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Capacidade de regulação climática está sendo destruída na Amazônia, alerta pesquisadora

As causas são o desmatamento da floresta e a degradação decorrente da exploração predatória de madeira e de queimadas e incêndios na região

João Thiago Dias

Nesta quinta-feira (05), no Dia da Amazônia, não há motivos para comemorar diante das evidências científicas que apontam que o desmatamento da floresta e a degradação decorrente da exploração predatória de madeira e de queimadas e incêndios na região estão destruindo a capacidade de regulação climática. Quem alerta é a ecóloga Ima Vieira, pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi.

"O que pode nos levar a mudanças abruptas e profundas no clima do continente. Essa regulação climática é bem conhecida dos climatologistas, que cunharam de rios voadores as imensas massas de vapor d´água que se deslocam da região amazônica para a região centro-sul do país e respondem por grande parte da chuva que acontece nessa região e em várias partes do mundo. O desmatamento e queimadas alteram o equilíbrio deste ciclo hidrológico", contou Ima Vieira.

Segundo a pesquisadora, as queimadas constantes induzem mudanças na vegetação, reduzindo a capacidade natural da floresta em estocar e reciclar nutrientes, com enormes implicações para o ciclo global de carbono. 

"O mundo emite cerca de 40 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera a cada ano. A Amazônia absorve 2 bilhões de toneladas de CO2 por ano (ou 5% das emissões anuais), o que a torna uma parte vital da prevenção das mudanças climáticas. Embora as queimadas na Amazônia variem muito durante e entre os anos, em agosto houve um aumento notável em incêndios extensos, intensos e persistentes na região", detalhou.

Ela também pontua que a Amazônia abriga uma diversidade biológica imensa, incluindo centenas de plantas usadas nas medicinas tradicional e moderna. Dessa forma, a destruição da floresta leva à perda irreparável dessa biodiversidade. "E perde a humanidade, pois nela pode estar a cura de várias doenças que afetam a humanidade, como câncer, mal de Alzheimer, dentre outras", sinalizou Ima.

Outro alerta é que as queimadas fazem parte do sistema de produção agrícola na Amazônia para preparo de área para plantio, mas, quando escapam do controle do agricultor, causam incêndios de vastas áreas de florestas e áreas agrícolas e causam prejuízos econômicos, afetando a saúde e a mobilidade da população. 

"Além disso, há uma mobilização enorme de recursos para monitoramento, fiscalização, com brigadas contra incêndios, equipes super especializadas etc. Quando a queimada é criminosa há todo um aparato policial, judiciário por trás, que também gera custos à sociedade como um todo", disse.

Programação alusiva ao Dia da Amazônia

Nesta quinta-feira, o Museu Paraense Emílio Goeldi realizará uma programação alusiva ao Dia da Amazônia, tendo dentre as pautas as altas taxas de desmatamento e o aumento de focos de queimadas na floresta. Às 9h, no Parque Zoobotânico, em Belém, a ecóloga Ima Vieira, em parceria com o zoólogo Horácio Higuchi, conduzirá o público à mostra “Transformações: a Amazônia e o Antropoceno”, que tem a curadoria de ambos. 

A exposição, em exibição no Pavilhão Domingos Soares Ferreira Penna, a Rocinha, apresenta dados sobre uma nova era geológica provocada pelas alterações do homem na superfície da Terra, tendo como exemplo a Amazônia. Inaugurada em dezembro de 2016, a exposição teve dados atualizados pela Coordenadoria de Museologia, que neste dia inicia a segunda fase do projeto. 

Das 10h às 12h, no auditório Alexandre Rodrigues Ferreira, será realizada a mesa redonda “Amazônia em chamas. Quais consequências?", com Ima Viera, o linguista e antropólogo Denny Moore e a ecóloga Marlucia Martins. A proposta será indicar análises científicas para uma preocupação que ultrapassa as fronteiras geográficas da Amazônia. 

Belém