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Belém prevê 75% da população imunizada até novembro; população e profissionais celebram possibilidade

Belém vacina idosos com a 3ª dose de reforço, junto com os profissionais da saúde, grupo esteve entre os primeiros vacinados

Emanuele Correa

Tempo cíclico é uma sucessão de atividades com começo, meio e fim e um novo começo. Durante um ano e meio de pandemia, esta tem sido a percepção de tempo para muitos paraenses, principalmente, quando a vacina era apenas uma esperança e não uma realidade. Agora, a campanha de vacinação encontra um novo começo, quando o Estado volta a vacinar a população idosa - primeiro grupo a ser imunizado, junto com os profissionais da saúde - com a 3ª dose de reforço, em um mutirão de vacinação.


Fazendo o mesmo caminho da 1ª e 2ª dose, dona Maria Lúcia Furtado, de 79 anos, acordou cedo, arrumou os documentos e saiu da da sua casa, no bairro da Sacramenta. Estava acompanhada pelo neto Marx Furtado até ao posto de vacinação da faculdade Fibra, na terça-feira (28), no 2º dia de mutirão de imunização contra a covid-19. Ela conta que estava feliz e aguardava a terceira dose. Acredita que somente a vacinação permitirá a superação. "Muita felicidade. Estou me vacinando pela terceira vez, eu quero cuidar da minha saúde. Estava ansiosa para tomar essa vacina, porque também vou proteger toda minha família. Tem bastante gente, mas tem que esperar né? Tem que ter paciência", disse Maria exibindo a carteirinha.

Marx relembra o começo difícil de quando a pandemia se instalou. Acredita que neste momento é possível viver um novo começo. "Eu me sinto relaxado, feliz de ver meus avós se vacinando. Vimos muitas pessoas perderem os familiares. Era a minha maior preocupação, tanto que eu me isolava. Me mantive em casa, mantendo o mínimo contato possível. Com esta terceira dose, estou ainda mais tranquilo", reforça o neto.

Ao passo que a imunização avança e, de acordo com a previsão da Prefeitura de Belém, 75% da população acima de 18 anos estará com o esquema vacinal completo até ao final de novembro. Gisele Bemuyal, coordenadora do posto do Cassazum, relembra o percurso da vacinação no começo do ano: rostos marcados pela máscara, um cochilo tirado por alguns minutos em um corredor, famílias que foram construídas no afeto e no trabalho e muitos profissionais da linha de frente, exaustos, mas esperançosos.

"Aqui neste posto já ouvimos muitas histórias, já levamos empurrões, cusparadas e até ameaças. Deixamos nossos postos de trabalhos e famílias. Mas estamos aqui todos os dias, fazendo a vacinação avançar. Estamos exaustos, mas com a esperança que tudo isso passe, que até o final de novembro 75% da população de Belém esteja imunizada, que estejamos mais próximos dos dias normais", pondera Gisele.

 

Profissionais da vacinação relembram o começo difícil da pandemia

Alguns momentos tornaram-se ainda mais especiais para quem está na linha de frente. É o que revela a enfermeira Rosane Favacho, do posto do Mangueirinho. Ele conta que começou na enfermagem para cuidar dos filhos que viviam doentes, mas que hoje sente, neste serviço de vacinadora o juramento da sua profissão sendo exercido diariamente.

"É muito gratificantes estar na linha de frente. Quantas pessoas já vacinamos e quantas ainda estão por vir se vacinar... Acolhemos qualquer pessoa. Abraçamos aqueles que vêm chorando, que perderam seus entes queridos. É vida, respeito, amor. Cada pessoa que é vacinada pelas nossas mãos tiram uma foto, vai ficar na memória, chega dá vontade de chorar! Ainda não termina por aqui. Quem se vacinou precisa ter cuidado, explicamos sempre isso. Usar máscara, álcool em gel e ter cuidado nos locais que vão", conta Rosane.

Oneide Bittencourt, técnica de enfermagem também no Mangueirinho, diz que é uma benção ver muitos vacinados voltando às suas vidas e os números de casos e de mortes da covid-19 diminuindo. Respira mais aliviada e emocionada após esses meses. O prêmio foi quando ela vacinou a filha com a primeira dose. "A minha filha veio se vacinar comigo, a primeira dose, e a minha filha vem se vacinar comigo novamente. Foi o momento que eu mais esperei e o mais emocionante", relata.

Bittencourt, como é conhecida, declara que além da covid-19 o seu outro combate é contra a desinformação e tem esperança que as pessoas se vacinem. Em particular, o seu filho que já teve a doença três vezes, mas se recusa vacinar. "Meu filho está com medo, não quer se vacinar porque disseram para ele que é a marca da besta. Ele tem 26 anos. As pessoas criam fake news e ele ouve. Meu recado à população é que como Deus deu sabedoria ao homem, ele deu sabedoria aos cientistas. Então é uma vacina que vai fazer com que tudo volte ao normal. Vacina com base na ciência. É um ato de amor a si e ao próximo, quem tem que se vacinar que venha e saiba separar a questão religiosa e entender a coletividade", conclui.

A professora aposentada Ruth Carreira, de 81 anos, conta que ao tomar a terceira dose de reforço refletiu muito sobre o significado do Círio, deste momento de vacinação e trabalho dos profissionais da linha de frente, que ela julga ser imprescindível neste momento de ampla vacinação. "Isso não é pra sempre, vai passar. Vamos viver outros Círios como os passados... Esses voluntários vão trabalhar sem interesse próprio. Por isso, nas minhas orações diárias, estão presentes: médicos, enfermeiros, etc, todos que estão nesta campanha grandiosa da saúde. Eles merecem e precisam de nossas orações. Com esse mutirão, acredito que, se a população tiver boa vontade de vir ou dos familiares trazerem seus entes queridos, isso logo, logo vai passar", finaliza.

Belém