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Venda de livros aumentou 48,5% no primeiro semestre; saiba como ler mais e melhor

A leitura, quando estimulada em toda a família, reforça os laços entre as pessoas e dá novos assuntos, além de melhorar a educação das crianças

O Liberal

Dados do Sindicato Nacional de Editores de Livros (SNEL) apontam que, no primeiro semestre deste ano, a venda de livros aumentou em 48,5%, em comparação com o mesmo período de 2020. No Pará, essa melhoria não tem sido sentida em algumas redes de livrarias. No entanto, o hábito da leitura tem aumentado gradativamente. Se estimulado tanto na infância quanto na fase adulta, melhora a criatividade, trabalha a imaginação, exercita a memória, contribui com o crescimento do vocabulário e a traz benefícios à escrita.

O casal, Nivea Guimarães Ribeiro, 50, e Tony Monteiro, 52, viveram realidades diferentes em questões de leitura. Enquanto um descobriu o gosto de ler na fase adulta, o outro desenvolveu o processo desde a infância. Nívea é pedagoga e conta que não foi uma criança leitora, pois a realidade em que ela vivia não era comum ter acesso a livros com facilidade. O hábito de leitura chegou na fase adulta, depois de formada, após instigar os alunos a lerem mais.

“Eu sabia da importância da leitura, mas confesso que não fui uma criança leitora, porque não fui instigada e não tive toda essa oportunidade. Atualmente, a leitura é o que move a minha vida. Trabalho em uma biblioteca de uma escola municipal desde 2009 e o legal é que eu fui junto com as crianças descobrindo o prazer da leitura. Eu fui oportunizando aos meus alunos e me oportunizando. Depois disso, eu instiguei o hábito de leitura aos meus filhos”, explica a pedagoga.

Nívea ressalta que quem quer começar a ler na fase adulta, precisa se desprender da vergonha. “Para quem nunca leu, pode pensar que está tarde para começar, que jamais vai conseguir ler um livro grosso. Não é vergonha dizer que nunca leu. Ainda estou em um processo de descoberta do que gosto e o que não gosto dos livros. Eu penso que a gente tá o tempo todo se redescobrindo um novo leitor”, conclui.

Para Tony, que é advogado, a leitura chegou logo na infância estimulada por familiares. “Eu iniciei o hábito da leitura desde a infância. Sempre fui instigado pelos meus tios e pela minha mãe. Tomei gosto pela coisa e até hoje não paro mais. É algo essencial na minha vida, pois me trouxe todos os conhecimentos necessários para que eu pudesse me desenvolver intelectualmente.

O casal costuma presentear os filhos com livros desde que eram pequenos e além disso promovem debates sobre temas atuais, para que sejam instigados a buscar outras leituras e assim adquirirem conhecimento. Os filhos avaliam como positiva a atitude dos pais.

“Desde criança, minha mãe lia histórias para mim e eu adorava esses momentos de leitura com ela. O jeito que ela me contava, fazia com que tudo no livro me encantasse e ficasse guardado na minha memória. Hoje o prazer de ler alimenta os meus mais belos sentimentos”, destaca a filha do casal, Maria Cecília, de 14 anos.

O filho mais velho, João Pedro, destaca a importância de ler assuntos e livros divertidos e coloridos na infância. “Desde muito pequeno a minha mãe costumava ler muitos contos, muitas fábulas e eu fui aprender a ler por conta própria com meus cinco anos de idade. Sempre digo que fui alfabetizado com o gibi da Turma da Mônica. Eu passava horas lendo e me divertindo com as histórias. Amo até hoje. Ao longo do tempo, o hábito da leitura foi se desenvolvendo com leituras mais complexas que a maturidade exige”, conclui.

Livrarias de Belém ainda esperam melhorias

"Em Belém não houve aumento na venda de livros durante a Pandemia, muito pelo contrário, houve uma queda absurda", afirma Deborah Miranda, sócia-proprietária da Fox. Para ela, os dados são dos editores e não dos livreiros.

"Penso que o aumento deve-se ao fornecimento ao maior vendedor de livros hoje do mundo: a Amazon, que conseguiu sim um faturamento trilionário durante o período da Pandemia, levando as livrarias que tiveram suas portas fechadas por dois lockdowns, a uma tentativa de sobrevivência como nunca antes na história do mercado livreiro", comenta Deborah.

A sócia-proprietária da Fox conclui dizendo que a rede ainda não retomou as atividades normalmente. Mas devido à importância dos hábitos de leitura do público infantil,  apenas atividades com número controlado de crianças estão sendo feitas nas tardes de sábado.


Redes sociais como incentivo a leitura

Nas redes sociais, a advogada e escritora Priscila Zoghbi possui um perfil de incentivo à leitura com mais de 20 mil seguidores. A intenção é de divulgar a leitura para diversos públicos. “Eu tento promover o hábito de leitura para meus seguidores. Lá eu dou dicas para iniciar/retomar o hábito, falo sobre lançamentos, é um pouco de tudo. Tento trazer a literatura para a realidade das pessoas. Não quero que fique aquela ideia de algo intocável, tipo biblioteca de avô que ninguém tem permissão para entrar. Quero provar que a literatura é nosso dia a dia também”, destaca a escritora.

Além do perfil na rede social, a escritora também possui um pequeno grupo de leitura, com encontros mensais, chamado "Lemos Mulheres". ‘O grupo é para discutirmos ideias e nos incentivarmos ao mesmo tempo. Os encontros acontecem de forma remota. Mesmo com o clube de leitura um pouco mais restrito, o meu perfil público não deixa de ser um grande grupo para compartilhar experiências”, conclui Priscila Zoghbi.

A escritora dá dicas de como começar a introduzir o hábito da leitura

- Não leia todo dia. Pode parecer contraditório, mas ler tem que ser um hábito gostoso, não tem que ser algo que fazemos por obrigação.

- Ache o melhor horário para você. 

- Comece pelo que você gosta

- É preciso adaptar e introduzir a leitura de acordo com a rotina

- Quando se sentir confortável, mude o estilo de leitura pois é importante experimentar um pouco para saber do que "Não" gosta.

- No caso das crianças, a introdução deve ser feita com cuidado para a criança não pegar "birra" de ler.

(Bruna Ribeiro, estagiária, sob supervisão de Victor Furtado, coordenador do Núcleo de Atualidades)