Passeios diários melhoram a saúde e o comportamento dos cães
Passeios com tutores melhora a saúde física e mental dos animais, além de fortalecer os vínculos
O hábito de passear com cães diariamente é fundamental para a saúde física e mental dos animais. A tarefa, que deve ser feita todos os dias, também fortalece o vínculo entre o tutor e o pet. Os passeios ajudam os animais a gastarem energia e se exercitarem, mantendo um peso ideal e prevenindo doenças como obesidade, ansiedade e depressão, além de favorecerem a socialização, o que contribui para a redução da agressividade.
O brincalhão Alfredo, um Golden Retriever de sete meses, se diverte na Praça Batista Campos, correndo de um lado para o outro, sempre acompanhado pelo tutor, Fábio Ramos, 36 anos, diretor de fotografia. O cão explora diferentes cantos da praça, interage com outros cachorros e brinca com todos.
“Ele é um cachorro de porte grande, então tem muita energia. Precisa, pelo menos duas vezes por dia, passear. Além disso, a praça é um espaço em que consigo soltá-lo. Normalmente, vêm outros cachorros, tem os amigos dele da praça. Esse é um espaço ideal por conta disso também”, destaca Fábio.
A médica veterinária Valciara Palheta afirma que os passeios são essenciais para a promoção da saúde física, mental e emocional dos animais, especialmente dos cães. “Eles possibilitam a expressão de comportamentos naturais, como exploração olfativa, socialização, exercício físico e enriquecimento ambiental. Além disso, ajudam na regulação do estresse, na prevenção de transtornos comportamentais (como ansiedade, agressividade e compulsões) e contribuem diretamente para o equilíbrio emocional e bem-estar geral do pet”, destacou.
Valciara reforça que os animais que não possuem uma rotina de passeios e estímulos externos podem desenvolver estresse, ansiedade, destruição de objetos, latidos excessivos, automutilação, comportamentos compulsivos, obesidade, hipertensão e depressão.
Fábio já reparou que, quando Alfredo não sai para passear, o humor do animal muda. “O passeio faz muito bem. Nos dias em que a gente não consegue trazer, ele fica muito estressado. E não é uma questão de morar em apartamento, é uma questão de precisar sair para gastar energia. Mesmo cachorros que moram em casa, o ideal é passear uma ou duas vezes ao dia”, conta.
Fábio tem alguns cuidados ao passear com seu cão. Ele sempre observa para que Alfredo não coma nenhum tipo de lixo jogado no chão. “Aqui é um lugar normalmente muito limpo, mas às vezes, em dias de segunda-feira, depois que teve alguma coisa na praça — pós-evento de domingo — ou em alguns dias muito cedo, a praça fica muito suja. Há sacolas, garrafas e restos de comida. Já tive problema dele achar uma comida, uma coisa grande. Acho que o cuidado com a limpeza poderia ser um pouco mais minucioso”, acredita.
A veterinária indica que os passeios devem fazer parte da rotina diária do animal. A frequência e a duração devem ser ajustadas às características individuais de cada pet — como idade, porte, raça, nível de energia e condição de saúde. Animais de porte pequeno devem passear de 20 a 30 minutos; os de porte médio a grande, de 45 minutos a 1 hora, podendo dividir esse tempo em dois períodos por dia. Além da duração, é importante atentar à qualidade do passeio, que deve incluir estímulos olfativos, ambientes variados e interação com outros animais e pessoas.
Os tutores também devem adotar alguns cuidados antes dos passeios, como verificar se o cartão de vacinação está atualizado e se o animal está em dia com o antiparasitário para prevenção de pulgas e carrapatos. É essencial garantir que o cão esteja com guia adequada, de preferência com placa de identificação. Após o passeio, é importante observar sinais de cansaço excessivo, ferimentos ou desconfortos, além de oferecer água, descanso adequado e realizar a higienização, caso o animal esteja sujo.
A empregada doméstica Edineia Santos Silveira passeia todas as manhãs com o pequeno Bino, de 9 anos, uma mistura de pinscher com poodle. Os passeios duram de 30 minutos a uma hora, dependendo do dia. “Quando ele sai, fica mais calmo. No dia em que não dá para sair, ele fica estressado em casa, cabisbaixo, não come direito. Mas quando ele sai e volta, fica bem mais ativo dentro de casa”, aponta.
Bino anda mais na coleira por causa de seu comportamento. “Isso é para ele não pegar lixo do chão e, também, para não machucar as outras pessoas na rua. Tem que passar bem distante das outras pessoas e até dos outros animais”, fala. “Ele é um pouco estressado com os outros, não gosta muito de brincadeira”, complementa Edineia.
Todos os dias, quando Edineia abre a porta do apartamento onde trabalha, Bino já vai até ela querendo passear. “Quando eu chego e abro a porta, ele já começa a chorar, chorar... enquanto não boto ele na coleira para trazer para passear, ele não para. Quando a gente fala ‘vambora passear’, ele dá um pulo”, conta.
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