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Movimento à beira-mar: praia se transforma em academia a céu aberto

Mais do que estética, o exercício físico na praia também atua no campo emocional

Bruna Lima

Sol, mar, vento no rosto e o som das ondas quebrando ao fundo. Para muitos, esse cenário é sinônimo de descanso, sombra e água fresca. Mas em Salinas, um dos balneários mais famosos do Pará, a paisagem também tem sido palco para algo cada vez mais comum: a prática de exercícios físicos à beira-mar. A praia é sinônimo de diversão. Mas também tem sido, cada vez mais, sinônimo de saúde e bem-estar.

E não se trata apenas de caminhadas ou mergulhos esporádicos. As praias de Salinas se tornaram o “ponto de encontro” para corredores, frescobol e entre outras atividades. Seja por hábito, por vaidade ou por prazer, o corpo está em movimento, mesmo nas férias.

Quem comprova isso é a Cláudia Rufino, 37 anos, policial militar e veterinária. Mesmo com a agenda cheia durante o ano, ela não abre mão de manter a regularidade das atividades físicas, e aproveita cada ida à praia como um momento de reforço ao seu condicionamento.

“Eu costumo correr quatro ou cinco vezes por semana, além da musculação. Aqui em Salinas, como temos areia fofa, aproveito para fazer treinos mais intensos. A areia exige mais esforço, especialmente da panturrilha, e isso melhora meu desempenho quando volto a correr no asfalto em Belém”, explica.

A preferência de Cláudia pelo treino na areia não é à toa. A instabilidade do solo exige mais dos músculos estabilizadores, aumentando o gasto energético. Para corredores experientes, esse tipo de treino é um “plus” que ajuda na resistência e performance. “Se tivéssemos mais oportunidades assim durante o ano, muitos corredores de rua teriam um desempenho ainda melhor nas competições urbanas”, defende.

A estudante Ana Clara Riboni encara a atividade física de maneira mais leve, mas não menos importante. Para ela, o momento na praia é também uma oportunidade de confraternização entre amigas,  e isso naturalmente envolve movimento.

“A gente marca de vir à praia, eu trago a bola, alguém traz a raquete de frescobol e a gente joga, brinca, se movimenta. Já andamos de patinete e caminhamos. O objetivo é se divertir, mas sempre movimentando o corpo”, conta sorridente.

Já a bancária Fernanda Alves, 35 anos, é do tipo que não abandona o cronograma de treinos nem quando está fora da cidade. Seis vezes por semana, ela intercala musculação com corrida, e levou esse hábito para Salinas mesmo sem ter certeza se conseguiria manter o ritmo.

“Vim com minha filha e meu marido, não sabia se ia dar certo correr aqui. Mas hoje, ela saiu pra passear com o pai, e aproveitei pra correr cinco quilômetros. É minha primeira corrida realmente focada na areia, e estou surpresa com a diferença: o vento, a paisagem, parece que me empurram pra frente”, relata.

Mesmo com a dificuldade inicial de adaptação, especialmente em relação ao tênis e à superfície,  Fernanda considera a experiência enriquecedora. “Me senti até mais rápida, e o ambiente ajuda muito. Você se sente mais leve, mais viva. É outro clima”, conclui.

Os cuidados que a areia exige

Mas nem só de entusiasmo vive a corrida na praia. O professor de educação física Célio Lobato, que lidera grupos de corrida em Belém, alerta que o ambiente praiano traz desafios e exige cuidados específicos, especialmente para quem está começando.

O terreno irregular da areia provoca maior esforço muscular, especialmente nas pernas. A exigência faz com que o corpo gaste mais energia, o que contribui para a queima calórica e o fortalecimento de grupos musculares como panturrilhas, glúteos e coxas.

“A areia fofa é ótima para reduzir o impacto, mas ela exige muito mais esforço muscular. Se a pessoa não estiver bem condicionada, pode se lesionar. O mais perigoso é correr perto da água, onde há inclinação. Isso gera desequilíbrio postural e pode causar lesões no tendão de Aquiles, panturrilha ou joelhos”, explica.

Segundo o professor, o ideal é fazer treinos na parte mais plana da areia, de preferência com tênis ou sapatilhas adequadas, nunca descalço. Além disso, é fundamental escolher bem o horário para treinar.

“O melhor momento é bem cedo, até umas 8h. Depois disso o calor é muito intenso e pode causar desidratação e queimaduras. À tarde, só se for com muito protetor solar, viseira, óculos escuros e hidratação constante. Na praia, o corpo perde muito líquido”, alerta Célio.

Atividade física além do corpo

O professor também reforça a importância da preparação antes de iniciar uma rotina de treinos, mesmo que em ritmo leve. “Antes de tudo, é essencial procurar um cardiologista para avaliação, principalmente se a pessoa tem mais de 30 anos ou está sedentária. E o acompanhamento de um profissional de educação física é o que garante segurança e eficácia nos treinos”, pontua.

Mesmo atividades consideradas recreativas, como o frescobol ou uma caminhada leve pela areia, são suficientes para ativar a musculatura, melhorar o condicionamento cardiovascular e ajudar na liberação de endorfinas, substância que promove bem-estar e alívio do estresse. Mais do que estética, o exercício físico na praia também atua no campo emocional. O ambiente natural proporciona sensação de liberdade, reduz o estresse e melhora o humor, efeitos comprovados por estudos em saúde mental.

A praia é um convite natural ao movimento. Seja com treino estruturado, esportes entre amigos ou caminhadas relaxantes, o corpo agradece, e a mente também. Os relatos de quem pratica mostram que a areia pode ser mais do que cenário de férias: pode ser aliada da saúde, da autoestima e da felicidade. 

Saiba quais atividades ajudam a queimar mais calorias na praia:

Atividade Calorias queimadas em 1h*Intensidade

  • Corrida na areia fofa 600 a 900 kcalAlta
  • Caminhada na areia 300 a 500 kcalModerada
  • Frescobol 400 a 600 kcalModerada
  • Vôlei de praia 500 a 700 kcalAlta
  • Stand-up paddle 350 a 500 kcalModerada
  • Natação no mar 500 a 800 kcalAlta

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