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Lisboa e Belém debatem soluções para alagamentos

Professor Ramiro Neves palestrará sobre o tema em evento online

Eduardo Rocha

Além dos laços históricos e culturais, Belém do Pará e Lisboa possuem como desafio o combate a alagamentos, e para trocar dados técnicos  e propostas de solução sobre esse aspecto do saneamento urbano, o professor Ramiro Neves, professor PhD do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, proferirá palestra, nesta quarta-feira (16), sobre o tema "Diálogos Urbanos: Desenvolvimento Sustentável na Amazônia". Ela discorrerá, entre outros tópicos, sobre o modelo de drenagem adotado na capital de Portugal e que pode contribuir para com as cidades amazônicas. O evento terá transmissão online e gratuita, às 16 horas, por meio do canal do Portal Leia Já, no Youtube.

À reportagem integrada de O Liberal/Jornal Amazônia, o professor Ramiro Neves adiantou, nesta terça-feira (15), que "em Belém o primeiro desafio é perceber como se escoam as águas pluviais, identificar os “gargalos” do sistema e estudar cenários alternativos que os resolvam". Ele ressaltou ter sido convidado para o evento organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente da Universidade da Amazônia (Unama).

Na palestra, o professor abordará a drenagem urbana, utilizando programas computacionais na modelagem ambiental urbana, especialmente o uso do software MOHID, que inclui hidrodinâmica, erosão, transporte de sedimentos e processos ecológicos nas modelagens. "O modelo MOHID foi desenvolvido na escola de Engenharia da Universidade de Lisboa. O modelo simula a hidrodinâmica e a qualidade da água e pode ser usado para simular o escoamento em meios urbanos, contribuindo numa primeira etapa para identificar as causas dos alagamentos e em seguida para testar cenários alternativos e escolher a solução com a melhor relação qualidade/custo", relatou.

O modelo foi sendo desenvolvido ao longo de três décadas e foi-se impondo gradualmente. Em 1992 e em 2006 foram criadas por dois conjuntos de estudantes de doutorado duas empresas que o usam como principal ferramenta de trabalho. O modelo começou a ser usado para suporte ao planeamento ambiental nos anos 90.

Na relação de alagamentos em perímetros urbanos com subdimensionamento de canais ou mesmo a questões ambientais que impactam o sistema, como o gerenciamento de resíduos sólidos nas cidades, o professor Ramires destacou que "Belém é muito parecida com Lisboa, por estar situada junto a uma grande baía e é semelhante a todas as cidades no sentido de que em todas as cidades há zonas críticas de inundação, isto é, quando chove mais do que o normal as inundações ocorrem normalmente nas mesmas zonas".

"A intensidade da chuva na Amazônia e a frequência das chuvadas tornam o problema mais desafiante em Belém e na Amazônia em geral. Em Lisboa, a topografia inclui muitas colinas, o que origina escoamento muito rápido para as zonas baixas da cidade. Em Belém os problemas ocorrem por a cidade ser muito plana e o escoamento ser lento", afirmou Ramires Neves. Ele observou que, para implantação de qualquer modelo de drenagem urbana requer medidas  e estudo por parte das instituições gestoras do sistema, incluindo as gestões municipal e estadual, e nesse contexto "a aprendizagem obtida através do projeto piloto Promaben será certamente útil neste processo".