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Ataque isquêmico transitório: entenda o que é a doença que atingiu Renato Aragão e é um 'pré-AVC'

Um acidente ou ataque isquêmico transitório (AIT) é como um acidente vascular cerebral (AVC) que se encerrou antes de causar danos permanentes

Gabriel Pires

Na última quarta-feira (7), o comediante Renato Aragão foi internado após sentir um desconforto. No hospital, foi constatado que o artista passou por um quadro acidente ou ataque isquêmico transitório (AIT), que é como um acidente vascular cerebral (AVC) que se encerrou antes de causar danos permanentes às células do cérebro. A cada minuto sem tratamento, o ataque leva à perda de 1,9 milhão de neurônios, afetando fala, memória, movimentos, equilíbro e outras funções do corpo. E éum alerta para o risco de um AVC iminente. As informações são da Agência Brasil.

A neurologista Sheila Cristina Ouriques Martins, presidente da Rede Brasil AVC e da Organização Mundial de AVC (World Stroke Organization),  explica que o AIT é como um "pré-AVC". E isso indica que há um risco muito alto de acidente vascular cerebral em 48 ou 72 horas. "É um sinal de alto risco, se não houver tratamento. E a chance maior de ter um AVC é nos primeiros três dias. Por isso, deve-se ir ao hospital no mesmo dia e ser atendido de urgência", diz.

Assim como no AVC, no AIT, um coágulo ou placa de gordura chega aos vasos sanguíneos que irrigam o cérebro e causa um entupimento, fazendo com que as células daquela região cerebral parem de trabalhar. O resultado são sintomas como paralisia de um lado do corpo, dificuldade de fala e de compreensão, tontura e até perda de visão, que pode acometer um ou ambos os olhos. 

No caso do AIT, a partícula que obstrui a artéria se dissolve ou se desloca em um tempo muito curto, fazendo com que a situação de isquemia seja transitória e termine sem deixar sequelas. A neurologista alerta que o perigo é achar que não há com o que se preocupar com o fim dos sintomas.

"É como a angina, no caso do coração, em que o paciente tem uma dor no peito e melhora, mas aquilo é sinal de que o vaso está entupido ou semientupido e pode ocorrer um infarto. O AIT é a mesma coisa. É um alerta de que alguma coisa não está bem e também uma chance de fazer o tratamento rápido e não ter um AVC", explica a médica. Ela observa que o AIT pode ser um episódio realmente rápido, com duração de menos de um minuto, mas também pode demorar mais de uma hora. Os sintomas chegam e vão embora subitamente, mas o risco de algo mais grave permanece.

 

Oportunidade de tratamento

Pesquisador do Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino , o neurologista Gabriel de Freitas ressalta que a busca de atendimento médico deve ser tão urgente quanto no caso de suspeita de um AVC, porque o trabalho de investigação das causas do AIT deve começar o quanto antes, para prevenir o risco de uma isquemia mais grave.

Diante de um caso de AIT, os médicos buscam entender qual foi a causa do ataque isquêmico, identificando a fonte do coágulo ou da placa de gordura. Ao mesmo tempo, é iniciado o tratamento preventivo com medicações que afinam o sangue e reduzem o colesterol. De acordo com o neurologista, o AIT é menos comum que o AVC, pois, muitas vezes, a pessoa que sofre o AVC não foi alertada por um episódio de AIT anterior. Quando isso ocorre, o médico destaca que o paciente está ganhando uma oportunidade de se proteger.

 

AVC e AIT

Os episódios classificados como AVC podem ser divididos em dois tipos: o isquêmico, em que o entupimento da artéria faz faltar sangue em alguma parte do cérebro; e o hemorrágico, quando o vaso sanguíneo se rompe e o sangue é derramado sobre o tecido cerebral. O primeiro tipo é o mais comum, correspondendo a algo entre 80% e 85% dos casos.

Em entrevista anterior concedida à Redação Integrada de O Liberal, o médico neurologista Antônio de Matos orienta sobre como amenizar as potenciais ocorrências de AVC. "A melhor forma de diminuir os riscos é cuidando de doenças crônicas e fatores de risco, cuidar da pressão alta, da diabete, do colesterol elevado, evitar fumar, praticar atividade física, não estar em obesidade, isso faz com que diminuam as chances do paciente apresentar um AVC já que os outros fatores de risco como sexo feminino e idade são fatores não modificados", destacou.

"Os sinais de alerta mais comuns são fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo; confusão mental, alteração da fala ou da compreensão; alteração na visão, no equilíbrio, na coordenação, no andar; tontura e dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente”, indicou o médico sobre os sintomas que devem ser levados em consideração.

(Gabriel Pires, estagiário, sob a supervisão do coordenador do Núcleo de Atualidades, Victor Furtado)

Belém