Bairro de São Brás volta a ganhar importância com requalificação do Mercado
Inauguração está marcada para quarta-feira (18) após 18 meses de obra
Um dos primeiros pólos de expansão de Belém, São Brás foi onde os investimentos internacionais se concentraram no início de século XX: a caixa d’água de ferro francês, a Estrada de Ferro de investimento inglês e, por fim o Mercado, construído com investimento, projeto e mão de obra toda italiana. Os 3 mil m² foram doados pelo intendente Antônio Lemos ao arquiteto italiano Filinto Santoro que, em 11 meses de obra, entregou uma das suas joias arquitetônicas, marca do período em que a cidade vivia a economia aquecida da borracha. E, agora, a requalificação do Mercado, com inauguração para quarta-feira (18), o bairro de São Brás volta a ganhar importância e destaque na capital paraense.
O ano era 1911, e desde então, o Mercado passou por diversas reformas que desqualificaram a construção original, na tentativa de dar ao espaço vários outros usos. Mas nesta grande reforma e requalificação completa, essas características históricas foram recuperadas. Agora, o Mercado vira Complexo Gastronômico e Cultural, uma das principais realizações da Prefeitura de Belém, em preparação da cidade para receber a Conferência das Nações Unidas Sobre Mudança Climática (a COP 30), em 2025. O investimento é de R$ 150.507.380,98, sendo R$ 85 milhões do Governo Federal, por meio da Itaipu Binacional.
O investimento devolve a São Brás a importância de todo um bairro, afirma a arquiteta e pesquisadora das construções históricas de Belém, Jussara Derenji. “A requalificação do prédio para novas funções é extremamente importante como possibilidade de recuperar uma extensa área que estava em degradação”, aponta a pesquisadora. Ela acrescenta ainda que o prédio é uma joia arquitetônica por manter determinadas características.
“O mercado tem as características neoclássicas bem definidas como a simetria, elementos clássicos nas colunas e enquadramentos, a posição de símbolos relativos à função de mercado como mercúrio e cabeças de boi que sinalizaram o comércio e a venda de carne. Além disso, o arquiteto Filinto Santoro introduz em Belém a construção de alvenaria e telhas de amianto”, lista a pesquisadora.
Monumento vivo
Mas uma das características mais marcantes do Mercado de São Brás é que a história dele é viva. Nos 113 anos de história, o local é palco frequente de movimentos como a cena Hip Hop, em Belém, sendo conhecido como ponto de encontro de Batalhas de Mcs e de B-Boys conta Pelé do Manifesto, um dos maiores nomes do Hip Hop atualmente na capital e um dos convidados a cantar na inauguração do novo espaço.
“Cantar na inauguração do Mercado de São Brás é muito representativo não só para mim, mas para todo o movimento Hip Hop. Foi lá que eu gravei a minha música mais famosa que ela viraliza no Brasil inteiro em 2015 e nada mais justo do que ter a presença do Hip Hop de volta na inauguração desse espaço”, celebra Pelé do Manifesto.
Valorização
A inauguração do Complexo Gastronômico e Cultural coroa uma política de valorização do patrimônio histórico da cidade, explica o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues. “A obra que estamos entregando é mais do que o restauro de um patrimônio histórico e arquitetônico de Belém, a exemplo do que fizemos no Palácio Antônio Lemos, Palacete Pinho e outros. No Mercado de São Brás fomos além. Estamos entregando um prédio requalificado, um Complexo Gastronômico e Cultural acessível a todos e modernizado com escadas rolantes, climatização e estacionamento, que será a nova referência de lazer, cultura e arte de Belém, que vai gerar negócios e empregos e oferecer serviços, incrementando a economia local”, aponta o prefeito.
Mas segundo o prefeito essa entrega vai além. “O Mercado de São Brás vai atender turistas e, principalmente, os belenenses do centro e da periferia. Pois esse investimento importante, fruto da nossa parceria com o presidente Lula, é um legado da COP 30 para o nosso povo, é um presente valioso à cidade, motivo de orgulho para todos nós, belenenses”, reforça.