MENU

BUSCA

Projeto da UFPA transforma resíduos orgânicos em rico adubo natural

Aprenda como fazer uma composteira em casa de maneira simples ajudando a diminuir o lixo

Vito Gemaque

A compostagem de materiais orgânicos tem ajudado a preservar áreas verdes da Universidade Federal do Pará (UFPA), por meio de um projeto da instituição iniciado em julho de 2023, que mostra como é possível reaproveitar o material orgânico produzido nos três bosques do campus Guamá para gerar húmus utilizado na produção de mudas e na adubação de plantas.

Além de produzir o próprio fertilizante, a iniciativa também conscientiza crianças e a comunidade acadêmica de que atitudes simples podem reduzir o volume de lixo enviado para aterro sanitário.

“Nós entendemos que a compostagem é solução para as cidades, e ela depende de cada cidadão perceber isso. A compostagem é viável para estar no cotidiano das pessoas, das famílias e das instituições públicas”, afirma a servidora da UFPA Gina Calzavara, coordenadora do projeto.

“Os resultados são absolutamente inquestionáveis. Nós devolvemos para a natureza aquilo que iria parar no lixão/aterro. Trazer a solução para o cotidiano das cidades é uma questão de comprometimento com o planeta e com a vida em sociedade”, completa.


O projeto conta com 18 baias de compostagem distribuídas pelos bosques Camilo Viana, Benito Calzavara e Paulo Cavalcante. Os trabalhadores recolhem folhas, frutas e outros resíduos orgânicos das áreas arborizadas e os misturam com borra de café e esterco de búfalo, cedido pela Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).

No último ano, a iniciativa transformou 96 m² de varrição em 28,8 m³ de composto. Essa rotina evitou o envio de 20 contêineres cúbicos de lixo ao aterro, além de economizar cerca de R$ 5 mil que seriam gastos na compra da chamada “terra preta”.

 

Finalidades da compostagem

A compostagem de materiais orgânicos pode reduzir significativamente o lixo descartado e melhorar a qualidade ambiental das cidades. Esse processo biológico recicla a matéria orgânica — como restos de alimentos e vegetais — e a transforma em adubo natural rico em nutrientes. Ele imita a decomposição natural, utilizando micro-organismos (bactérias e fungos) para degradar os resíduos em condições controladas de umidade, oxigênio e proporção de carbono e nitrogênio. O húmus, composto orgânico gerado ao final do processo, pode ser utilizado para adubar plantas, melhorando a qualidade dos solos.

A compostagem também tem outras finalidades, como o uso do composto para cobrir buracos no solo. A UFPA doou 34 árvores adultas para o Parque da Cidade — uma das obras da COP30 — e os buracos deixados após a retirada das árvores foram utilizados para a formação de adubo. Todo o processo é inodoro e não gera chorume.

Além de enriquecer o solo, o composto ajuda a reduzir poeira nos períodos de seca, beneficiando a saúde pública ao diminuir casos de rinite e problemas respiratórios.

A decomposição passa por três fases: mesofílica (temperatura moderada), termofílica (temperatura alta que elimina patógenos) e maturação (estabilização do produto final). Para eficiência, é necessário manter o equilíbrio entre materiais ricos em carbono (“marrons”) e nitrogênio (“verdes”), a umidade adequada e a aeração, feita com o revolvimento periódico da pilha.

Os materiais são revirados ao menos uma vez por semana e recebem água para manter a umidade. Algumas baias possuem tubos de PVC que facilitam a circulação do ar. O ciclo completo leva cerca de quatro meses.

“Demora um tempo, dá trabalho, não é algo que se resolva num estalar de dedos, mas o aprendizado e os resultados mostram que não existe outro caminho. Precisamos trazer esse processo para a sociedade, porque, se não, não conseguiremos enfrentar os impactos das mudanças climáticas. Todos esses resíduos precisam ser percebidos pelas pessoas. Uma casca de fruta não é lixo. As folhas e até o jornal podem ser colocados na compostagem”, reforça Gina.

A idealizadora do projeto acredita que a realização da COP 30, em Belém, precisa deixar um legado de educação ambiental. “Como servidora pública federal, responsável por um espaço que é um legado da década de 1990, só desejo uma coisa: que a COP traga para nossa comunidade educação ambiental transformadora na Amazônia paraense. Se conseguirmos isso, poderemos trilhar novos caminhos, respeitando o meio ambiente e os espaços públicos, porque o planeta é um só. Não existe outro. Precisamos zelar pelo território em que vivemos”, conclui.

O projeto está aberto a visitantes e oferece oficinas para escolas e comunidades. Interessados devem enviar e-mail para aprotagonista@yahoo.com.br para agendar a visita. Nesses dias, as crianças levam lanches naturais, que também são aproveitados na compostagem.

Como produzir adubo por meio da compostagem

- Materiais:

  • Composteira: caixa de plástico, madeira ou balde com furos para ventilação, ou um monte de terra para compostagem em quintal.
  • Resíduos orgânicos: restos de frutas, vegetais, cascas de ovo, borra de café, sachês de chá, papelão e papel picado.
  • Materiais secos (carbono): folhas secas, palha, serragem e papel triturado.

- Etapas:

  1. Prepare a base: coloque uma camada de material seco no fundo para facilitar a drenagem.
  2. Monte as camadas: adicione resíduos orgânicos (nitrogênio) e cubra com material seco (carbono). Use a proporção de 3 partes de material seco para 1 de úmido.
  3. Revolva e troque os resíduos: continue alternando as camadas. Ao encher a composteira, troque-a de posição e inicie outra.
  4. Monitore e retire o adubo: o processo leva de 3 a 5 meses. Retire o composto do fundo quando estiver pronto.

Atenção: evite carnes, laticínios, óleos, alimentos cozidos e plantas doentes.

Dica: mantenha a composteira úmida, em local arejado e protegido do sol e da chuva.