Terceiro LibTalks debate desafios das periferias diante da crise climática e destaca tecnologias
Evento é promovido pelo Grupo Liberal em parceria com o Ministério das Cidades
O terceiro dia do LIBTalks – Cidades Sustentáveis e Resilientes reuniu especialistas nesta quarta-feira (19) para discutir as vulnerabilidades e os desafios enfrentados pelas periferias diante da intensificação dos eventos climáticos. O evento, promovido pelo Grupo Liberal, ocorre esta semana em parceria com o Ministério das Cidades e busca aproximar população, governo e setor produtivo em torno de soluções concretas para um futuro urbano mais seguro.
Participaram desta edição Samia Sulaiman, professora universitária, pesquisadora e coordenadora-geral de Articulação e Parcerias da Secretaria Nacional de Periferias (SNP); Myrian Cardoso, arquiteta e urbanista, coordenadora do Protótipo SBN em Belém, desenvolvido com supervisão e investimento do Ministério das Cidades; Thaynah Gutierrez, administradora pública e assessora de clima e racismo ambiental no Geledés – Instituto da Mulher Negra; e Neil Aldrin de Azevedo Henriques, engenheiro civil e diretor de Tecnologia e Materiais de Construção do Sinduscon-PA.
O debate reforçou que as periferias brasileiras — com destaque para as da Amazônia — são as primeiras e mais atingidas pelos extremos climáticos, acumulando perdas sociais, ambientais e econômicas.
“As periferias sempre se adaptaram, mas agora a intensidade dos eventos climáticos exige respostas que elas não conseguem dar sozinhas”, diz Taynah Gutierrez
Ao abordar a importância de discutir resiliência nas regiões periféricas, Taynah Gutierrez, administradora pública e assessora de clima e racismo ambiental no Geledés – Instituto da Mulher Negra, foi enfática ao apontar que os impactos das mudanças climáticas não são distribuídos de forma igualitária.
“Estamos assistindo aos eventos climáticos afetarem de maneira desproporcional as periferias, levando nossos corpos à morte. Por isso precisamos construir adaptação e resiliência priorizando esses territórios, onde as pessoas não têm condições de produzir respostas por si mesmas”, afirmou.
Taynah destacou que o tema não se limita à infraestrutura, mas envolve desigualdades históricas — especialmente de saneamento e estrutura das moradias — que tornam a retomada da vida após cada desastre ainda mais difícil.
Ela reforçou que as periferias já são, por tradição, territórios adaptativos, mas o novo padrão climático altera completamente a equação:“Temos mais volume de chuva, por mais tempo, numa frequência que as pessoas não conseguem responder. É urgente construir a infraestrutura adequada para que deixem de viver traumas a cada enchente, deslizamento ou seca.”
Sobre o saldo do debate, Taynah avaliou que o encontro evidenciou a variedade de tecnologias possíveis e inovadoras capazes de respeitar a cultura e as práticas locais no processo de construção de moradias resilientes.
O desafio agora, segundo ela, é fazer com que a legislação e os tomadores de decisão se conectem a essas soluções, garantindo que os interesses da população sejam prioridade — e não a especulação imobiliária.
Escuta, diversidade de perspectivas e construção conjunta estão no centro da resiliência, afirma Neil Henriquez
Representando o setor produtivo, Neil Henriquez, CEO da Viva Engenharia e diretor do Sinduscon-PA, destacou que debates como o LIBTalks são essenciais porque permitem a troca entre diferentes realidades e visões de mundo.
“A riqueza do ser humano é escutar e se adequar a cada contexto, a cada necessidade. Escutar ambas as partes é fundamental”, afirmou.
Para ele, o encontro reforçou a necessidade de incentivar a construção civil sustentável e de ampliar o acesso da população às discussões sobre planejamento urbano e mudanças climáticas.
“Somos resilientes todos os dias na nossa cidade, pelas dificuldades que enfrentamos, pelas chuvas, pela infraestrutura. Para o setor da construção civil, o saldo é muito positivo — e tenho certeza de que também foi para o público que assistiu”, completou.
Neil destacou que debates assim ajudam a “construir o futuro”, sempre respeitando a diversidade e articulando projetos que tenham compromisso real com o bem-estar urbano.
LibTalks
O LibTalks, série de debates contínuos do Grupo Liberal, está consolidando o Espaço Romulo Maiorana como um importante fórum de discussão sobre temas estratégicos para o desenvolvimento sustentável e o futuro do Pará. Inaugurado em setembro, o estúdio multimídia, localizado na sede do Grupo Liberal, no bairro do Marco, sedia nesta segunda semana da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30) uma programação dedicada a cidades sustentáveis, em parceria com o Ministério das Cidades.
Idealizado pelo CEO do Grupo Liberal, Ronaldo Maiorana, o Espaço Romulo Maiorana conta com estrutura completa de áudio e vídeo, transmissão ao vivo e link dedicado de internet. Toda essa infraestrutura permite que os conteúdos gerados sejam distribuídos em todas as plataformas do Grupo Liberal.
O diretor executivo de Entretenimento, Promoções e Rádio Web, Ney Messias, destaca que o espaço terá uma agenda contínua, com rodas de conversa realizadas a cada 15 dias, sob o nome de LibTalks. Esses encontros abordarão questões diversas relacionadas ao Pará, que vão desde empreendedorismo sustentável até políticas públicas e inovação.
"Não importa o tipo de tecnologia que adotamos, nossa credibilidade é inegociável", pontua.
Messias reforça que, mesmo com o crescimento das novas tecnologias, o principal ativo do Grupo Liberal permanece sendo a credibilidade junto ao público.
Foco em cidades sustentáveis
Nesta semana, o LibTalks está em parceria com o Ministério das Cidades para uma sequência de debates que vai até quinta-feira (20). A programação começou na segunda-feira (17) com o tema de habitação e os desafios urbanos na Amazônia.
Essa série de encontros integra a programação dedicada a cidades sustentáveis e resilientes, alinhada ao momento em que Belém sedia a COP 30.
No último encontro o debate será sobre financiamento. A roda de conversa será composta pelo Ministro das Cidades, Jader Filho, Alex Carvalho, presidente Fiepa e pelo economista e associado sênior da Nature Finance, Gustavo Martins.
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