Museu de brinquedos antigos mantém viva a memória de gerações em Belém
Mesmo com a forte concorrência de aparelhos eletrônicos, os brinquedos resistem no cotidiano dos mais novos e na memória e no coração dos mais velhos
Mesmo com a forte concorrência de aparelhos eletrônicos, os brinquedos resistem no cotidiano dos mais novos e na memória e no coração dos mais velhos. Em Belém, os interessados em revisitar o passado e conhecer um pouco do presente podem ir ao Museu dos Brinquedos Antigos, localizado no bairro do Coqueiro, que conta com mais de 5 mil peças em exibição.
Museu de Brinquedos Antigos
Pioneiro na região Norte, com 16 anos de existência, o Museu de Brinquedos Antigos surgiu em 2009, após uma pesquisa histórico-cultural realizada pelo colecionador e proprietário do local, Tony Cruz. “Fizemos uma pesquisa. No mapa de museus, vi que Belém não tinha um museu de brinquedos e pensei: ‘por que não fazer?’”, relata o idealizador, que é formado como brinquedista pela Universidade Estadual do Pará (Uepa).
Tony Cruz explica que tinha uma imaginação muito fértil quando era criança e lembra dos momentos divertidos em que brincava com o irmão. A partir disso, ele entende que os brinquedos são parte essencial da vida de uma criança, ainda mais em um momento em que os aparelhos tecnológicos dominam a atenção dos jovens. “Esse museu é para a nova geração, que só se interessa por tecnologia. A grande sacada dos brinquedos é que a criança se levante para produzir, criar uma história e brincar. Esse papel do museu não é só colecionar, mas transformar a cabeça do jovem, mostrar para a criança que o ato de brincar vale muito”, defende o proprietário.
Por outro lado, os brinquedos também são importantes para as pessoas mais velhas. Para elas, carregam uma carga simbólica e de memória da infância e da juventude. Dessa forma, o Museu de Brinquedos Antigos surge como um ponto de encontro de um passado mais simples e lúdico, onde os adultos alimentam a alma, recordando o passado. “Para os mais velhos, o museu serve para relembrar e reviver. Somos resistência. O museu é resistência”, afirma Tony Cruz.
Peça mais antiga tem mais de meio século
O proprietário do museu conta que faz um garimpo dos brinquedos em encontros de colecionadores, sites na internet, ferros-velhos e feiras em bairros de Belém, como no Barreiro.
Entre as mais de 5 mil peças, a mais antiga é um carro de polícia de brinquedo da década de 1940, que foi doado ao museu. O artefato é japonês, feito de lata, e também é o mais raro de todos os milhares de brinquedos.
Tony Cruz conta que os seus brinquedos favoritos do museu são: o boneco do Fofão, que foi um personagem fictício de um programa infantil da televisão brasileira; o videogame da empresa Atari, lançado por volta da década de 1980; e o boneco do Topo Gigio, personagem de um programa infantil da televisão italiana na década de 1960.
Os brinquedos que o proprietário mais queria para o museu eram três carros de controle remoto, conhecidos como Pegasus, Maximus e Colossos. Esses brinquedos são da década de 1980 e foram coletados em agosto de 2025 por Tony Cruz.
Em 2014, a empresa de brinquedos Estrela deu uma premiação a Tony Cruz pela criação do museu. “Fiquei emocionado. Marcou todo o meu trabalho”, conta o proprietário.
Os gastos são o maior desafio
O custo de manutenção é o maior desafio enfrentado por Tony Cruz, que gasta em torno de R$ 1.100 a R$ 1.700, de acordo com o proprietário. “Eu não sei a hora em que vem a próxima visita. Então, tenho que estar com o espaço arrumado o tempo inteiro. Não vou receber ninguém com o museu sujo”, explica.
Entre os gastos, é necessário comprar luvas, máscara, pincel, produtos de limpeza, além de material para restauração de peças. No geral, o processo de limpeza do museu leva em torno de nove horas, segundo Tony Cruz.
Como e quando visitar?
O Museu de Brinquedos Antigos fica na casa de Tony Cruz, mas está aberto para visitação, que funciona via agendamento. Os interessados devem entrar em contato por meio do perfil do Instagram do museu (@museu_de_brinquedos_antigos_) para marcar o dia e o horário com o proprietário. A entrada custa R$ 20 e pode ser feita em qualquer dia da semana, a depender da disponibilidade de Tony Cruz. O museu também recebe instituições de ensino interessadas em levar os alunos para uma atividade extraclasse.
Curso na Uepa
Em Belém, Universidade do Estado do Pará (Uepa) oferece o curso de formação de brinquedista, voltado para estudantes de graduação nas áreas de educação ou saúde, de faculdades públicas e privadas. A última turma foi realizada em março de 2025, no campus III, na capital paraense. O brinquedista é o profissional qualificado para atuar em brinquedotecas, criando formas de brincar com qualidade, valorizando a atividade junto à criança e promovendo o processo de aprendizagem. O curso de brinquedistas em ação voluntária deste ano trouxe o tema Diálogos brinquedistas: a importância dos jogos, ludicidade e brinquedoteca para o ser humano.
A Brinquedoteca Joana d’Arc é um espaço de convivência, lazer e socialização para todas as idades, além de funcionar como campo de pesquisa, ensino e extensão para a comunidade acadêmica, com atendimento diário de segunda a sexta-feira, das 14h às 17h30, integrando, por meio do brincar, a comunidade à universidade.
A programação do curso inclui palestras e oficinas sobre temas como “Olhares Brinquedistas: as experiências em brinquedotecas”, “Jogos/Brincadeiras e desenvolvimento humano: aproximações conceituais”, “Contação de história”, “Jogos em salas de aulas e Brinquedotecas”, entre outras atividades desenvolvidas ao longo da semana.
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