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Obra rara de naturalista holandês roubada há 16 anos é devolvida ao Museu Emílio Goeldi

O livro “De India utriusque re naturali et medica”, do século XVII, retorna ao Museu Emílio Goeldi após ser recuperado no Reino Unido

O Liberal

Após ter sido roubada em 2008, o acervo do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), em Belém, receberá novamente a obra rara “De India utriusque re naturali et medica”, do médico e naturalista holandês, Guilherme Piso. O livro, publicado em Amsterdã, em 1658, foi recuperado em 2024, em Londres, no Reino Unido. A devolução será feita pela Polícia Federal (PF), às 10h, no Salão de Leitura da Biblioteca do Campus de Pesquisa do Museu Emílio Goeldi. 

Segundo o MPEG, a obra em questão é uma segunda edição da renomada "Historia Naturalis Brasiliae", intitulada "De India utriusque re naturali et medica", foi publicada em latim e conta com uma compilação abrangente de pesquisas científicas sobre a história natural, geografia, meteorologia e etnologia. O livro foi impresso sob os cuidados do editor holandês Louis Elsevier. Essa é a terceira obra mais antiga do acervo do Museu Goeldi, ficando atrás de apenas dois títulos, um de 1554 e outro, de 1628.

Em 2022, o Museu Paraense Emílio Goeldi foi contatado pelo leiloeiro inglês Matthew Haley da Bonhams: Books & Manuscripts, informando que a publicação havia sido consignada em 2008 por um colecionador privado. No entanto, ao verificar os selos do Museu Paraense Emílio Goeldi na obra, foi constatada a origem ilícita. Com isso, a obra foi localizada a partir de ações da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) e da Polícia Federal no processo de recuperação.

Segundo as investigações sobre o furto, que tiveram início em 2008, três servidores do museu estavam envolvidos. Em 2011, eles foram denunciados por peculato culposo, ou seja, atuaram para facilitar que outras pessoas realizassem o roubo.

Guilherme Piso, autor de "De India utriusque re naturali et medica", foi um médico e naturalista holandês. Ele participou como médico de uma expedição entre 1637 e 1644 para o Brasil, com patrocínio do conde Maurício de Nassau, holandês que governou uma colônia dos Países Baixos no Recife, em Pernambuco.

Outra obra literária que também foi roubada do museu Emílio Goeldi foi recuperada na Argentina, em dezembro de 2023. A “Reise in Chile, Peru und auf dem Amazonstrome" ("Viagem no Chile, no Peru e no Rio Amazonas") foi encontrada em ação de cooperação jurídica com o país vizinho. A obra foi assinada por Eduard Poeppig, I.A. Seldmayr e L.N. Ott.

Obras recuperadas

Ao todo, a Biblioteca do Campus de Pesquisa do Museu Emílio Goeldi, batizada com o nome de Domingos Soares Ferreira Penna, possui 350 mil exemplares, entre eles, 4 mil obras raras. Em 2008, foram furtadas 60 obras raras do acervo, sendo 40 livros e 20 in-fólios. Desse total, desde 2014, foram recuperadas 5 publicações, contando com a obra que será devolvida, nesta sexta-feira, numa solenidade que reunirá integrantes da diretoria do Museu Goeldi, da Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna e da Polícia Federal.

Representando o Museu Emílio Goeldi, participarão da solenidade o diretor da instituição, Nilson Gabas Júnior; a chefe substituta da Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna, Sônia Dias; e as bibliotecárias e curadoras de obras raras do Museu Goeldi, Berenice Bacelar e Geisa Dias. Para realizar a entrega e falar sobre as investigações, estarão presentes os delegados da Polícia Federal Cledson Silva, Fernando Casarin e Marco Smith.

Segurança reforçada

Atualmente, o acervo de obras raras está protegido em uma sala-cofre, inaugurada após os furtos, em 2018, com equipamentos que reforçaram a segurança do prédio, como portas-camuflagem, câmeras e acesso controlado por identificação digital. O espaço foi implementado com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Referência nas áreas de Antropologia, Arqueologia, Botânica, Ciências da Terra, Ecologia, Linguística e Zoologia, a Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna atende o público especializado de caráter acadêmico e científico. O acervo é composto por livros, periódicos, folhetos, separatas, mapas, CDs, fotografias, filmes, fitas e microfilmes.