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Ato no Guamá marca um mês da chacina que vitimou 11 pessoas

Moradores querem ser ouvidos para o combate à violência

Redação Integrada

Para moradores do bairro do Guamá, onde no dia 19 de maio 11 pessoas foram assassinadas em um bar, não basta que as oito pessoas acusadas de envolvimento na chacina tenham sido presas pela Polícia e denunciadas pelo Ministéio Público do Estado; é necessário que o cenário de violência, nesse bairro que é considerado o mais populoso de Belém, mude mediante ações definidas em conjunto com a comunidade. Para isso, no segundo semestre deste ano, os moradores pretendem realizar uma audiência pública, no próprio bairro, com a participação do Poder Público para que as famílias possam ser ouvidas em busca de ações para a paz, a educação, a saúde e a geração de empregos e renda para os trabalhadores do bairro.

A proposta foi externada por dirigentes do Movimento Guamá Pela Paz durante um ato para marcar o transcurso de um mês da chacina das vítimas no bar Wanda´s Bar, na passagem Jambu, no bairro. O ato teve a participação expressiva (a maioria) de jovens. Os manifestantes acenderam velas na praça Benedito Monteiro, na esquina da avenida Barão de Igarapé Miri com a passagem Ezeriel Mônaco da Mota. Deram-se as mãos e caminharam ao redor das velas, em uma ciranda ao som da música "O que é, o que é?", de Gonzaguinha. Afirmaram palavras (como justiça, amor, solidariedade, Guamá e dignidade) em memória das vítimas e estouraram balões verdes (cor-símbolo da esperança) para afirmar que "eles não irão nos calar".

Welingta Macedo, da coordenação do ato, destacou que "só prender os acusados não soluciona o problema, porque ele está ligado a um sistema de opressão e exploração das pessoas pobres, do povo negro e da juventude". "Não queremos finais de semana com medo", arrematou.

Raimundo Oliveira, do Guamá Pela Paz, declarou que o ato serve para "marcar que estamos vivos, porque uma sociedade normal não mata seus jovens a bala ou aos poucos com a falta de escolas de qualidade, comida, lazer e empregos". "São tantas mortes consumindo as nossas vidas", reiterou. 

Raimundo Oliveira disse que no dia 29 deste mês a comunidade se reunirá em uma Roda de Leitura na mesma Praça Benedito Monteiro, e em 23 de agosto haverá uma outra Roda na Avenida Barão de Mamoré. Raimundo reforçou que a chacina trouxe medo ao moradores, "mas também solidariedade e eles se preparam para enfrentar a situação". 

As oito pessoas denunciadas pelo MPPA sobre o crime responderão por crimes de homicídio qualificado e lesão corporal. A denúncia foi oferecida contra: Pedro Josimar Nogueira da Silva, o cabo PMJosé Maria da Silva Noronha, o cabo PM Leonardo Fernandes de Lima, o cabo PM Ian Novic Correa Rodrigues Wellington Almeida Oliveira, o cabo PM Jonatan Albuquerque Marinho, o "Diel" Edivaldo dos Santos Santana; Jaysson Costa Serra. Esses dois últimos responderão ainda pelos crimes de fraude processual e porte ilegal de arma, respectivamente.

Belém