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'Verão amazônico' começa em junho em Belém, mas chuvas continuam, prevê Inmet

Segundo o Inmet, durante o período mais seco, as chuvas terão menor frequência e intensidade em comparação ao auge do período chuvoso

Dilson Pimentel

A previsão é que o período mais seco, conhecido como “verão amazônico”, comece no próximo mês de junho em Belém e na região metropolitana. Mas isso não significa ausência total de chuvas. A região ainda apresenta precipitações frequentes, especialmente devido à alta umidade e às temperaturas elevadas, que favorecem a formação de nuvens e pancadas de chuva, além de distúrbios atmosféricos, como as ondas de leste e linhas de instabilidade, que continuam atuando mesmo no início do período seco.

É o que afirmou, nesta segunda-feira (19), o meteorologista José Raimundo Abreu de Sousa, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e do 2º Distrito de Meteorologia de Belém.

"A previsão é de que o período mais seco se inicie em junho. No entanto, ainda são esperados volumes totais de chuva ao redor de 200 mm em Belém e na região metropolitana”, disse.

Esse cenário é sustentado pelas condições termodinâmicas locais — alta umidade e temperaturas elevadas — que favorecem a formação de linhas de instabilidade e a continuidade dos distúrbios atmosféricos.

Essas linhas de instabilidade, por sua vez, podem provocar rajadas de vento que chegam a 60 km/h, pequenos redemoinhos e pancadas de chuva intensa, geralmente de curta duração, mas com volumes superiores a 20 mm em pouco tempo. No último domingo (18), uma pancada de chuva começou às 16h30 e se estendeu até as 19h, totalizando 19 mm, com 14,5 mm acumulados apenas na primeira hora. Já na madrugada desta segunda-feira, entre 2h30 e 3h30, foi registrada nova precipitação na estação automática do Inmet, localizada no bairro do Souza, evidenciando a variabilidade temporal e espacial típica dessas chuvas.

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Ou seja, o “verão amazônico” representa uma redução no volume de chuvas, mas não uma estiagem completa. Em Belém e na região metropolitana, ainda é comum chover à tarde e à noite, mesmo durante esse período — só que com menor frequência e intensidade em comparação ao auge do período chuvoso (dezembro a maio).

A região metropolitana de Belém apresenta um regime pluviométrico caracterizado por altos volumes de chuva ao longo do ano, especialmente no período chuvoso, que vai de dezembro a maio. Esse padrão é influenciado por diversos fatores oceânicos e atmosféricos que afetam a distribuição e a intensidade das precipitações.

Ápice das chuvas ocorre entre dezembro e maio

O ápice das chuvas ocorre entre dezembro e maio, período em que pode se concentrar até 80% do total anual. No entanto, devido às condições oceânicas — principalmente a temperatura das águas do Oceano Pacífico (relacionada aos fenômenos El Niño e La Niña) e do Oceano Atlântico —, o início efetivo das chuvas mais intensas frequentemente acontece apenas a partir de janeiro, observou José Raimundo.

A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é a principal responsável pela concentração das chuvas na região, sendo sua atividade modulada pelas oscilações térmicas do Oceano Pacífico equatorial. O Oceano Atlântico também exerce grande influência, especialmente quando há variações no chamado dipolo do Atlântico, que pode ser positivo ou negativo, alterando os padrões de precipitação.

Neste ano, a média climatológica de chuvas para o mês de maio é de 326 mm. Porém, as projeções indicam que este mês deve registrar precipitação abaixo da média, com redução estimada entre 20% e 30%. Apesar disso, as chuvas continuam presentes, com maior incidência no período noturno e, ocasionalmente, à tarde. Esse comportamento está relacionado à atuação das ondas de leste, que são faixas de nuvens originadas na costa oeste da África. Elas cruzam o Oceano Atlântico, atingem o litoral nordestino do Brasil e se propagam em direção ao oeste, afetando também o litoral paraense. Essas ondas podem causar chuvas intensas e até tempestades severas.

A dinâmica das chuvas em Belém e em sua região metropolitana é fortemente influenciada por fatores oceânicos e atmosféricos de grande escala, como El Niño, La Niña e o dipolo do Atlântico. Ainda que o mês de maio apresente redução nas médias históricas, a presença de umidade elevada, calor e instabilidades atmosféricas garante a continuidade das chuvas, especialmente no período noturno. A previsão para os próximos meses é de um início gradual do período seco, mas ainda com volumes significativos de precipitação. O trimestre mais chuvoso é composto por fevereiro, março e abril. E o período mais seco, por agosto, setembro e outubro.

Belém