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Belém 408 anos: Bairro do Marco representa a expansão da cidade; entenda

Urbanização da área, na virada do século XIX para o XX, foi realizada por Antônio Lemos, baseado em projeto do engenheiro Nina Ribeiro

Ádria Azevedo | Especial para O Liberal

O bairro do Marco, um dos mais centrais e populosos de Belém, deve sua criação ao período da Belle Époque paraense, impulsionada pelo boom econômico do ciclo áureo da borracha. A meta era expandir a cidade em direção ao marco da primeira légua patrimonial da cidade.

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De acordo com José Júlio Lima, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Pará, o desenho do bairro teve como princípio uma grelha. “Era uma espécie de desenho muito regular, em que as quadras vão comportar lotes padronizados e uma hierarquia. A partir do que era a linha de trem [da Estrada de Ferro Belém-Bragança], você vai ter vias perpendiculares. Esse desenho foi muito importante para garantir o crescimento da área urbana da cidade dentro da primeira légua patrimonial”, explica.

O docente esclarece que o desenho pode ser associado ao movimento da Belle Époque. “Não exatamente aquela situação do que seria Paris, mas mais no sentido de esforço de modernização”. 

O bairro hoje

Na atualidade, o bairro do Marco é considerado uma área de classe média, com crescente processo de verticalização. Nele se concentram vários órgãos públicos, unidades educacionais e estabelecimentos comerciais, inclusive bares e restaurantes. Um de seus maiores símbolos é o Bosque Rodrigues Alves, que conta com 15 hectares de mata nativa preservada, no coração de Belém. Abriga também sedes de três dos principais clubes paraenses: Remo, Paysandu e Tuna Luso Brasileira. Além disso, sedia o Grupo Liberal, na Avenida Rômulo Maiorana, assim chamada em homenagem ao fundador do jornal.

O comerciante Leôncio Donza é nascido e criado no bairro do Marco, mais especificamente na Avenida Duque de Caxias. “Tenho 61 anos e há 61 estou aqui. Morava na casa da minha mãe, a alguns quarteirões daqui, mas depois comprei essa casa e, 35 anos atrás, abri essa loja, que dá certo até hoje”, conta, referindo-se a um comércio de materiais de refrigeração. “Acho que [o bairro do Marco] é um bom bairro. Os moradores são excelentes. Tem violência, como em todo lugar, mas aqui é muito menor. Eu me sinto bem seguro”, afirma.

Ele lembra de como era o bairro na sua época de infância e adolescência. “Essa avenida era um matagal. Onde hoje tem a pista, era mato, e onde agora é o canteiro, tinha a pista e a parada de ônibus. Minha mãe vendia tacacá lá. Aí o bairro foi crescendo e agora está uma excelente avenida”, opina.

A feirante Francisca Gonçalves, de 74 anos, trabalha há 50 anos na Feira da Bandeira Branca, na Avenida Doutor Freitas. Ela diz que, mesmo com problemas de saúde e tendo auxílio do marido para cuidar da sua barraca de frutas, gosta muito de ir ao local diariamente. “Estou quase sem andar, mas eu venho para cá só para ficar olhando, conversando. Sempre gostei de trabalhar aqui”, relata. Raimunda também mora no bairro do Marco. “Para mim é excelente. É um bairro bom de se trabalhar, de morar. Eu gosto porque não tem muito assalto, as vizinhanças são boas. Meu vizinhos são maravilhosos”, elogia.

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