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Aterro de Marituba: moradores repudiam prorrogação do prazo para recebimento de lixo

No último dia de funcionamento das atividades do aterro, moradores ainda acreditavam no fechamento definitivo do local

Maiza Santos / Especial para O Liberal

Na quinta-feira (31), último dia do prazo para o recebimento de resíduos sólidos no Aterro de Marituba, o clima era de apreensão entre os moradores do município. A população não concorda com a continuação do armazenamento de lixo no local. Mesmo após uma petição conjunta das prefeituras de Belém, Ananindeua e Marituba, feita ao Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA) para prorrogar a operação da Central de Tratamento de Resíduos (CTR), os moradores ainda acreditavam no fim das atividades.

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Luis Duarte, de 70 anos, mora no bairro Santa Lúcia há mais de 10 anos e diz que há muito tempo os moradores buscam apoio de autoridades para conseguirem que as atividades do aterro sejam realmente finalizadas. “Sinceramente, as coisas não estão bem aqui. Às vezes as pessoas falam, mas não sabem da realidade. Só sabe quem mora perto. É como o ditado que diz 'só sabe onde o sapato aperta, quem calça'. Eu sinceramente não apoio esse prorrogamento, pois já há muito tempo que tem o funcionamento e o povo sofre com problemas pulmonares e de saúde nas crianças. Marituba é uma cidade bonita, mas a única coisa que faz mal é esse aterro, esse lixão aqui. Precisamos de alguém que olhe por nós que vivemos nessa área”, afirma o morador.

Para Isabele de Lima Pantoja, de 29 anos, dona de casa que mora há cerca de sete anos no bairro Santa Lúcia - ao lado do aterro, há muito descontentamento em saber que as atividades foram prorrogadas.

“Quando a gente descobriu que iriam fechar o aterro foi ótimo, porque desde que o lixão tá aqui  a gente vem sofrendo muito. Muita coceira, o fedor é insuportável. Mas não é fácil pois não vai ser de um dia pro outro, mas esperamos conseguir. Eu não apoio esse prorrogamento. Quero que fechem. Só a gente sabe o que passamos aqui. Se eles (poder público) fossem outros levavam o aterro para Belém, para ver se é fácil o que a gente tá sofrendo. Nós queríamos que eles fizessem uma coisa certa com a gente, porque só ficam prolongando o prazo para continuar funcionando e não fazem nada. A gente que tem que ficar sofrendo aqui enquanto eles ficam para lá ‘só de boa’”, aponta a dona de casa.

O aposentado João Fonseca Guerra Ferreira, de 75 anos de idade, também é uma das pessoas que estavam contentes com a possibilidade de Marituba parar de receber o lixo de outros locais. De acordo com ele, a população espera que o encerramento não fique apenas nas promessas.

“Eu vi pela televisão que eles queriam mandar esse aterro para outras cidades, mas ninguém quer porque vai prejudicar a população. Agora continua aqui e nada foi resolvido ainda. Surgiu essa promessa de parar, de não vim mais (lixo), mas também não iam tirar o que está aqui. De qualquer maneira a população vai continuar prejudicada. Não tinham que prorrogar mais nada. Eles tinham que dar um basta nesse funcionamento. Se parar, vai ser bom para todos nós, inclusive para quem mora ainda mais perto do aterro, que tem família, tem filho e comércio”, afirma o aposentado.

De acordo com ele, os moradores realizaram uma coletiva de imprensa para tratar sobre as questões que implicam o fim das atividades do aterro. “A decisão judicial do fechamento do aterro não pode ser descumprida, já que estamos passando para a quarta decisão judicial e se essa for desrespeitada vamos ver, praticamente, a justiça sendo ridicularizada e descredibilizada. Todos esperam que o fechamento ocorra, pelos impactos que têm ocorrido ao longo do tempo”, ressalta. Os moradores ainda garantem que irão se mobilizar em atos de protestos contra a continuidade do armazenamento de lixo no município. 

Conforme Antônio Armando Amaral de Castro Júnior, representante da comissão de meio ambiente, educação e saúde de Marituba, toda a câmara é contra a continuidade do aterro. “É um problema antigo e grave que vem sendo renovado em razão de decisões judiciais, que ficam acima da nossa competência. Mas aqui, nós estamos do lado da população que tem sofrido por anos com essas questões decorrentes do aterro. Esperamos que se ache uma solução e isso vai acontecer através da parceria entre todos os municípios e o governo do Estado. Marituba sozinha não pode resolver e, infelizmente, o problema acaba ficando só com a gente”, declara. 

Em nota, a Prefeitura de Marituba destaca que não é a favor da continuidade das atividades do aterro na cidade. Também informa que busca uma solução para os resíduos sólidos que são descartados pelo próprio município.

“A Prefeitura de Marituba reafirma sua posição contrária à presença do aterro no município e continua em busca de alternativas viáveis para o descarte de seus próprios resíduos. Considerando que o problema em questão está sendo discutido atualmente no judiciário paraense, envolvendo também Belém e Ananindeua, Marituba aguardará a definição judicial sobre o assunto. É importante ressaltar que essa questão está sendo tratada como uma área metropolitana, e não apenas de forma isolada pela Prefeitura, conforme decisão emitida pelo TJPA em 28 de agosto de 2023”, diz o comunicado.

 

Belém