Miniaturas de ônibus e outros veículos chamam atenção no ramo da arte plástica, em Belém
Réplicas de aviões como 14-Bis e Catalina são destaque na modalidade do plastimodelismo
Miniaturas de aeronaves e de outros veículos terrestres, como ônibus e caminhões, têm sido uma alternativa inusitada no segmento da arte plástica. Essa modalidade é chamada de plastimodelismo e começou com a produção em massa de miniaturas de aviões na década de 1950. Na época, os modelos eram produzidos por empresas inglesas. Atualmente, o plastimodelismo é visto como o hobby de construir veículos em menor escala, com materiais plásticos diversos, como PVC e variados. No Brasil, as réplicas de modelos famosos na aviação têm ganhado destaque em exposições e museus por todo o país.
Um artista plástico de Belém contou que fabrica aviões e dirigíveis há cerca de 15 anos. “Eu comecei quando morava em São Sebastião da Boa Vista, vendo vídeos na internet, me interessei. Minha primeira miniatura foi um ônibus escolar, bem simples. Mas pensando melhor, na verdade, a primeira miniatura mesmo foi uma caixa de papelão com rodinhas. Eu pensei em fazer depois de madeira e fui modificando”, declarou Adelson Soares.
De todas as criações, Soares teve como mais desafiadora uma caçamba que foi para exposição em museus dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. “É uma caçamba truck do Constellation, modelo Volkswagen. Ela foi um grande desafio porque além da inclusão de bluetooth para ligar o som dentro dela, ela levantava o truck, o basculante, certo peso, então foi bem desafiador”, ressaltou.
De acordo com o plastimodelista, as miniaturas requerem um maior tempo de produção, para que seja realizado um estudo e uma análise do produto, em busca de inserir detalhes mais precisos e fiéis ao modelo original. "É preciso se aprofundar na pesquisa, principalmente de aeronaves. Eu não vou fazer uma aeronave de qualquer forma para os militares, até porque eles entendem como funciona, se o avião está na proporção certa, por isso é feito todo um estudo. São exatamente três meses para uma aeronave ficar pronta, e os ônibus com rádio-controle chegam a uma faixa de seis meses”, afirmou.
Uma miniatura da aeronave 14-Bis foi feita pelo artista exclusivamente para exposição da Força Aérea Brasileira em Manaus. "Um Brasília, um tanque de guerra, qualquer coisa, eu faço. Aprecio os desafios dessa parte. Também já fiz exposição aqui na praça da República, em Belém”, acrescentou.
Em média, o preço das miniaturas varia dependendo do tamanho e de outas especificidades. Miniaturas estáticas e de tamanho menor custam em torno de R$ 1.500. Os materiais utilizados são PVC e fibra. “Antes eu usava o MDF, mas como a nossa região amazônica é úmida e quente, esse material costuma tufar, então resolvi trocar por PVC”, pontuou Adelson Soares.
Adelson ainda relembrou o início da carreira, quando ingressou na Força Aérea Brasileira em 1996, onde teve contato com exposições militares e começou a desenvolver outros serviços além da produção de miniaturas, como a pintura óleo sobre tela. “Foi através desse meu ingresso, que consegui também acessar as exposições e fazer esse trabalho, então enquanto os outros estavam fazendo outras coisas, eu estava pintando telas”, concluiu.
As miniaturas do artista plástico paraense já foram expostas em diferentes museus e, atualmente, ele conta com encomendas para outros lugares do mundo, como Madri, capital espanhola. “Para mim é um prazer muito grande ver as peças em exibição em museus, todo artista gosta de ver, a criação é como um filho. Eu fico feliz por estar divulgando e mostrando o meu potencial, que eu acho que outras pessoas podem ter também, e eu sou autodidata, se eu consigo, outro consegue fazer também e isso se torna inspirador, principalmente para crianças. Eu comecei com um pincel de mato batido e uma camisa rasgada como tela na infância”, destacou.