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Jornalismo continua se sobrepondo às opiniões de mídias sociais

A professora Jane Kirtley, da Universidade de Minnesota, esteve em Belém para palestrar sobre "o desafio à liberdade de imprensa na era digital"

Redação Integrada de O Liberal

Com as mídias sociais, qualquer um pode se chamar de jornalista. Porém, não conseguirá superar a confiabilidade do jornalismo tradicional. Essa é a avaliação da professora Jane E. Kirtley, da Escola Hubbard de Jornalismo e Comunicação de Massa, da Universidade de Minnesota. No entanto, reconhece as mídias sociais são um desafio para jornalistas em todo o mundo. Assim como os fenômenos das fake news e do enfrentamento entre políticos e a imprensa.

Jane Kirtley esteve em Belém, nesta segunda-feira (6), para uma palestra na Universidade Federal do Pará (UFPA). O tema foi "O desafio à liberdade de imprensa na era digital". Foi uma parceria da Embaixada dos Estados Unidos com o Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Cultura e Amazônia (PPGCom) e o Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Linguagem e Cultura (PPGCLC) da UFPA. Foi parte da agenda do grupo de pesquisa Interação e Tecnologias na Amazônia (ITA).

A professora manifesta certa preocupação com o enfrentamento entre a classe política e a imprensa. É um fenômeno que ela diz estar ocorrendo em todo o mundo, não só no Brasil. Jane analisa que esse enfrentamento pode sufocar o jornalismo de alguma forma. A única forma de vencer essa batalha é uma mudança de comportamento dos veículos de comunicação. A própria população também precisa rever como consome informação.

E esse consumo não está diminuindo, aponta a professora. Ela pontua que há certa dificuldade de compreensão da população sobre o quão caro é produzir jornalismo com qualidade e confiabilidade. Ainda assim, muitos veículos pelo mundo têm visto o número de anunciantes e assinantes aumentar. Só que muitas pessoas não querem pagar por informação e nem querem anúncios. Por isso recorrem a veículos totalmente gratuitos ou a jornalismo totalmente impregnado de partidarismo, fake news e propaganda.

Aos jornais, orienta Jane Kirtley, a missão é aumentar a transparência sobre critérios utilizados para apuração dos textos; aumentar a checagem de fatos; utilizar menos fontes ocultas; ser definitivamente apartidários; aumentar a apresentação de documentos e fontes para que a população possa tirar as próprias conclusões; e passar a admitir erros e corrigi-los. Esse é o tipo de coisa que veículos menos comprometidos com o bom jornalismo fazem. Mesmo os grandes e tradicionais ainda enfrentam dificuldade em seguir tudo isso.

"O público está com fome de notícias e informações confiáveis. É uma necessidade que somente uma imprensa independente e apartidária pode cumprir. No futuro, pode assumir diferentes formas e utilizar diferentes plataformas, mas, em última análise, as pessoas precisam de novidades", conclui Jane Kirtley.