da vida”, descreve.

Segundo Renato, as pessoas procuram o CVV durante todo o ano, mas, a mudança no calendário acaba sendo um marco, um símbolo de encerramento e reinício de ciclo. E isso está embutido na mente das pessoas. Por isso, historicamente, o período de Natal e do Ano Novo tem muita procura pelos serviços do CVV.

Saiba como falar com o CVV

O CVV presta serviço voluntário e gratuito de prevenção do suicídio e apoio emocional para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo. Em 2021 foram mais de 3,6 milhões de atendimentos feitos por cerca de 4.200 voluntários em mais de 120 postos de atendimento através do telefone 188 (sem custo de ligação) ou pelo site www.cvv.org.br, via chat e e-mail apoioemocional@cvv.org.br, e também por carta.

O CVV é uma entidade financeira e administrativamente independente, mantendo-se por meio de doações de pessoas físicas e jurídicas.

Para colaborar, acesse https://www.cvv.org.br/colabore.

Belém