Canais de Belém: muretas quebradas, lixo acumulado e moradores sob risco
Situação caótica perdura há anos, como relata quem mora perto desses locais para escoamento de águas
Situação caótica perdura há anos, como relata quem mora perto desses locais para escoamento de águas
Na Cidade de Belém, existem 65 canais destinados ao escoamento de águas, em uma região marcada pela incidência de chuvas e grande quantidade de água. Ocorre que grande parte dessas estruturas necessita ser recuperada de forma urgente, como uma demanda que se arrasta há tempos. Tanto que somente em três canais de grande extensão -- da avenida Cipriano Santos, no bairro de Canudos; da travessa Visconde de Inhaúma, na Pedreira, e no da 3 de Maio, no bairro de Fátima -- , é possível serem observados danos que colocam em risco a integridade das famílias que residem nesses locais.
No Canal da Cipriano Santos, entre a avenida Tucunduba e a passagem Francisco Xavier, há mais de seis meses perdura uma situação que aflige os moradores no perímetro. Uma parte da lateral do canal, com mureta e tudo, desabou, caindo para o interior onde correm as águas. Com isso, abriu-se uma fenda que ocupa a maior parte de uma das laterais do canal.
Para identificar essa área de perigo, os moradores sinalizaram o local com pedaços de madeira. Essa iniciativa inclui uma cadeira velha colocada como indicativo do buraco aberto na via pública.
Ainda no Canal da Cipriano Santos, na esquina com a passagem Eduardo, há duas situações graves para os moradores. Não há muretas nos dois lados da divisa do canal com a pista para tráfego de veículos, e para identificar o perigo para quem circula por ali foi colocada uma estrutura de ripas de madeira.
Canal da Cipriano Santos, em Canudos: retrato da falta de manutenção (Foto: Cristino Martins / O Liberal)
Canal da Visconde de Inhaúma: pneus como mureta (Foto: Cristino Martins / O Liberal)
Marcelina Carmo da Silva, 67 anos, mora na travessa Humaitá, perto desse canal. "É um risco constante para as pessoas", destaca, mostrando-se desesperançada de que a Prefeitura de Belém vá fazer algo para melhorar a situação dos moradores. "A Prefeitura não faz nada", acrescenta.
Na esquina da travessa Mauriti, foi organizado um jardim com plantas colocadas em pneus como vasos e uma placa indicando para não se jogar lixo no local. Contudo, ao lado, no começo de uma as laterais do Canal da Visconde de Inhaúma, há um "espaço" de depósito de lixo e entulho. "O urubu remexe o lixo e aí fica fedendo, uma fedentina só", relatou Júlio César Marques, 41 anos, autônomo, morador da Visconde de Inhaúma.
"A Prefeitura limpa, mas o pessoal vem e joga lixo aqui, quando transborda leva lixo para dentro do canal e a rua também fica inundada", conta Nelson. "Eu penso que se deveria limpar o canal, e as pessoas não jogarem mais lixo", assinala, acrescetando que a falta de mureta e desestruturação do espaço ocorrem há cerca de 20 anos.
A Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) informou, em Nota, que, desde 2021, vem atuando na limpeza e dragagem dos canais de forma recorrente e ininterrupta. "Informa também que serviços de recuperação e manutenção já estão previstos, para iniciarem na próxima segunda-feira, 3, em trechos específicos de canais e galerias da cidade".
"Vale ressaltar que, ainda neste semetre, os canais da Gentil, Cipriano Santos e Teófilo Condurú passarão por obras do Governo Estado em parceria com a Prefeitura de Belém", comunicou a Sesan.