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Presença de capivaras nos espaços urbanos de Belém cresce e acende alerta para os cuidados

Esses animais têm chamado a atenção em locais como o Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT Guamá), o Parque do Utinga e até mesmo no campus da UFPA

Gabriel Pires

Vistas com cada vez mais frequência em áreas urbanas de Belém, as capivaras vêm se tornando parte do cotidiano de quem circula pela capital. Esses animais têm chamado a atenção em locais como o Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT Guamá), o Parque do Utinga e até mesmo no campus da Universidade Federal do Pará (UFPA). Especialistas apontam as razões para a presença desses roedores e destacam os cuidados necessários para uma boa convivência com a fauna silvestre em meio ao ambiente urbano.

A bióloga Maria Cristina Costa explica que a presença das capivaras em áreas urbanas não é algo comum, mas tem se intensificado, principalmente devido à destruição de seus habitats naturais – como as áreas alagadas –, o que reduz os espaços disponíveis para esses animais. “Essa ocupação nunca é normal. E esses animais são silvestres. Eles vivem em um ambiente natural deles, se reproduzindo. Quando esse ambiente natural é destruído e modificado, a tendência é que as capivaras ocupem os ambientes urbanos”, diz.

“Geralmente, as capivaras vivem em ambientes aquáticos. E se alimentam dentro dos banhados, dos lagos, permanecendo no entorno. Muitas vezes, repousam próximos a esses corpos d’água. Onde houver áreas alagadas, há possibilidade de presença desses animais. Eles não são muito exigentes quanto ao habitat, ou seja, não têm muitas especificidades. E se adaptam a ambientes alterados, como vemos na cidade, no Parque do Utinga, dentro da Universidade Federal também”, completa a bióloga.

Alimentação

Em relação à alimentação, a bióloga comenta que as capivaras são roedores e também herbívoras – alimentam-se de plantas. Sobre os hábitos comportamentais, ela detalha que esses animais apresentam maior atividade à noite: “Durante o dia, as capivaras geralmente estão repousando e se alimentando. Às vezes, estão trocando de poças, porque elas secam, e procuram um ambiente mais úmido para descansar. E à noite, eles têm bastante atividade”.

“É comum a gente encontrar em bando se deslocando, tanto durante o dia quanto à noite. E à noite precisa ter um cuidado redobrado porque a visibilidade é muito baixa. Eles dormem nesses intervalos durante o dia, mas estão sempre em alerta, como qualquer animal. Se houvesse um predador, eles precisariam estar atentos para evitar ataques”, acrescenta Maria Cristina. Somente no PCT Guamá, conforme estimativa do local, há cerca de 100 capivaras vivendo no espaço. 

Fecundidade

Outro fator que contribui para a proliferação desses animais é a alta fecundidade. “As capivaras são os maiores roedores do planeta. E os roedores, como os ratos domésticos, são muito fecundos. As capivaras têm muitos filhotes e se reproduzem mais de uma vez por ano. Isso aumenta a população. Se não houver predadores, essa população cresce descontroladamente e pode causar impactos no meio ambiente, mesmo em áreas naturais”, destaca Costa, ao lembrar que, somente na UFPA, há uma estimativa de cerca de 80 capivaras.

Cuidados

Apesar da aparência “fofa”, segundo a pesquisadora, é fundamental tomar precauções ao avistar o animal, pois há risco de ataques quando se sentem ameaçadas. Além disso, existem outros perigos. “As capivaras podem transmitir febre maculosa, por meio de uma bactéria transportada por um carrapato que utiliza as capivaras como hospedeiro. Esse carrapato pode se contaminar e picar outros animais e até pessoas, transmitindo a doença”, relata.

“Esse é um problema de saúde pública que a gente tem que ficar atento com as populações de capivaras que ocorrem na área urbana”, acrescenta a bióloga. Ela reforça a importância de respeitar o espaço desses animais: “As capivaras são animais silvestres. E a gente tem que respeitá-los. Podem até parecer bonitinhas e fofas, mas, quando estão com filhotes, podem ser extremamente agressivas e causar acidentes graves. O ideal é sempre manter distância”.

A bióloga conclui: “Mantendo a distância, pode tirar fotos, pode admirar. E eu considero que esse contato é importante. As pessoas têm que aprender apenas a respeitar esses animais. A gente tem que aprender a coexistir com os animais silvestres, tá? Porque nós é que estamos invadindo o ambiente deles, e não eles o nosso. E, além disso, nunca alimentar um animal silvestre”, enfatiza, ao lembrar que essa espécie não costuma gostar de aproximação.

Belém