Caminhada do Grito dos Excluídos leva reflexões às ruas de Belém
A caminhada iniciou no Mercado de São Brás e seguiu até a Praça da República
A caminhada da 25ª edição do Grito dos Excluídos começou por volta das 10 horas. O ato é realizado por movimentos e pastorais sociais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O tema a ser refletido neste ano pelos participantes é "Vida em primeiro lugar. Esse sistema não vale! Lutamos por justiça, direito e liberdade". A caminhada deste sábado começou com um ato inter-religioso (ecumênico), a partir das 8 horas, no Mercado de São Brás. Em seguida, iniciou a caminhada cujo encerramento ocorre na Praça da República. Eles seguiram, na contramão, pela Magalhães Barata.
Muitos policiais militares ficaram posicionados no entorno do Mercado de São Brás e, também, acompanham o ato.
Agentes de pastorais, religiosos, leigos, sindicalistas e ativistas estão entre os participantes do grito, além de fiéis de outras denominações religiosas. A caminhada contará com cinco paradas - em cada uma delas haverá reflexões e cantos alusivos ao tema. Os participantes denunciam o "genocídio da juventude negra". "Todos são bem-vindos. Vamos mostrar para a sociedade, para as autoridades, que não aceitamos esse sistema que mata, exclui e pisa nos direitos dos mais pobres, dos mais marginalizados", disse o padre Paulo Joanil da Silva, coordenador da Comissão Pastoral da Terra no Regional Norte 2 da CNBB.
Segundo ele, o Grito dos Excluídos "é um grito da população que vive já há muito tempo excluída de direitos, de liberdade, de dignidade". Padre Paulinho, como ele é mais conhecido, falou ainda sobre o sistema. "Ele nunca vale para os pobres, para os desempregados, para a juventude negra, para as comunidades tradicionais. Esse sistema não vale porque gera exclusão social, marginalização, violência", disse.
O tema, neste ano, tem quatro eixos para promover a reflexão. "O primeiro é o capitalismo. Um sistema capitalista que está alicerçado em grandes projetos para a Amazônia, que tem como único objetivo explorar, usurpar e não desenvolver a Amazônia. Desenvolvimento nós nunca vimos. Para o sistema capitalista, desenvolver significa levar nossas riquezas, destruir as florestas, os rios. O segundo eixo é direitos. Sem direitos de todos, e não de uma minoria que tem poder econômico altíssimo na mão, não é direito, é um sistema torto, perverso", explicou.
E acrescentou: "O terceiro eixo é a Justiça, porque Justiça e direito caminham juntas. Queremos uma sociedade justa, menos desigual, menos separada por alguns que estão em cima da pirâmide, vivendo como verdadeiros barões às custas da maioria de baixo, os escravizados. E o quarto eixo é a liberdade. Não é possível um sistema humano, fraterno, sem a plena liberdade. E liberdade aqui é compreendida como uma verdade ainda a ser conquistada. Porque quem tem fome, quem sofre nas filas dos hospitais, quem, como as comunidades indígenas e quilombolas, que são agredidas pelo agronegócio, pelos grandes projetos, não têm liberdade. São massacrados, escravizados".