Torneio Brasil de Robótica reúne alunos e projetos voltados à ciência e sustentabilidade em Belém
A competição, que envolveu estudantes de 5 a 19 anos, destacou a importância de a tecnologia e o cuidado com o meio ambiente estarem juntos na formação de crianças e jovens da região
Dezenas de crianças e jovens participaram do Torneio Brasil de Robótica (TBR) - Etapa Região Norte, neste sábado (27), em Belém. A competição reuniu estudantes de 5 a 19 anos, na Estação das Docas, para apresentar projetos ligados à sustentabilidade e ao futuro da Amazônia. O evento, aberto ao público e com entrada gratuita, mostrou como ciência, tecnologia e meio ambiente podem caminhar juntas na formação dos alunos da região.
Organizado pela R2E - Regional Norte, o torneio trouxe como tema central “Vida Terrestre”, inspirado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU (Organização das Nações Unidas). O intuito era que os projetos abordassem questões ligadas à preservação dos ecossistemas, combate à caça ilegal, espécies invasoras e recuperação de áreas degradadas. Os estudantes apresentaram propostas inovadoras que dialogam diretamente com a realidade amazônica e com os desafios que serão discutidos na COP 30, que ocorrerá na capital paraense em 2025.
Transformação de realidades
Para a representante regional do TBR, Andrea Tuma, a competição vai muito além de robôs e se torna um espaço de aprendizado que pode transformar o futuro dos participantes. “Esses jovens estão trabalhando em projetos que realmente impactam vidas. Ano passado, por exemplo, tivemos um robô que ajudava a colher açaí, mostrando como a tecnologia pode estar a serviço da realidade amazônica”, destacou.
Andrea Tuma destacou ainda a conexão entre o torneio e a agenda global da sustentabilidade. “As crianças e adolescentes estão trazendo pautas importantíssimas ligadas à questão climática e à preservação ambiental, que também são temas centrais da COP 30. Isso mostra como eles já estão pensando soluções para problemas que afetam diretamente nossa vida”, afirmou.
Segundo ela, os resultados do evento podem ser vistos a longo prazo. “De pequenos projetos surgem grandes trabalhos. Eu conheço pessoas que começaram no TBR e hoje trabalham na Lego Education, na Dinamarca. Isso realmente impacta a vida das famílias, das futuras gerações. É um projeto apaixonante”, disse emocionada.
Aprendizado
O coordenador geral do evento, Yan Melo, ressaltou que a dinâmica da competição vai muito além da construção dos robôs. “Cada equipe precisa apresentar projetos alinhados ao tema, programar um robô, desenvolver estratégias e mostrar aos juízes como se organizaram para chegar até aqui. As missões do torneio são elaboradas de forma que, em apenas dois minutos, seja praticamente impossível cumprir todas. Isso exige planejamento, trabalho em equipe e pensamento crítico”, explicou.
Para ele, a grande riqueza do TBR é proporcionar uma aprendizagem significativa, conectada à realidade dos estudantes. “A Base Nacional Comum Curricular já valoriza esse ensino baseado em projetos, e o torneio amplia isso. Os alunos aprendem a resolver problemas atuais de forma construtiva e criativa, vivendo na prática o que estudam”, afirmou Yan Melo.
Impacto positivo
O Torneio Brasil de Robótica existe desde 2010 e já impactou mais de 100 mil crianças em todo o Brasil. No Pará, a competição acontece desde 2018 e vem ganhando força a cada edição. Para Andrea Tuma, esse crescimento mostra como a robótica educacional pode abrir portas.
“Esse evento não forma apenas futuros engenheiros ou programadores. Ele forma cidadãos conscientes, preparados para o futuro e preocupados com o lugar onde vivem. Isso é o mais valioso. As inscrições são abertas no início do ano e seguem até julho. Nosso objetivo é incluir o máximo de alunos possível nesse universo”, concluiu.
Inovação
A estudante Isabel Vitória Coutinho Miranda, de 15 anos, da equipe Rua das Águas, de São Sebastião da Boa Vista, no Marajó, destacou a importância do tema escolhido neste ano. “O Brasil de Robótica é muito importante. Principalmente o tema desse ano, que foi cuidar e proteger os ecossistemas brasileiros. O evento fala da nossa diversidade, principalmente a Amazônia, que tem uma cultura inigualável. Está sendo incrível participar, estamos dando o nosso melhor e compartilhando experiências”, disse.
Ela explicou que o projeto da equipe, chamado Decentro Arte, valoriza o trabalho dos artesãos ribeirinhos. “Mostramos como eles extraem matéria-prima da natureza para produzir utensílios e biojoias, conseguindo assim uma renda extra.”
O estudante João Lucius de Abreu Rosa, de 17 anos, do Colégio Militar de Belém, também ressaltou a relevância da experiência. “É a primeira vez que participamos e é muito importante estar em um evento que incentiva tanto o trabalho científico quanto o cuidado com o meio ambiente. Nosso projeto é um mini reator que produz biofertilizante a partir da compostagem de matéria orgânica, para ajudar na recuperação de solos degradados”, explicou.
Já a estudante Sarah Diniz, de 10 anos, da equipe X-Perts, contou que esta foi sua primeira vez na competição.
“Está legal. Ainda não sei exatamente do que eu gosto, mas, se me colocarem para fazer algo e eu souber, eu faço. No nosso projeto, pensamos no matapi, que os ribeirinhos usam para pescar camarões. Adaptamos com sensores de cor, infravermelho e movimento para identificar os camarões. Também criamos um app chamado Macrodex, inspirado na Pokédex do Pokémon, para ajudar a registrar espécies e comunicar órgãos ambientais”, relatou.
Incentivo
Aline Galvão, mãe do estudante Arthur Galvão, acompanhou de perto a participação do filho. “Esse evento é muito importante porque não é apenas sobre robótica, mas também sobre natureza, planeta e preservação da vida. Além disso, tem o empreendedorismo. As famílias aprendem juntas. Ano passado fomos campeões regionais e nacionais na categoria Kids 1, e este ano subimos para a categoria Kids 2. Está sendo uma experiência única”, afirmou.
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