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Avós se reinventam para demonstrar amor pelos netos na pandemia

Vacinação contra covid-19 faz o Dia dos Avós em 2021 ser mais próximo do que no ano passado

O Liberal

Neste dia 26 de julho é comemorado o Dia dos Avós. O objetivo deste dia é homenagear e agradecer toda a consideração e carinho que os avós dão aos netos. Muitos deles são o pilar do núcleo familiar; são a rede de apoio que atua no processo de educação, na criação e suporte dos netos. Com a pandemia e o necessário afastamento social, os sentimentos se fizeram presente de outras formas.

Com três netos, Ana Amorim e Marco Amorim tiveram de se adaptar a uma rotina mais restrita e com pouco contato físico. Um deles, o vovô da família, representa os 9,3% da população de Belém, com mais de 60 anos, grupo mais vulnerável aos riscos da covid-19, fator que modificou o convívio entre eles e os outros entes familiares. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para eles, a facilidade da internet ajudou nesse processo de isolamento. As barreiras impostas pela pandemia não foram suficientes para que eles deixassem de demonstrar o amor e carinho pelos netos. As ligações e chamadas de vídeos se tornam presentes na vida da família. Além disso, o casal cria a neta mais velha, Gabriela Amorim, de 14 anos, desde que era pequena. Eles avaliam que o amor que sentem por ela é triplicado.

“Eu amo ser avó e o isolamento social foi um período muito difícil para mim. Tudo era feito aqui na nossa casa e víamos os nossos netos com muita frequência. Fazíamos churrasco aos domingos, aniversários e almoços em datas especiais. Eram nesses momentos que a gente conversava e contava histórias antigas. Além da preocupação da doença que nos rondava, eu sentia falta dessa comunhão com os filhos e netos. A nossa neta, que criamos e consideramos filha, foi a nossa companhia nesse período tão solitário”, conta Ana Amorim.

O casal afirma que o fato de não terem tido muita proximidade com alguns avós fez com que eles quisessem ser o espelho para os netos. E por isso eles lutam para serem presentes na vida e na criação das crianças. Segundo um estudo feito pela Berlin Aging Study (BASE), divulgado no início da pandemia, os avós que cuidam de netos têm 37% menos risco de morte do que adultos da mesma faixa etária e que não cuidam de ninguém.

“Minha relação com meus avós é muito boa. Nós fazemos muitas coisas juntos. Eu e minha avó somos muito diferentes e muito amigas também. Ela me dá conselhos muito certeiros e na maioria das vezes eu os escuto. Eu espero que todos aproveitem cada momento ao lado dos avós, pois infelizmente eles não são para sempre”, aconselha Gabriela.

 

Restaurante une a família há 21 anos até no nome: Majim (g)

Casados há 35 anos, os avós da Gabriela administram um restaurante há mais de duas décadas. Segundo eles, o local é baseado no amor e na fraternidade. “O restaurante nasceu quando perdi o emprego. Na época, montamos um ponto e vendíamos sanduíche. Aos domingos, já tínhamos isso de reunir a família e fazer feijoada. Nesse dia em específico, um amigo meu chegou, estava com fome e oferecemos um pouco dessa feijoada. Ele saiu de lá contando para toda Icoaraci sobre a feijoada e acabamos vendendo tudo e não sobrou para o nosso almoço”, relata Marco. 

O local é ponto frequente da reunião familiar semanal. Ana conta que o nome surgiu das iniciais dos filhos e quando Gabriela nasceu foi acrescentado um pequeno G, para representar a neta que se tornou filha do casal. “Majim é a representação da nossa família. São os nossos nomes interligados: Marco, Ana, Júnior, Igor e Mônica e o G atrelado na placa representa a nossa Gabriela. Esse pequeno espaço fez com que a nossa família se unisse ainda mais, pois quando trabalhamos fora perdemos muitas coisas. Aqui, na frente da nossa casa, podemos trabalhar e ainda estar próximo da Gabriela e dos outros netos, que sempre que podem vêm nos visitar”, detalha Ana.

Aos poucos a família Amorim tem se reunido novamente e os corações dos avós ficam mais tranquilos em poder rever os netinhos presencialmente. “Depois da pandemia a gente coloca a cabeça no lugar e vê o que aconteceu. Foram muitas mortes, de pais, de avós, irmãos, tios e sobrinhos. A partir do que a gente viveu do ano passado pra cá, a gente tem que ser mais fraterno, ser mais unido, ser mais presente, conviver mais em família. Quando eu não vejo meus filhos ou meus netos eu ligo, duas ou três vezes por dia. A gente tem que se falar, tem que ter essa união mais intensa”, conclui o casal.

 

(Bruna Ribeiro, estagiária, sob supervisão de Victor Furtado, coordenador do núcleo de Atualidades)

Belém