MENU

BUSCA

Inverno amazônico aumenta casos de alergias respiratórias e exige atenção redobrada da população

Em casos de alergias severas, a alergista explica que a adrenalina auto injetável é o tratamento de primeira escolha e pode salvar vidas.

Bruna Lima e Laura Serejo

Com a chegada do inverno amazônico, período marcado pelo aumento das chuvas, da umidade e por mudanças na rotina da população, cresce também o número de pessoas que sofrem com crises alérgicas e doenças respiratórias. Na região Norte, onde o clima quente e úmido predomina durante todo o ano, esse cenário favorece o agravamento de alergias, especialmente entre crianças, idosos e pessoas com histórico alérgico.

Segundo a alergista e imunologista Nathalia Barroso Acatauassú Ferreira, as alergias respiratórias são as mais frequentes na região. “Rinite e asma alérgicas lideram os atendimentos, seguidas por conjuntivite alérgica e dermatite atópica. Também observamos muitas reações a picadas de insetos, como mosquitos, além de alergias alimentares, medicamentosas e casos de urticária”, explica a médica.

A especialista destaca que a poeira doméstica é o principal gatilho das crises alérgicas. Durante o inverno amazônico, as pessoas tendem a permanecer mais tempo em ambientes fechados por conta das chuvas, o que favorece a proliferação de ácaros. “A umidade elevada cria um ambiente ideal para esses microrganismos, que agravam sintomas de rinite, asma, conjuntivite e dermatite atópica. Além disso, há maior circulação de vírus respiratórios nesse período, o que pode descompensar doenças alérgicas já existentes”, alerta.

Os sintomas iniciais variam conforme a doença. Na rinite, são comuns espirros frequentes, coriza clara, coceira no nariz, olhos e garganta, além de congestão nasal. Já na asma, tosse seca persistente, principalmente à noite ou após esforço físico, pode indicar o início de uma crise. Em alergias de pele, a coceira intensa é um dos principais sinais, enquanto alergias alimentares ou medicamentosas podem provocar manchas vermelhas e inchaços, especialmente em lábios, olhos e língua.

Para crises leves, o tratamento domiciliar pode ser suficiente, desde que orientado previamente por um médico. “O ideal é que o paciente tenha um plano de ação individualizado. De forma geral, os anti-histamínicos de segunda geração são a primeira opção, pois não causam sonolência”, orienta Nathalia. No entanto, ela ressalta que reações graves, como a anafilaxia, exigem atendimento imediato. “Quando os sintomas não melhoram ou pioram mesmo com o uso das medicações iniciais, é fundamental procurar um serviço de saúde o quanto antes”, completa a médica.

Em casos de alergias severas, a alergista explica que a adrenalina auto injetável é o tratamento de primeira escolha e pode salvar vidas. Enquanto o socorro não chega, manter o paciente deitado, com as pernas levemente elevadas, ajuda a evitar quedas de pressão arterial.

Prevenção

Para quem sofre com alergias frequentes, a prevenção é o melhor caminho. Entre as principais recomendações estão manter os ambientes limpos e ventilados, controlar a umidade, usar capas impermeáveis em colchões e travesseiros, trocar esses itens periodicamente e evitar contato com alérgenos conhecidos, como poeira, mofo, pelos de animais e certos alimentos. A lavagem nasal, a hidratação das vias aéreas e a manutenção das medicações preventivas, especialmente em pacientes com asma e rinite persistente, também são fundamentais durante o inverno.

Além do uso de medicamentos, hábitos saudáveis fazem diferença. “Prática de atividade física, sono de qualidade, alimentação equilibrada, controle do estresse e vacinação em dia ajudam a manter o sistema imunológico em equilíbrio”, reforça a especialista. Em casos selecionados, a imunoterapia alérgeno-específica, conhecida como vacina para alergia, pode reduzir significativamente as crises e melhorar a qualidade de vida.

Por fim, a médica enfatiza que o acompanhamento com um especialista é essencial. “Cada paciente é único. O tratamento correto e o seguimento médico garantem mais segurança e menos crises, especialmente em períodos como o inverno amazônico, que exige cuidados redobrados”.

Palavras-chave